Não dá para esconder que esperava-se mais da participação brasileira no Mundial de Canoagem Slalom em Praga (República Checa). Os melhores resultados da equipe foram a semifinal de Pepê no K1 e de Ana Sátila no C1, prova que, é sempre bom lembrar, não é olímpica (não por enquanto). De resto, os brasileiros pararam nas eliminatórias, apesar dos três meses de treinamento da equipe na Europa.
Precisa ser ressaltado, porém, que 1) esta é a primeira vez que o Brasil disputa um Mundial desde 2007, quando sediou a competição. Só quando Ana Sátila e Pepê surgiram é que a modalidade passou a receber atenção. Isso no ano passado. 2 ) A delegação brasileira é jovem, todos têm menos de 20 anos, e devem estar no auge da forma em 2020, não em 2016. Muito menos em 2013.
"Nos últimos dois ciclos olímpicos, antes das participações do Pepê, o Brasil sempre esteve de 10 a 15 segundos atrás dos melhores no K1. Começamos esse novo ciclo com algo em torno de 5 segundos", comentou Argos Gonçalves Dias Rodrigues, superintendente da CBCa, em junho, quando a equipe embarcou para começar os treinamentos na Europa.
O que se viu no Mundial, porém, foi Pepê a 6s45 do melhor barco, acima do nível que, segundo a CBCa, ele começou o ano. Depois, nas semifinais, o brasileiro perdeu uma porta e acabou punido com 50s. Mesmo sem essa punição, terminaria a 8s39 do primeiro colocado, o que ainda é muito. Terminaria no 25º lugar e não no 37º que acabou conquistando. Só dez avançam para a final.
Outros brasileiros a competir no K1, Ricardo Taques foi o 66º, com 19s38 do líder e João Machado, que perdeu duas portas em cada uma das decidas, terminando no 97º lugar. Foi a primeira grande competição dele.
No K1 feminino, Ana Sátila terminou em 32º, a duas posições de entrar na semifinal. A brasileira fez duas descidas limpas, algo que só outras três concorrentes conseguiram. Mas o tempo não foi bom. Ficou a 10s05 da líder, o que, na canoagem slalom, é muito.
Por não ser uma prova olímpica, o C1 feminino tem nível técnico mais baixo. Aproveitando-se disso, Ana avançou para a semifinal a 11s26 da líder. Aí, na semi, ficou a exagerados 29s45 da primeira colocada, em 12º. Dez foram à final.
No C2 masculino havia grandes possibilidades de pelo menos uma semifinal. Mas Charles Correa e Anderson Oliveira bateram na trave, terminando em 22º. Na melhor descida, ficaram a 8s09 dos primeiros colocados.
Já o C1 masculino, ninguém esconde, é a prova em que temos mais dificuldade. Leonardo Curcell foi o 48º, Felipe Silva o 63º e Jean Möller o 64º.
"Neste mundial pegamos duas semifinais e batemos na trave no K1 Feminino e C2 Masculino. À exceção da categoria C1, os gráficos matemáticos estão demonstrando que realmente está havendo evolução nas demais categorias e que o nosso planejamento estratégico visando Jogos Olímpicos de 2016 está sendo efetivado com sucesso", ressalta Argos.
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