Rafaela Silva voltou a ser protagonista do judô mundial. A brasileira, que foi campeã olímpica no Rio-2016, voltou aos tatames de um Campeonato Mundial após dois anos de suspensão por doping. A judoca bateu a japonesa Haruka Funakubo na final e conquistou o seu bicampeonato mundial. O torneio é a competição mais importante do ano para o judô e ocorre até dia 13 de outubro em Tashkent, no Uzbequistão.
O terceiro dia foi dedicado às disputas das categorias 57kg feminino e 73kg masculino. Rafaela Silva entrou na competição na segunda rodada. Sua primeira luta foi contra a uzbeque Nilufar Ermaganbetova, que foi derrotada sem dificuldade. Na sequência, Rafaela enfrentou Ivelina Ilieva da Bulgária e aplicou um ippon no golden score para avançar na chave.
Em entrevista após o título, a judoca brasileira comentou que a luta nas oitavas de finais foi a mais difícil do torneio. “Sabia que seria uma luta muito dura. Já lutei contra essa atleta da Bulgária quatro vezes, ganhei duas e perdi duas. Era sempre uma luta muito disputada”, afirmou Rafaela.
Já nas quartas de final, a judoca da Cidade de Deus encarou a ucraniana Daria Bilodid, que é campeã mundial e medalhista olímpica na categoria 48kg. No novo peso, porém, a jovem de 21 anos encontrou em Rafaela uma adversária a altura de seu currículo e acabou sendo batida com três punições. Na disputa da semifinal, Rafaela Silva fez uma luta relâmpago e venceu a israelense Timna Nelson Levy com apenas 24 segundos de confronto.
Na decisão, a brasileira enfrentou Haruka Funakubo do Japão. O país levou os quatro primeiros ouros dos quatro possíveis nos dois primeiros dias do campeonato. A interrupção da sequência japonesa veio justamente com Rafaela Silva. A final foi equilibrada, e a campeã olímpica sofreu uma imobilização, mas que não resultou em pontuação para a adversária. Faltando cerca de 30 segundos para o fim do tempo regular, Rafaela Silva conseguiu um waza-ari e só precisou sustentar a vantagem até o fim da disputa para garantir o bicampeonato.
Após a decisão, a judoca brasileira comentou sobre a dificuldade de enfrentar uma final contra uma oponente que estava lutando em casa, com o apoio da torcida. “Sabia que tinha que tinha que entrar bem focada e concentrada na luta, era uma atleta contra a qual eu nunca tinha lutado.”
Ela ainda comemorou o título mundial e destacou sua preparação para o torneio. “Eu estou feliz com a minha medalha de ouro, foi a resiliência, a concentração e o foco que eu trouxe para essa competição para sair com a medalha de ouro”, finaliza a esportista.
Rafaela Silva já tinha um ouro em Jogos Olímpicos em 2016 e três medalhas em campeonatos mundiais, um ouro em 2013, uma prata em 2011 e um bronze em 2019. Em 2019, durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, a judoca testou positivo para fenaterol e foi punida por dois anos. Com isso, perdeu a chance de defender seu ouro olímpico em Tóquio-2020.
Daniel Cargnsin é bronze
Outro brasileiro que subiu nos tatames na manhã de hoje foi Daniel Cargnin, medalhista de bronze em Tóquio-2020. Após a conquista olímpica, o judoca mudou de categoria, de 66kg para 73kg. Na transição de peso, Cargnin teve bons desempenhos, mas poucos resultados expressivos. Sua maior conquista na nova categoria foi um bronze logrado no Grand Prix de Zabreg, em 2022.
No Campeonato Mundial, o gaúcho venceu suas três primeiras lutas. Bateu o romeno Alexandru Raicu com um waza-ari seguido por um ippon. Depois, enfrentou o azeri Rustam Orujov, 6º colocado no ranking mundial, e venceu com tranquilidade. Nas oitavas de final, o brasileiro entrou como favorito contra Alexander Gabler da Alemanha, aplicou um ippon e avançou para a zona de medalhas.
Nas quartas de final, sofreu revés contra o israelense Tohar Butbul, número 5 do mundo. O brasileiro levou uma chave de braço e acabou caindo para a repescagem. Para voltar a disputar o bronze, Cargnin superou o georgiano Lasha Shavdatuashvili, líder do ranking mundial da categoria 73kg. Com ritmo forte, o medalhista de bronze do Brasil conseguiu um waza-ari a poucos segundos do fim da disputa.
Na luta pelo bronze, Daniel Cargnin encontrou novamente Manuel Lombardo. Os dois se enfrentaram em Tóquio-2020 e o brasileiro levou a melhor na ocasião. Ambos subiram uma categoria e lutaram por um lugar no pódio no Campeonato Mundial. Com volume alto logo no início da luta, Daniel Cargnin conseguiu um ippon na metade a disputa e encerrou um jejum que vinha desde 2017, último ano em que o judô masculino brasileiro conquistou medalhas individuais em Mundiais.
A última brasileira que disputou o terceiro dia do Mundial de Judô foi Jéssica Lima, na categoria 57kg, mesma que de Rafaela Silva. A brasileira acabou sendo derrotada por Haruka Funakubo nas oitavas de final.
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