RIO DE JANEIRO - Maior atleta olímpica da história do País, Rebeca Andrade foi mais uma vez vencedora do Prêmio Brasil Olímpico, entregue em cerimônia realizada na noite desta quarta-feira, 11, no Vivo Rio, na zona sul da capital fluminense. A ginasta e Caio Bonfim, atleta da marcha atlética, foram escolhidos Atletas do Ano do esporte olímpico brasileiro na premiação organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). Os vencedores receberam o Troféu Rei Pelé, renomeado assim, em homenagem ao maior jogador de futebol de todos os tempos, no ano passado.
Rebeca, que se tornou em Paris a maior medalhista da história do Brasil em Jogos Olímpicos, superou a judoca Beatriz Souza e a canoísta Ana Sátila para levar o prêmio.
Dona de seis medalhas olímpicas, a estrela da ginástica levou seu quarto Troféu Rei Pelé. Ela foi premiada como a melhor do ano em 2021, quando chegou aos seus primeiros pódios olímpicos, em 2022, quando foi campeã mundial do individual geral, e em 2023, quando venceu Simone Biles no salto no Mundial.
Desta vez, Rebeca não foi à cerimônia porque está fora do País, em viagem a lazer com as colegas da ginástica. Mas gravou um recado sucinto em vídeo. “Quero agradecer a todos que fizeram que o ano da ginástica fosse histórico”, comentou ela.
Outra vitória da ginástica na cerimônia foi a eleição de Francisco Porath, o Chico, como melhor técnico. É ele o responsável pelo sucesso da ginástica brasileira. “Muiitas pessoas aposentaram essas meninas”, desabafou ele. “Mas agora tem fila de meninas querendo fazer ginástica. O Brasil tem que ser o país da ginástica”.
Entre os homens, Caio Bonfim, que fez história nas ruas de Paris, conquistou seu o prêmio pela primeira vez ao superar o multimedalhista Isaquias Queiroz, da canoagem, e Edival Pontes, do taekwondo. O brasiliense de 33 anos ganhou na capital francesa a medalha de prata na marcha atlética de 20 km para o Brasil - a primeira da história para o país.
Carismático, brincalhão e emocionado, ele repassou seu início acidentado no esporte até festejar a primeira medalha em sua quarta Olimpíada. “Não desisti, fui para mais um ciclo, tentei de novo e acho que fui o primeiro a ganhar a medalha na quarta edição. Saí de Paris com a melhor das lições: acredite no sonho de vocês e trabalhe. Vale a pena”, afirmou o grande vencedor da noite.
Caio também foi escolhido, por voto popular, o Atleta da Torcida. Outras duas categorias foram escolhidas por meio de voto popular: Atleta Revelação e o Prêmio Inspire. Os vencedores foram, respectivamente. Gustavo “Bala Loka” (ciclismo BMX freestyle) e Ana Sátila (canoagem).
Homenagens e despedidas
Lenda do vôlei, José Roberto Guimarães foi condecorado com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, destinado, segundo o COB, a personalidades do esporte que representam os valores que marcaram a carreira e a vida do bicampeão olímpico no salto triplo, como ética, eficiência técnica e física, esportividade, respeito ao próximo, companheirismo e espírito coletivo.
Zé Roberto é um dos maiores vencedores do esporte nacional, responsável por levar as seleções de vôlei a cinco medalhas olímpicas. É o único brasileiro tricampeão olímpico, embora nunca tenha sido premiado com medalhas em razão das regras dos Jogos Olímpicos, que premiam apenas os jogadores.
“Agradeço cada sorriso, cada aperto de mão, a solidariedade, principalmente quando a gente perdeu para os Estados Unidos (nas semifinais dos Jogos de Paris)”, discursou Zé Roberto, que aceitou renovar seu contrato por mais quatro anos. Caso leve o Brasil aos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028, ele completará 25 anos ininterruptos como treinador da seleção feminina, feito histórico.
“O que me faz continuar é representar 220 milhões de pessoas. É vestir essa camisa, é ver meu time no pódio, é sentir a energia que é incalculável. Difícil dizer como é esse sentimento”, disse o treinador.
Outros homenageados da noite foram Erlon Souza (canoagem velocidade), Bruno Fratus (natação), Ágatha Rippel (vôlei de praia) e Isabel Swan (vela). Eles foram lembrados por suas carreiras bem-sucedidas. Fratus, aliás, decidiu anunciar oficialmente sua aposentadoria na premiação.
