Tem muito chão para uma medalha, diz Arthur Zanetti

Após amargar resultado ruim no Mundial, ginasta muda série nas argolas para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro

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Desde a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, Arthur Zanetti tem feito história na ginástica brasileira. Em três anos, o ginasta sagrou-se campeão mundial (2013), subiu ao lugar mais alto do pódio nos Jogos Sul-Americanos (2014) e completou sua coleção com a dourada do Pan de Toronto, em julho.

Não é difícil entender por que ele chegou ao Mundial de Glasgow, na Escócia, como favorito. No entanto, o atleta ficou fora da final das argolas, interrompeu uma sequência de três pódios na competição (prata em Tóquio-2011 e Nanning-2014) e decepcionou pela primeira vez. 

Em entrevista ao Estado, Zanetti enumera os fatores que o deixaram fora da briga e reconhece ter ficado surpreso com o resultado negativo no Mundial. De olho na Olimpíada do Rio, o ginasta agora planeja mudanças no treinamento e ressalta: “Tem muito chão para pensar em uma medalha”.

Qual balanço você faz do Mundial?

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O objetivo da vaga olímpica da equipe a gente conseguiu. Em 2014, conseguimos um fato inédito de pegar a final no Mundial. A gente veio para 2015 com esse mesmo objetivo e era importante, decidia a vaga olímpica. Esse ano mudou a história da ginástica masculina.

Foi difícil ver a final das argolas da arquibancada?

Muito, é diferente. Acho que todo mundo que tem uma chance de estar na final, gostaria de estar. Eu também. Mas pensei que essa ausência na final valeu a pena pelo fato de classificar a equipe completa para a Olimpíada.

Você considerou a avaliação dos juízes muito rigorosa?

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Sim, eles estão rigorosos pelo fato de um ginasta estar muito próximo do outro. Quase todo mundo tira a mesma nota, tem a mesma execução e a mesma dedução. Vai ser a mesma coisa na Olimpíada.

O resultado te dececpcionou? 

Surpreendeu, mas não fiquei decepcionado. Surpreendeu porque a gente sabia que a possibilidade de pegar uma final existia. Faz parte, esse é o esporte de alto rendimento.

O que dizer do campeão mundial, o grego Eleftherius Petronias?

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Eu o conheço. Ele já ganhou de mim e eu já ganhei dele. É especialista de argolas, forte e dedicado nos treinos. 

Qual a sua avaliação dos adversários para os Jogos após o Mundial?

A Grécia e a China, com seus dois atletas, são os principais rivais

O seu desempenho nas argolas no Mundial deixa dúvida para os Jogos?

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Acredito que não. A gente está mudando um pouco a série. Vamos ver os elementos que temos capacidade de fazer e colocar em treinamento nas séries. Esse é o caminho que estamos seguindo e achamos melhor.

Essa mudança já estava planejada ou foi tomada depois do Mundial?

Já estava planejado mudar a série e aumentar um pouco a nota de partida. Pegamos o código, estamos pesquisando e estudando para ver qual é o melhor elemento que a gente consegue encaixar sem muito desconto e, então, colocar na série para treinar.

Para 2016, qual nota de partida seria interessante?

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Igual ou maior do que a nota dos adversários que foram ao pódio no Mundial. Quem tem mais nota de partida é o chinês que ficou em segundo esse ano (Hao You), com 17,000. A gente acredita que com essa nota de partida dá para brigar, abaixo fica difícil. A minha é 16,800, dois décimos a menos, estamos brigando para aumentar.

Já sabe quais aparelhos vai fazer na Olimpíada?

Ainda não sei, não está definido nem a equipe. Preciso estar na equipe. Vou treinar para estar dentro e depois tem várias outras etapas a serem seguidas, classificatória e final. Tem muito chão para pensar em uma medalha.

Outros aparelhos, além das argolas, podem te atrapalhar?

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Um pouco. Porque você deixa de treinar argolas para fazer outro aparelho. Mas os técnicos que vão decidir se vou precisar fazer outro aparelho ou não. 

Como você vê a chance da equipe brasileira nos Jogos do Rio?

É uma das melhores equipes que o Brasil vem formando, é uma equipe experiente apesar de ser jovem. Acredito que uma final por equipes a gente possa conseguir, mas uma medalha eu acho difícil. Uma final é bem provável.

Competir em casa ajuda?

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Acredito que sim. Pela etapa da Copa do Mundo em São Paulo a gente viu que a torcida ajudou bastante. Cheguei no final da série mais tranquilo, estava bem focado no aparelho e com bastante energia. Acredito que, se seguir essa linha do público e também do ginásio, a torcida vai ajudar bastante.

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Você lida bem com pressão?

Sim. Tenho conseguido lidar bem com essa parte de pressão. Competir uma Olimpíada não é fácil, ainda mais em casa. O atleta precisa se preparar para aguentar uma pressão do público e também da própria competição. É o maior evento do esporte olímpico e tem que estar bem preparado. Na hora da competição, 80% vai ser a mente, saber se controlar e repetir tudo o que fez no treinamento.

Qual é o planejamento até os Jogos?

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Volto dia 4 de janeiro e não paro mais, vou até a Olimpíada direto. As competições não estão definidas, precisamos ver o calendário da FIG porque mudou. As etapas de Copa do Mundo serão todas antes da Olimpíada porque a FIG não quer nenhum evento grande depois. A gente precisa saber se planejar e ver qual é a melhor competição para a gente participar. O objetivo primordial para toda a ginástica masculina é estar bem fisicamente, sem lesões, na Olimpíada.

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