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Possível trapaça faz mundo do xadrez viver uma de suas maiores polêmicas da história; entenda

Maior enxadrista do planeta, Magnus Carlsen abandonou de forma surpreendente o torneio Sinquefield Cup após derrota inesperada e jogou a polêmica no ar; seu adversário, Hans Niemann, é acusado, sem provas, de trapacear

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Por Redação
Atualização:

A decisão de Magnus Carlsen, considerado o maior jogador de xadrez do mundo, de abandonar o prestigiado torneio Sinquefield Cup, nos Estados Unidos, nesta quarta-feira, virou uma novela recheada de polêmicas, desencontros e acusações. O norueguês nunca havia desistido de uma competição e seu anúncio de despedida após ser derrotado atraiu os holofotes. Sem explicar o motivo de sua saída, ele publicou um vídeo do técnico de futebol José Mourinho, da Roma, em que o português diz “eu prefiro não falar. Se eu falar, eu vou entrar em um grande problema e eu não quero isso”. A suspeita é de que seu adversário na partida teria trapaceado. Carlsen não invadiu a casa. Apenas deixou o tema no ar.

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O adversário que derrotou Carlsen foi Hans Niemann, de 19 anos, que teve uma ascensão histórica no último ano e meio ao grupo dos 50 maiores enxadristas do mundo, a exemplo de Carlsen em sua época. Niemann disse em entrevista após a vitória que por um “milagre absurdo” descobriu como seriam as jogadas iniciais do rival e se preparou bastante na manhã da partida para essa estratégia.

A alegação de “milagre” do jovem enxadrista gerou desconfiança. Uma das acusações é de que Niemann teria trapaceado usando o “engine”, programas de inteligência artificial para jogos online de xadrez, mas não se sabe que dispositivo exatamente poderia ter sido usado para obter essa ajuda externa em tempo real. Desde 1997, inúmeros “engine” passaram a ser usados no mundo do xadrez, desde que Kasparov perdeu para o Deep Blue, um monstro da IBM capaz de analisar mais de 200 milhões de movimentações. A argumentação confusa de Niemann para explicar suas jogadas e estratégias também foi questionada. Nada, por ora, foi confirmado contra ele. Há uma lista de ‘engine’ no mercado. O mais poderoso é o Stock Fish. Esses motores focam nas primeiras jogadas e, a partir delas, ‘pensam’ nas variantes.

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Magnus Carlsen é considerado um dos maiores jogadores de xadrez de todos os tempos. Foto: Arun SANKAR / AFP

Hans Niemann celebrou sua inesperada vitória com uma publicação nas redes sociais e não comentou sobre a polêmica que ela gerou. “Sou eternamente grato pela oportunidade de jogar xadrez ao mais alto nível e viver meus sonhos. Alguns anos atrás, meus sonhos de xadrez estavam indo embora rapidamente, mas, felizmente, eles ressuscitaram dos mortos. Este é apenas o começo...”, publicou em sua conta no Twitter.

O enxadrista americano Hiraku Nakamura saiu em defesa de Carlsen e foi uma das principais vozes a levantar suspeitas, sem apresentar provas, contra o comportamento de Niemann. “Magnus Carlsen nunca faria isso (deixar um torneio). Ele simplesmente não faz isso. Ele é um grande competidor, campeão mundial. Ele nunca faria isso a não ser que realmente acredite que Niemann estava trapaceando”.

Hans Niemann admitiu que trapaceou em dois momentos da carreira em jogos online quando era adolescente, mas disse que deixou isso no passado. Ele se mostrou surpreso com a desistência de Carlsen. “Eu estava com dificuldades para me concentrar na partida seguinte, estava pensando nisso durante todo o jogo”, disse a jornalistas, citando o empate com o francês Alireza Firouzja. “É bem estranho. Eu não quero tirar nenhuma conclusão. Pelo menos, o derrotei antes de ele deixar a competição”.

A Sinquefield Cup informou que tem tomado medidas para coibir possíveis trapaças no xadrez. Após a polêmica, algumas rodadas começaram atrasadas para que uma equipe de segurança realizasse uma checagem com detector de metais.

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“Se eles quiserem que eu fique totalmente nu, eu fico. Eu não me importo. Porque eu sei que estou limpo. Você quer que eu jogue em uma caixa fechada com transmissão eletrônica zero, eu não me importo. Estou aqui para vencer e esse é o meu objetivo.”

disse Niemann ao Guardian

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