Luciano Huck e sua produção do Domingão fizeram uma homenagem ao primeiro ano da morte de Pelé, ao incluir no quadro Quem Quer Ser Um Milionário, em que pessoas comuns respondem perguntas sobre temas variados e vão acumulando prêmios em dinheiro até a resposta que vale R$ 1 milhão, que teve no fim de semana Jullie Dutra como a primeira vencedora do desafio da Globo. A emissora ficou sem o seu dinheiro, mas explodiu em audiência no horário nobre da TV e deu o que falar.
O prêmio máximo foi conquistado com uma pergunta sobre Pelé, que remonta seus 17 anos, quando ele disputou, e ganhou, sua primeira Copa do Mundo, em 1958. A pergunta que valia R$ 1 milhão era sobre o número da camisa de Pelé naquele Mundial. Qualquer garoto apaixonado por futebol sabe que a camisa 10 é a mais valorizada na modalidade. E é porque Pelé a fez valiosa. Antes de Pelé usar a 10, os números nas costas dos jogadores não tinham importância alguma no futebol. Eram aleatórios ou distribuídos por ordem alfabética.
Luciano Huck se valeu da modalidade esportiva mais popular do planeta para abrilhantar seu programa, e a deixou para o fim, o Grand Finale do quadro que faz muito sucesso.
No dia 29, a morte de Pelé, aos 82 anos, completará um ano. O Campeonato Brasileiro homenageou o Rei do Futebol durante suas 38 rodadas, sempre no minuto 10, o número de sua camisa. No sábado, o novo presidente do Santos, Marcelo Teixeira, eleito naquele mesmo dia, tomou a decisão de não usar a camisa 10 de Pelé enquanto o time estiver na Série B. O Santos caiu no Brasileirão e vai disputar a Segundona pela primeira vez em 2024, mas sem a imortalizada camisa do Rei.
O Estadão, em 2014, com atualização neste domingo, explicou como nasceu a magia da camisa 10 no futebol. Foi por causa de Pelé. Quando aquele moleque de 17 anos apareceu na Copa de 1958 fazendo gols bonitos, ganhando o torneio e sendo carregado pelos companheiros do time, o mundo olhou para o futebol brasileiro. Pelé usava a 10 e todos os craques passaram a querer usar o mesmo número depois.
Geralmente, todos nós olhamos para o 10 com respeito. O número ainda é sinônimo de craque, de melhor jogador da equipe, seja no futebol profissional ou na várzea. É uma escolha técnica. Digo mais: se o futebol profissional perde essa magia com o tempo, dando mais valor para números significativos na carreira do atleta, como sua idade, por exemplo, no futebol amador dos bairros, na várzea de modo geral, a 10 ainda continua sendo a 10. Ela é entregue ao melhor jogador do time. Tem seu peso.
A pergunta de R$ 1 milhão da Globo, acertada pela jornalista Jullie Dutra, foi a mais fácil em se tratando de Pelé, que sempre usou esse número. Ela se tornaria mais difícil se Jullie tivesse de responder sobre outros camisas 10 na história do Brasil em Copas do Mundo. A lista é longa. O Brasil já teve 11 camisas 10:
Jair (1950)
Pinga (1954)
Pelé (de 1958, 1962, 1966 e 1970)
Rivellino (1974 e 1978)
Zico (1982 e 1986)
Silas (1990)
Raí (1994)
Rivaldo (1998 e 2002)
Ronaldinho Gaúcho (2006)
Kaká (2010)
Neymar (2014, 2018 e 2022)
Desse modo, talvez Luciano Huck tenha escolhido o personagem mais fácil para a pergunta do milhão, Pelé. Outro que daria para o público responder de bate-pronto seria Neymar, dono da 10 da seleção brasileira nos últimos três Mundiais. Neymar usava a 11, mas quando se tornou o “grande Neymar”, passou a usar a 10. Esse expediente também é muito comum no futebol nacional.