É preciso olhar atentamente para dois casos (negativos) recentes envolvendo jogadores de futebol consagrados, o de Antony e também o de Paquetá. Os atletas deixaram de servir a seleção brasileira e ao menos um deles foi afastado do seu clube na Europa por questões de condutas duvidosas e nada compatíveis com o mundo. Olha que nem me refiro ao mundo do esporte apenas.
Antony foi cortado dos jogos do Brasil nas Eliminatórias Sul-Americanas e do Manchester United porque está sendo acusado de violência doméstica e agressão contra sua ex-namorada. Há outros dois casos na conta do jogador também. Isso é crime. E não é aceito na sociedade. Se era antes, não é mais. O atacante pode ainda ter seu contrato rompido com o time inglês e nunca mais dar as caras na seleção, perdendo Copas do Mundo, prestígio e dinheiro. E ser preso.
Antony não foi julgado, portanto, ele é apenas suspeito de agressão e terá de provar sua inocência. Enquanto isso não acontecer até a última instância legal, ele não pode nem deve ser condenado pela opinião pública nas redes sociais.
Agressão doméstica, sexual, ou qualquer ato sem consentimento, como o beijo na boca do presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, na jogadora Jenni Hermoso não pode acontecer em hipótese alguma (após pressão, ele renunciou ao cargo neste domingo). Tampouco qualquer tipo de agressão física ou psicológica. Nunca. Jamais.
O caso de Antony merece atenção, discussão e reflexão. Empurrar uma pessoa também é agressão. Não é pela força ou pela consequência dela nas brigas conjugais. O ato em si é passível de delação, acusação e denúncia. Não sei se todos sabem disso. Então, além da família e da escola, deve sempre haver uma preocupação das empresas quanto às atitudes de seus colaboradores. No caso dos jogadores de futebol, os clubes precisam entrar em campo nesse assunto.
É preciso apresentar a esses atletas, de todas as categorias e insistentemente, as mudanças do mundo. Se preciso, fazer um reforço ao que eles deixaram de aprender nos estudos e no ambiente familiar. É preciso repensar comportamentos na prática diária.
O outro caso é a investigação que Lucas Paquetá sofre na Inglaterra, acusado de participar de esquema fraudulento de apostas. Ele teve seu nome retirado da lista de Fernando Diniz, da seleção, para os jogos das Eliminatórias. Ia ser chamado, mas não foi. Paquetá continua no West Ham após perder uma transferência para o Manchester City, de Pep Guardiola, por causa das acusações. Sua carreira se complica na Inglaterra, mas ele também não é condenado a nada. As investigações prosseguem. Seu nome parece cada vez mais enrolado em ações ilícitas para beneficiar terceiros. Se for comprovada sua participação em campo, ele será afastado da equipe e do futebol. É um caso sério.
É preciso muita orientação e educação para nossos atletas e para a sociedade de modo geral. O mundo mudou. É preciso mudar com ele.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.