Abel Ferreira sabe o tamanho do clássico que tem pela frente neste sábado, pela terceira rodada do Brasileirão. Ele dá de ombros para os problemas do Corinthians durante a semana com a saída do técnico Cuca e toda a confusão gerada em torno do seu nome devido à condenação da torcida nas redes e presencialmente por causa do seu passado - ele foi condenado por agressão sexual a uma menor em 1987, quando era atleta do Grêmio.
Abel deve ter acompanhado tudo o que ocorreu com o seu rival no Allianz Parque, mas não vai cair em armadilhas ao supor que o Corinthians está esfacelado e sem condições de fazer uma boa partida na casa do Palmeiras.
Abel é um português malandro do futebol. Já está muito tempo no Brasil para saber como as coisas se dão e funcionam. Não vai correr risco. Ainda vai decidir por Raphael Veiga ou Artur, mas terá Rony e Dudu para imprimir um ritmo pesado contra a zaga corintiana. Abel sabe também que o rival correu demais no meio de semana para se garantir diante do Remo na Copa do Brasil.
Houve desgaste físico e emocional. Vai tirar proveito disso. Jogar aberto e em velocidade vai ser uma tônica desse Palmeiras em sua casa. Ganhar é necessário para não se distanciar do pelotão de cima.
O Allianz Parque terá de funcionar mais do que nunca nesta temporada porque haverá muitos jogos e Abel Ferreira terá, obrigatoriamente, que poupar seus atletas, bem ao estilo do que fazem os times argentinos, que usam da força máxima quando a partida vale alguma coisa. Ocorre que todos os jogos no Brasileirão valem muito.
Abel deverá rever seu elenco nas competições mata-mata, como fez no meio de semana diante da Tombense, também pela Copa do Brasil. Os meninos deram conta do recado. E assim será também na Libertadores quando o jogo se desenhar menos valioso.
Abel vai usar o meio de campo também para ficar com a bola. Se usar Veiga, terá mais esse controle. Artur é mais agressivo e de mais correria. Ganhar o setor é meio caminho andado para não deixar a bola com o Corinthians. É preciso ficar de olho em Róger Guedes e Adson, e nas investidas de Gil nas bolas paradas. Gil é lento na defesa e Dudu sabe disso, assim como Endrick. A ordem é partir para cima. Segurar a lateral-direita também é uma estratégia, de modo a matar o lado direito do ataque corintiano. Para isso, Rony ou Dudu, ou mesmo Artur, terá de ficar por ali.
A torcida está confiante. O Palmeiras poupou seus jogadores e estará em sua casa. É favorito. Se tiver essa atenção durante os 90 minutos, mesmo ainda não mostrando nesta temporada o fino da bola, tem mais chances de ganhar os três pontos. Imagino que o Corinthians vai sentir o desgaste físico do duelo com o Remo. Será treinado pelo interino Danilo, aquele mesmo que atuava até pouco tempo atrás. Preferiu não recorrer a Fernando Lázaro até para não expor o profissional. Ele foi sacado do banco, mas continua na comissão técnica. Tite não quis assumir o time. A diretoria corre atrás de outros nomes. Está sem opção no momento.
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