Quando entrarem em campo quarta-feira, no Maracanã, Flamengo e Grêmio já saberão quem um deles vai enfrentar na final da Libertadores, marcada para o dia 23 de novembro em Santiago, no Chile. Boca Juniors e River Plate decidem a outra semifinal do torneio nesta terça-feira, na lendária e temível Bombonera, campo do Boca, da parte sul de Buenos Aires e que teve Maradona como seu maior jogador. A mística do estádio, e tudo o que seus torcedores já viram acontecer lá dentro, é a maior esperança do Boca, um time mais fraco nesse momento do que o adversário da parte norte da capital argentina. No primeiro confronto, no não menos imponente Monumental de Nuñez, o River Plate fez 2 a 0 e colocou um pé na final.
Esse jogo vai ser tão bom quanto Flamengo e Grêmio, a disputa brasileira para a outra vaga na decisão de 2019.
O Rio vai ferver. A partida vai ser disputada no maior palco do futebol brasileiro, o Maracanã, com todos os seus ingressos vendidos antecipadamente.
O duelo por si só já reúne duas bandeiras respeitadíssimas no País. Bandeiras fortes, imponentes e sem a necessidade de qualquer legenda. Há, no entanto, alguns outros confrontos dentro do confronto principal dos 90 minutos derradeiros. O primeiro deles diz respeito ao trabalho de dois treinadores diferentes à beira do gramado. Jorge Jesus mudou o patamar do Flamengo. Sem qualquer pretensão para isso, também deu novas referências ao futebol brasileiro em tempos de secura, safras ruins e falta de talento na profissão. Descobriu cedo a qualidade do elenco do Flamengo e colocou o time no ataque, independentemente do rival do outro lado. Ganhou adeptos, mas também provocou ciumeira na classe, inclusive em Renato Gaúcho.
O treinador gremista nem precisava contrapor o português como fez algumas vezes, dizendo verdades do jeito Renato Gaúcho de ser, irreverente, como sempre foi quando era jogador. O fato é que tanto Renato Gaúcho quanto Jorge Jesus fazem muito bem ao futebol brasileiro, exatamente como são, sem mais nem menos. Daí a expectativa do que eles vão fazer na quarta.
Há ainda o confronto dos elencos. O Flamengo investiu R$ 180 milhões na compra de alguns jogadores para a temporada, entre eles Gerson (R$ 49 milhões), Bruno Henrique (R$ 23 milhões) e Arrascaeta (R$ 80 milhões). Há outros atletas badalados no time, como Gabriel, Rafinha e Filipe Luís. Não seria demais dizer, por exemplo, que Gabriel, o Gabigol, artilheiro do Brasileirão, é hoje no Rio o que foi Renato Gaúcho em seus últimos suspiros como atacante camisa 7: O Rei do Rio.
Basta uma volta pela cidade para esbarrar em Gabigol. Não no atleta de carne e osso, mas no personagem que o Rio abraçou, no cartaz que vai caracterizar para sempre sua passagem pela capital, “hoje tem gol de Gabigol”.
É, portanto, um elenco de encher os olhos, diferentemente do grupo gremista. O time de Porto Alegre é mais modesto, com jogadores rodados pelo Brasil, algumas boas referências e dois ou três acima da média, como Everton Cebolinha e Luan, esse numa fase de recuperação. Mas há nesse Grêmio um sentimento que nenhum outro time do futebol brasileiro tem, o de poder. Não há limites para o Grêmio porque há a certeza de que tudo está ao seu alcance. Pode ser uma vitória duríssima na Arena, um bom resultado na casa do rival, uma virada de placar e até uma classificação no campo de um oponente que pratica melhor futebol. Ninguém duvida do Grêmio.
E como o jogo em Porto Alegre terminou 1 a 1, é possível afirmar que nada está resolvido na decisão brasileira desta Libertadores.
Há um terceiro confronto, o estilo de jogo. O Fla só pensa em atacar. O Grêmio é tinhoso. Jesus é um maestro. Gaúcho, um malandro.
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