Vôlei festeja 'trio elétrico estático' no Rio-2016 e quer festa nas arquibancadas

Federação Internacional comemora aumento da interação com o público nos Jogos

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Por Paulo Favero e enviado especial ao Rio

O brasileiro Ary Graça é presidente da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Ele esteve presente nos Jogos do Rio, festejou medalhas do Brasil na quadra e na areia, mas vibrou ainda mais com o ambiente que conseguiu criar nas arenas que receberam a modalidade.

Com música alta e jogos de luzes, ele fez com que os locais de disputa se tornassem um "trio elétrico estático", como ele mesmo comparou nessa entrevista ao Estado, contrastando com outros palcos onde não se podia vaiar ou torcer com muito força.

Apresentação dos times de vôlei é um espetáculo à parte no Rio-2016 Foto: Reuters

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Qual balanço que você faz do vôlei na Olimpíada do Rio? Estou contente porque a filosofia que estou implementando, um conceito de alegria e diversão, está dando certo. O público vem ver o esporte e existe um trio elétrico estático. Todo mundo brinca, pula, dança, canta, esse é nosso propósito: dar alegria ao povo. Queremos trazer para o vôlei essa ideia de que você vai ser feliz ao assistir às partidas ao vivo.

Nos Jogos de Londres, essa festa ocorreu só no vôlei de praia, mas aqui no Rio a filosofia foi implantada também na quadra. A FIVB investiu nisso? Na quadra, gastamos mais de US$ 250 mil (aproximadamente R$ 800 mil) só para fazer aquele jogo de luzes para dar o show. O pessoal de entretenimento é todo por nossa conta, para passar essa mensagem de alegria. Estamos falando que é para vir ao jogo que não vai ter violência, que pode trazer a mulher, os filhos, os netos e se divertir com a gente. É um local para ser feliz.

Tivemos no vôlei de praia, no feminino, o primeiro ouro olímpico europeu com a dupla da Alemanha. Muitos países estão surgindo com força. Isso é uma tendência? Vou falar em números. Só a Alemanha construiu cem quadras de vôlei de praia. O investimento na Rússia é extraordinário nessa modalidade. A Holanda apareceu muito bem na Olimpíada, tanto no masculino quanto no feminino, mas o mais importante é massificar. Eu criei há seis anos a Continental Cup. Para Pequim tivemos 31 países tentando se qualificar. Depois da Continental Cup, o mundo inteiro jogou vôlei e 143 países tentaram se qualificar para Londres. E aqui para o Brasil, 176 países. Nenhuma outra federação internacional teve tantos países tentando se qualificar como tivemos no vôlei, na praia e na quadra. São números irrefutáveis. O mundo inteiro está jogando vôlei.

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Para os Jogos de Tóquio, em 2020, terá novidades? Tem de ter. Eu fui eleito com duas metas: inovação para os ricos e oportunidade para os pobres. Estou fazendo isso. Tem de diferenciar o alto rendimento com os países pobres, onde eu já investi mais de US$ 50 mil (R$ 160 mil) em países da África, do sul da Ásia, América do Sul, Central e Caribe. É dinheiro, e estou esperando o retorno disso nos próximos três ou quatro anos.

Quem você vê com força para o próximo ciclo olímpico no vôlei de praia? Antigamente o domínio era de Brasil e Estados Unidos. Agora as alemãs já chegaram, as duplas da Holanda estão chegando muito forte, os poloneses fizeram um centro de treinamento no interior do país e tem dinheiro para isso. O primeiro esporte lá é o vôlei, então estão investindo muito nisso. Acredito que países como Rússia, Polônia, Holanda, Alemanha, França, Espanha, que criou um centro de treinamento de excelência espetacular, entre outros, vão vir com força. As surpresas vão ser Croácia, Montenegro e Eslovênia, que tirou segundo lugar no Campeonato Europeu. O vôlei está se desenvolvendo muito.