RIO - "Bem-vindo à lixeira que é o Rio." Assim foi intitulado um pequeno artigo publicado no site da equipe alemã de vela, no dia 26 de março. O texto demonstrou a preocupação dos alemães com o acúmulo de lixo e o despejo de esgoto não tratado na Baía de Guanabara, local onde serão realizadas as competições de vela das Olimpíadas de 2016.A publicação ainda apresenta uma série de fotos do mar da Baía com embalagens de produtos e algas boiando. O Governo do Estado prometeu ao Comitê Olímpico Internacional que, até 2016, 80% do esgoto despejado nas águas será tratado e que haverá uma redução significativa dos detritos sólidos. Contudo, pelo que se pode notar, essa meta está longe de ser alcançada.Em nota, a assessoria da Secretaria Estadual do Meio Ambiente informou que o processo de despoluição da Baía de Guanabara está em andamento e reiterou o compromisso do Governo do Rio para cumprir, em tempo, a meta assumida.Por intermédio de sua assessoria, o Comitê Rio 2016, responsável pela organização dos Jogos no País, afirmou que a entidade está preocupada com as condições da Baía para atender as competições, mas acredita no trabalho de despoluição realizado pelo Governo do Estado.O caso se torna ainda mais urgente porque, apesar de faltar pouco mais de dois anos para as Olimpíadas, o primeiro evento-teste será realizado em agosto deste ano - e justamente uma competição de vela. O fracasso desse teste pode manchar a organização das Olimpíadas.APELOO velejador e medalhista olímpico Lars Grael, em entrevista ao Estado, pediu iniciativas mais consistentes do poder público pela limpeza da Baía de Guanabara. "O processo de despoluição é feito há 20 anos e até agora sem resultados perceptíveis. Se fala do legado das Olimpíadas, mas vão fazer um plano só para os Jogos ou vão deixar um legado mesmo?", questionou. "Precisamos aceitar que não está bom. E o maior legado que podemos deixar é para o meio ambiente."Grael também se mostrou preocupado com a imagem do Brasil como organizador das Olimpíadas. "Esse desgaste tende a aumentar. Porque para eles (estrangeiros) é inaceitável competir desse jeito. Nunca na história dos Jogos Olímpicos competimos com poluição semelhante", avaliou, para depois demonstrar que é possível diminuir o prejuízo. "Ainda dá tempo para fazer alguma coisa."
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