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Opinião|Comparar o ‘novo Corinthians’ com Palmeiras e Flamengo é enganar o torcedor, como faz Augusto Melo

Presidente corintiano tem de mergulhar mais fundo nas contas do clube, mostrar um panorama real do time e de suas finanças e apresentar um plano de voo pés no chão para 2024: bravatas é para cartolas sem projeto, falastrões que não conhecem a realidade do time

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

O novo presidente do Corinthians ainda não entendeu a condição do clube. As bravatas em comparação a Palmeiras e Flamengo, da semana passada, são fora de propósito, sem pé nem cabeça e na contramão do que o time precisa em sua nova administração. Augusto Melo não se deu conta disso. Ele não vai andar de Ferrari no primeiro ano de sua gestão. Não é isso que o clube precisa. A falta de dinheiro é um grande problema de anos. E os boletos das contas não deixam de chegar, pelos Correios e pela Justiça. Talvez ele e seus pares andam falastrões porque ainda não mergulharam na situação financeira do time, de temporadas sem dinheiro, diga-se.

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Comparar o “novo Corinthians” com Palmeiras e Flamengo é enganar o torcedor, é dar um primeiro passo equivocado e que precisa de correção urgente. Sonhar e insistir com Gabigol, por mais que o futebol dê margens para essas trocas, é algo fora da realidade financeira do clube. Augusto Melo deve saber que há em vigor uma Lei Geral do Esporte, aprovada em maio, que prevê e cobra responsabilidade de seus dirigentes contra corrupção e uso do dinheiro sem transparência. Então, mesmo que isso doa, Melo tem de pisar no freio e fazer uma gestão austera, o que não quer dizer com falta de competitividade esportiva.

Até outro dia, o time não servia pra nada e o torcedor estava de cabeça cheia. A troca de comando, por pior que tenha sido o anterior, não muda o cenário financeiro e esportivo. O caminho é longo. Não há milagres no futebol.

Mano Menezes em um projeto para o futebol e sua permanência após a temporada pode permitir ganhos nas mudanças do elenco corintiano Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians

Se há uma boa notícia, fico com a permanência de Mano Menezes. Bem ou mal, ele já tem um trabalho começado e isso faz com o time não parta do zero. Uma segunda atitude de coragem foi demitir atletas e não renovar contratos. Havia muito desgaste no elenco. Muitos jogadores cujo custo/benefício não era bom. No português do futebol, havia jogadores que estavam ‘roubando’ o Corinthians.

O que não pode acontecer nessa nova era no Parque São Jorge, se podemos chamar assim após 16 anos de mandos e desmandos, é colocar os pés pelas mãos, é continuar sem gestão e sem rumo no campo e na boca do caixa. Há apenas dois caminhos: montar um time razoável para brigar no Paulistão e sobreviver sem sustos nas outras competições até arrumar a casa e reduzir as dívidas. Essa história de está ‘tudo encaminhado’ e ‘temos um novo parceiro endinheirado’ precisa se comprovar. Cartola bom é aquele que faz mais e fala menos, até para não passar vergonha depois. 

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O torcedor precisa de respostas. Como o corintiano termina o ano? Sem saber quanto dinheiro há no caixa. Sem saber quanto vai entrar. Sem ter um time para torcer. Sem saber como vai pagar o seu estádio e os seus boletos. Augusto Melo só vai assumir oficialmente dia 2 de janeiro. Após o seu mergulho mais fundo nas contas do clube, tem de chamar uma coletiva de imprensa para falar a verdade para os torcedores, mostrar um panorama do Corinthians que está herdando, com suas receitas e dívidas, usar da transparência para ser diferente. E apresentar um plano de voo. Um caminho para chegar em algum lugar, que seja reduzir a dívida do clube de R$ 1 bilhão em doze meses. Ele deve isso aos corintianos pela confiança depositada nele. 

Por isso que esse discursinho de que “acabou a moleza” para Flamengo e Palmeiras não cola. Isso é bravata de dirigente sem projeto, de cartola falastrão que não conhece a realidade do clube que comanda. O futebol está cheio desses aventureiros e não precisa de mais um. Augusto Melo tem a chance de mudar o Corinthians e a si próprio em sua administração de três anos ou ser mais um desses cartolas desprezíveis do futebol brasileiro.

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Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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