O Corinthians começou sua reformulação por onde tinha de começar: limpando o elenco que fracassou em 2023. Mais do que isso: a demissão e não renovação de contrato de jogadores tira da frente de Mano Menezes e da torcida atletas incapazes de dar jeito ao time, como foi durante toda a temporada. Se não individualmente, em grupo. O corintiano acreditou e foi iludido. Sob o comando do novo presidente Augusto Melo e orientação do técnico Mano Menezes, a limpa prometida está em marcha com as saídas já anunciadas de Renato Augusto e Gil, dois pilares da equipe há anos.
O sinal é claro. Se os ‘craques’ não servem, imagine os outros. É uma questão de sobrevivência, financeira e esportiva. Fábio Santos se aposentou. Giuliano se mandou também. Outros, como Cantillo, não terão o contrato renovado. É uma limpa como há muito não se via num time grande. O Corinthians não vai ficar com jogador que não acrescentou nada nas últimas temporadas e tirou do clube salários na casa dos R$ 300 mil ou R$ 500 mil por mês. A economia, segundo o dirigente, já é perto de R$ 3 milhões.
Esse dinheiro, também segundo promessas, será reinvestido na contratação de outros jogadores ou no salário deles. Ainda não se fala muito em contratação. As demissões ainda não pararam.
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Estrategicamente, os atletas serão avisados que não ficarão conforme seus contratos forem vencidos. Boa parte desses jogadores tem o fim do acordo neste mês, no dia 31. Para não ter problemas jurídicos, a nova diretoria está seguindo o trâmite legal. Eles já sabem que não estão nos planos. Mano deixou escalar que essa reformulação aconteceria ainda durante o Brasileirão.
O clube perdeu no meio da temporada seus três melhores atletas: Adson, Róger Guedes e Murillo. Dinheiro deveria ter para reforçar o elenco, mas o Corinthians é uma caixa escura onde a despesa não deixa rastro. A gestão passada errou ao negociar seus melhores atletas quando o time mais precisava deles. Vendeu com o argumento de que tinha prometido isso aos jogadores, deixando também o treinador Luxemburgo na mão.
Todos estão sendo avaliados, mesmo aqueles que só responderam com futebol no fim do Brasileirão, como é o caso do atacante Romero, com gols em quase todas as partidas. O paraguaio não é mais aquele do passado nem será. Mas tem contrato. Mano levará em conta o que os atletas podem render e não o que já fizeram pelo clube. Não haverá sentimento de gratidão. O elenco corintiano foi construído pela direção de futebol, sob a liderança do presidente Duílio Monteiro Alves. O time teve muitos treinadores em 2023, alguns interinos, eles não apitaram nada na formação do grupo. Os jogadores foram ficando e nunca se transformaram num time de verdade.
Augusto Melo corre contra o tempo. O elenco terá entre 28 e 32 jogadores, não mais do que isso. Pode até ter menos. A base terá de funcionar nesse primeiro ano de mudanças. O estilo de jogo também vai mudar. Mano não terá mais apenas Yuri Alberto no ataque. O jogador terá companhia. O Corinthians espera ainda reduzir a folha de pagamento em mais R$ 4 milhões. Se conseguir, o presidente terá margens para manobras. Jogadores no mercado sem contrato terão prioridade desde que o treinador dê seu aval. O clube quer gastar o menos possível para fazer um time competitivo já no Paulistão.
Há, por ora, três problemas: o que fazer com Cássio e Fagner e a provável negociação de Moscardo. O garoto já ficou fora do time em algumas partidas ou momentos de jogo. Mano prepara o terreno para a equipe sobreviver sem seu volante da base. Em compensação, o clube teria R$ 150 milhões se conseguir vendê-lo. O goleiro e o lateral estão desgastados. São referências na história do Corinthians, mas não são vistos como intocáveis.