Dorival Junior e Rodrigo Caetano são rostos mais sérios na seleção brasileira. Eles dão um ar de mais responsabilidade e competência ao time nacional. Tomara que os jogadores convocados e todos os envolvidos entendam dessa mesma forma e não voltem para o grupo com comportamentos do passado. Ele rompe com o que o Brasil era, olha para a Copa do Mundo de 2026, mas sabe que a reação do time precisa ser imediata. Esqueçam tudo o que aconteceu com o Brasil nesse passado remoto, é seu recado, embora pregue uma reformulação contínua.
Depois de se iludir com Carlo Ancelotti, a CBF acertou os passos com um ano de atraso. Dorival tem menos tempo, portanto, para ajeitar a casa. Não há legado deixado por Tite, tampouco pelos dois últimos treinadores, Ramon e Fernando Diniz. Ramon foi um erro. Diniz ainda vai ter sua chance mais pra frente, para trabalho solo e não dividindo sua atenção com um clube.
A lista de Dorival, a primeira, é equilibrada no sentido de ter jogadores da Europa e do futebol brasileiro. Ele olhou para o São Paulo, de onde saiu, com a convocação do goleiro Rafael e do volante/meia Pablo Maia. E também de Beraldo, que não está mais no clube. Também olhou para o vizinho de CT na Barra Funda, o Palmeiras, com a convocação de Endrick e do zagueiro Murilo. A propósito, a presidente Leila Pereira será a chefa da delegação da seleção na Europa para os amistosos contra Inglaterra e Espanha, nos dias 23 e 26.
Só aí são quatro atletas que atuam no Paulistão. Dorival chamou outros que jogam no Brasil, como André, do Fluminense, Ayrton Lucas, do Flamengo, e Bento, do Athletico-PR. Dorival foi na confiança, o que é “natural”, segundo ele mesmo admitiu. Há muitos jogadores novos, caras novas e de idade baixa. E isso é bom. Ele deixou para trás boa parte daqueles que já tiveram suas chances. A volta de Paquetá também é boa, principalmente porque ele pode ser esse jogador que organiza o time e fica com a bola. Não é um 10, mas pode ser. já que o time não tem Neymar. Dorival deixou claro que Neymar vai voltar. O Brasil precisa de atletas que recebam a bola e saibam o que fazer com ela. Parece óbvio. Não é.
Tenho muitas dúvidas na permanência de Casemiro, do United. Seu tempo já passou. Marquinhos tem de ser melhor do que foi nas últimas vezes no time nacional. Mas ainda é bom zagueiro. Nas laterais, exceto por Danilo, Dorival terá de “pegar nas mãos” dos jogadores da posição. Vale lembrar que ainda lembramos com muita saudade de Cafu e Roberto Carlos. Dorival pediu mais responsabilidade para os jogadores, de modo a fazer com que o Brasil volte a ganhar jogos e ser referência. É ainda pelo passado e não pelo presente.
O treinador também não arriscou no ataque. Tem cara nova, como Savinho, mas as apostas continuam sendo os mais conhecidos, como Vini Jr. Rodrygo, Endrick, marcando presença e consolidando seu nome como camisa 9 da seleção, e Raphinha, do Barcelona. Ou seja, os nomes são bons, todos sabem jogar e têm condições de usar a camisa do Brasil.
O segredo, depois da lista, é montar esse time, de modo a fazer dos valores individuais uma equipe competitiva. O problema da seleção nunca foi jogador ou falta dele. Esses caras brilham na Europa e no Brasil. Mas nos últimos anos, inclusive em Copas, os treinadores não souberam organizar esses atletas dentro de campo. Portanto, o trabalho de Dorival só está começando.
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