O ex-atleta paralímpico Oscar Pistorius, de 37 anos, foi solto nesta sexta-feira, 5, após passar mais de sete ano preso após ser condenado pelo assassinato a tiros da namorada Reeva Steenkamp. O sul-africano recebeu liberdade condicional em novembro após cumprir metade da sentença de 15 anos. Ele foi uma das figuras mais inspiradoras do esporte mundial antes do caso vir à tona.
Pistorius nasceu sem fíbulas e teve as pernas amputadas com apenas 11 meses de vida. Ele aprendeu a andar com prótese e desde criança quis competir com atletas sem deficiência, experimentando polo aquático, críquete e boxe. Aos 15 anos, o sul-africano foi abalado pela morte da mãe. No ano seguinte, uma lesão no joelho o fez desistir da carreira no rúgbi. Foi quando descobriu o atletismo.
Em 2004, aos 17 anos, Pistorius ganhou medalhas de ouro nas Paralimpíadas de Atenas. Determinado a competir com atletas sem deficiência, ele se candidatou para disputar a Olimpíada de Pequim quatro ano mais tarde, mas foi impedido pela World Athletics, entidade que comanda o atletismo mundial. Pistorius continuou a sua luta no ciclo seguinte e conseguiu a liberação para disputar os Jogos de Londres, se tornando o primeiro amputado duplo a competir em uma Olimpíada.
Em Londres, Oscar Pistorius chegou na semifinal dos 400 metros, além de ter disputado a final do revezamento 4x400 metros. Apesar de não ter ficado sem medalha, ele entrou para a história e passou a chamar a atenção de diversas marcas famosas. O sul-africano ficou conhecido mundialmente pelo apelido de “Blade Runner”, devido às próteses de carbono em formato de lâminas que usava nas duas pernas.
ASSASSINATO E PRISÃO
A vida Oscar Pistorius mudou na noite do dia 13 de fevereiro de 2013 quando foi descoberto que ele havia matado sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, de 29 anos, em sua casa em Pretória, na África do Sul. Por volta das 3h da madrugada, o atleta disparou quatro tiros pela porta do banheiro, onde a jovem estava no momento dos fatos. Às autoridades, ele alegou que a confundiu com uma ladra.
Os promotores argumentaram que ele matou Steenkamp em um ataque de ciúmes após uma discussão, apontando suas mensagens de texto como prova de um relacionamento volátil. O ex-atleta paralímpico foi inicialmente condenado por homicídio culposo, mas os promotores recorreram e sua condenação foi aumentada para homicídio. Um tribunal de apelações aumentou sua sentença de seis para 15 anos, o mínimo recomendado pela lei sul-africana para homicídio não premeditado.
Em março deste ano, um conselho de liberdade condicional negou seu pedido, dizendo que as autoridades haviam creditado incorretamente que ele havia cumprido o período mínimo exigido de detenção. Os advogados de Pistorius levaram a decisão ao Tribunal Constitucional, o mais alto órgão de decisão da África do Sul, que decidiu a seu favor, citando uma interpretação errônea de quando a sentença de Pistorius por assassinato começou.
No início, a família Steenkamp se opôs ao pedido de liberdade condicional, alegando que acreditava que Pistorius havia matado sua filha deliberadamente. Em novembro passado, após saber que Pistorius seria libertado, June Steenkamp não se opôs ao pedido de liberdade condicional, mas questionou publicamente se ele estava realmente reabilitado.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.