Vôlei de praia brasileiro passa em branco pela primeira vez na história e Alison pede reflexão

Melhor dupla do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio não passa das quartas de final

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Por Paulo Favero, enviado especial e Tóquio

Pela primeira vez na história o Brasil vai sair de uma Olimpíada sem medalha no vôlei de praia. No esporte no qual o Brasil está acostumado a subir no pódio, entre todos os semifinalistas dos Jogos Olímpicos de Tóquio não tem nenhum jogador nacional. Restaram duplas da Suíça, Noruega, Austrália e até Letônia. Entre os times mais tradicionais, apenas uma parceria dos Estados Unidos, outra potência da modalidade, sobreviveu e ainda briga por medalha. O vôlei de praia entrouno programa olímpico em 1996, estreando nos Jogos de Atlanta. Desde então, o Brasil obteve 13 pódios no total. "O mundo descobriu que o vôlei de praia é um esporte barato, que dá resultado e traz medalha. Brasil e Estados Unidos não dominam mais, estamos parados. A gente precisa sentar conversar", afirmou Alison, que ao lado de Álvaro Filho foi eliminado nas quartas de final do torneio masculino.

Alison pede reflexão após vôlei de praia ficar sem medalhas em Tóquio Foto: Kai Försterling / EFE

Antes, na fase anterior, Evandro e Bruno Schmidt já haviam se despedido da competição. No feminino, Ágatha e Duda (caíram nas oitavas) e Ana Patrícia e Rebecca (perderam nas quartas) também foram eliminadas precocemente. "As pessoas vão olhar e ver que as duas duplas da Letônia estão nas semifinais e vão achar estranho. O mundo está investindo no vôlei de praia e nós estamos parados. Tem de melhorar, investir mais, a confederação olhar com bons olhos", continuou Alison. Em outras edições da Olimpíada, o vôlei de praia sempre foi um dos carros-chefe entre as modalidades para o Brasil. Em Atlanta-1996 o País teve a final feminina com Jackie Silva e Sandra Pires ganhando o ouro em cima de Mônica e Adriana Samuel. Quatro anos depois, em Sydney-2000, vieram duas pratas e um bronze. Nos Jogos de Atenas, em 2004, Ricardo e Emanuel ganharam o ouro enquanto Shelda e Adriana Behar ficaram com a prata. Já em Pequim-2008 o feminino passou em branco, mas no masculino veio uma prata e um bronze. Já na Olimpíada de Londres, em 2012, o resultado da edição se repetiu, com um segundo e um terceiro lugar.

Na última Olimpíada, no Rio, Alison e Bruno Schmidt conquistaram a medalha de ouro, enquanto Ágatha e Bárbara Seixas foram prata. Mesmo com alguns atletas experientes, o Brasil saiu sem pódio de Tóquio. "O Brasil ganhou medalha de ouro em 2016 e não mudou nada, não teve investimento, ficou tudo parado, do mesmo jeito, com menos etapas, esperando Alison e Bruno, como foi com Ricardo e Emanuel", lamentou Alison. Ele e seu parceiro Álvaro Filho desperdiçaram a chance de chegar à semifinal nos Jogos de Tóquio ao perderem para Martins Plavins e Edgar Tocs, da Letônia. "Quem acaba errando mais acaba perdendo. E é uma pena, mas isso não apaga nossa história, nossa trajetória, nossa humildade, como jogamos, como nós evoluímos, e fica um legado para o Álvaro de tudo que eu aprendi, de tudo que nós passamos. Ele tem 30 anos, mais um ou dois ciclos pela frente e espero que o Brasil volte ao topo novamente", comentou Alison.

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