Ele disse ter sido convencido pelo também ex-nadador Gustavo Borges de que o atleta, quando para, não morre duas vezes, e sim nasce duas vezes, contrariando o conhecido aforismo. “A mensagem que deixou para quem nos assiste é: pratique esporte porque muda vidas, e, com certeza, mudou a minha”, falou o ex-nadador.
Não somente atletas se despediram. No último mês à frente do COB, o presidente Paulo Wanderley fez um discurso longo para elencar os seus feitos à frente da entidade. “Considero cumprida minha missão”, afirmou o dirigente, que será sucedido em janeiro por Marco La Porta, eleito presidente com apoio maciço dos atletas há dois meses.
Já Arthur Elias, eleito melhor treinador coletivo, citou os altos índices de violência contra a mulher e pediu que as mulheres sejam respeitadas e valorizadas. O técnico da seleção brasileira feminina de futebol espera que o futebol feminino continue a ser apoiado por políticas públicas e pela iniciativa privada.
As homenagens póstumas foram apresentadas no telão. Zagallo, Maguila, Pampa e Luiz Onmura, além dos jornalistas Antero Greco, Silvio Luiz, foram lembrados por anos de dedicação ao esporte.
O evento foi apresentado pela atriz Larissa Manoela, madrinha do Time Brasil, e pelo humorista Paulo Vieira, apresentador da TV Globo,
Prêmios principais
- Atletas do Ano - Rebeca Andrade e Caio Bonfim;
- Atleta Revelação - Gustavo “Bala Loka” (ciclismo BMX freestyle);
- Atleta Influenciador do Ano - Flávia Saraiva;
- Atleta da Torcida - Caio Bonfim (marcha atlética);
- Prêmio Inspire - Ana Sátila (canoagem);
- Destaques dos Jogos da Juventude - Giovana Fioromonte (judô) e Lucio Filho (natação);
- Equipe do ano: futebol feminino.
- Melhor Equipe mista - judô;
- Melhor treinador individual - Francisco Porah (ginástica artística);
- Melhor treinadora individual - Sarah Menezes (judô);
- Melhor treinador coletivo - Arthur Elias
- Troféu Adhemar Ferreira da Silva - José Roberto Guimarães (técnico da seleção brasileira feminina de vôlei).
- Prêmio Espírito Olímpico - Christian Gebara (CEO da Vivo).
Vencedores por modalidade
- Atletismo - Caio Bonfim
- Águas Abertas - Ana Marcela Cunha
- Badminton - Juliana Vieira
- Basquete – Marcelinho Huertas
- Basquete 3 x 3 – Luana Batista
- Breaking - B-Girl Mini Japa
- Boxe - Beatriz Ferreira
- Canoagem Slalom - Ana Sátila
- Canoagem Velocidade - Isaquias Queiroz
- Ciclismo BMX Freestyle - Gustavo Bala Loka
- Ciclismo BMX racing - Paola Reis
- Ciclismo de estrada - Ana Vitória ‘Tota’ Magalhães
- Ciclismo mountain bike - Ulan Galinski
- Ciclismo de pista - Wellyda Rodrigues
- Desportos na neve - Zion Bethonico
- Desportos no gelo - Nicole Silveira
- Escalada esportiva - Rodrigo Hanada
- Futebol - Lorena
- Ginástica Artística - Rebeca Andrade
- Ginástica Rítmica - Bárbara Domingos
- Ginástica de Trampolim - Ryan Dutra
- Handebol – Bruna de Paula
- Hipismo adestramento - João Victor Oliva
- Hipismo CCE - Rafael Lozano
- Hipismo saltos - Stephan Barcha
- Hóquei Sobre a Grama – Lucas Varela
- Judô - Beatriz Souza
- Levantamento de Peso - Laura Amaro
- Nado Artístico - Marina Postal e Eduarda Mattos
- Natação - Guilherme Costa, o Cachorrão
- Pentatlo moderno - Isabela Abreu
- Remo - Lucas Verthein
- Rugby Sevens – Thalia Costa
- Saltos Ornamentais - Ingrid Oliveira
- Skate - Rayssa Leal
- Surfe - Tatiana Weston-Webb
- Taekwondo - Edival Pontes, o Netinho
- Tênis - Beatriz Haddad Maia
- Triatlo - Miguel Hidalgo
- Tênis de Mesa - Hugo Calderano
- Tiro com Arco - Marcus D’Almeida
- Tiro esportivo - Geovana Meyer
- Vôlei - Gabi Guimarães
- Vôlei de Praia - Duda Lisboa e Ana Patrícia
- Vela - Bruno Lobo
- Wrestling greco-romana - Joilson Junior
- Wrestling livre - Giulia Penalber.
*O repórter viajou a convite do COB
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