Gustavo Batista de Oliveira estava estatelado no chão, depois de exagerar na velocidade e perder o controle ao saltar de uma rampa, quando ouviu alguém dizer: ‘Parecia uma bala’. Outro dizia que o garoto era maluco. Ali nascia o apelido Bala Loka, enquanto o ciclista de BMX freestyle recebia doses de água na cara para acordar do breve desmaio. Nesta terça-feira, o atleta, hoje com 21 anos, não caiu ao participar da fase qualificatória das Olímpiadas de Paris-2024. Mais do que isso, conseguiu vaga na final, chegando em sexto na quarta-feira.
Bala Loka desenvolveu suas técnicas na pista de terra de BMX Dirt Jump de Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo. Morador de um apartamento no Cohab II, muito próximo da pista, ele praticamente cresceu no local. “Tive uma grande sorte disso, quando ingressei no BMX já tinha pista lá. Meus pais tinham recém-comprado um apê no Cohab, e eram as melhores pistas de dirt, do lado de casa”, comentou Gustavo em entrevista ao podcast oficial das Olimpíadas.
Ter um bicicleta boa e adequada para a prática, não estava dentro das condições financeiras da família, mas esforços foram feitos para o garoto dar sequência ao sonho. O pai dele montou uma bicicleta juntando peças encontradas em ferros-velhos e viu o talento do garoto se desenvolver rapidamente.
“Não teve infância. A minha infância foi andar de bicicleta. Essa conexão que eu tenho com minha bike é um amor muito grande. Quando subo e ando, sou eu, eu me expressando e me divertindo”, contou Bala Loka.
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A coisa começou a ficar séria, e o ciclista venceu uma etapa da Copa do Mundo de BMX Freestyle, na China, aos 15 anos, em 2017. Continuou se destacando e se consolidou com um dos melhores d continenta. Além de ter dois bronzes em Pan-Americanos de BMX Park Freestyle, foi bronze também no BMX livre dos Jogos Pan-Americanos de 2023, disputados em Santiago, no Chile.
Nas duas últimas séries de classificação olímpica, Bala Loka ficou em oitavo lugar na etapa de Xangai, na China, e em quarto na etapa de Budapeste, na Hungria.
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