James Rodríguez fez a coisa certa para ele e para o São Paulo desfazendo as malas e repensando seu pedido de deixar o Brasil. Sua decisão de ir embora tinha duas intenções, ambas pressionando a diretoria tricolor. A primeira era receber o que lhe foi prometido em contrato. O futebol brasileiro tem dessas: o prometido nem sempre é cumprido ou atrasa. A segunda era forçar a nova comissão técnica de que ele merecia jogar.
Não fosse um cara de grupo, pelo menos é isso que os outros jogadores falam do meia colombiano, que ele é boa pessoa, seria engolido pelo elenco. Mas isso não aconteceu. Foi entendido que James estava meio solitário e perdido. Ansioso e impaciente. Então, o que a direção do clube fez foi lhe estender a mão, o que deveria ter feito muito antes.
James pode ajudar muito o São Paulo na temporada, claro, se ele primeiramente começar se ajudando. Tem de entender o funcionamento do clube, do técnico Thiago Carpini e dos companheiros do elenco. O grupo é muito forte do meio para frente, com Lucas, Calleri, Luciano, Ferreirinha, Rato... Todos querem e podem jogar. James tem de saber que ele não é melhor do que seus colegas. Está no mesmo nível, se estiver bem treinado e com vontade.
Seu jeito de jogar, sim, é diferente. O colombiano é jogador da antiga, mais lento e que faz a bola correr. Valoriza o passe e os lançamentos. Gosta do jogo de aproximação e das tabelas.
Sua permanência depois de dizer que queria a rescisão do contrato passou pela aprovação do presidente Julio Casares, do gerente Muricy Ramalho, da comissão técnica e dos líderes do time no vestiário. Então, James é um jogador mais do que aprovado. Ele precisa entender esse ambiente e tirar proveito disso para sua carreira.
Se o departamento de fisiologia do clube não foi claro o suficiente para explicar para ele que seu corpo precisava de mais treinos e trabalhos específicos, esse processo tem de melhorar no CT. Mas duvido que tenha sido isso. O colombiano queria jogar mesmo sem ter condições ideais. O futebol brasileiro pode ter todos os defeitos do mundo, e tem muitos, mas ele está bem servido de profissionais nas áreas de recuperação e condicionamento de jogadores. Para suportar 70 ou mais partidas no ano, todos os clubes se reforçaram nesses departamentos. É preciso confiar.
James aprendeu isso da pior maneira possível. Sua partida nesta quarta-feira contra a Inter de Limeira, pelo Paulistão, foi suficiente para os aplausos do torcedor. Ele deu passes e fez gols. Mostrou, como disse, que pode ajudar o São Paulo na temporada. Só precisa ter um ambiente que o acolha. A diretoria tem de fazer sua parte também.
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