O Corinthians deve explicações a seus torcedores. Os 31 pontos no Campeonato Brasileiro em 26 jogos são apenas a ponta do iceberg de um time sem rumo, desrespeitoso com os jogadores e sem nenhum planejamento para os próximos anos.
Há uma eleição no clube para presidente sem qualquer convicção do que esperar, a ponto de a torcida uniformizada protestar, com as tradicionais ameaças durante o pleito.
O Corinthians é uma escuridão administrativa, financeira e esportiva. A sensação que se tem é da necessidade de fechar para balanço ou de algum movimento capaz de mudar tudo.
O que de melhor aconteceu nos últimos meses foi a chegada de Mano Menezes, nem tanto pela sua competência à beira do gramado, embora tenha, mas pela sua condição de liderança numa terra arrasada e de muitos mandos e desmandos. Só de treinador dando ordens e cobrando estilo de jogo foram quatro, de Fernando Lázaro a Vanderlei Luxemburgo, passando por Cuca numa escolha desastrosa e muito contestada devido ao passado do técnico, até a chegada de Mano depois de mirar em Tite.
Essa ponta do bloco de gelo no Parque São Jorge é o que se enxerga e se tem notícias. O que está dentro do mar, debaixo da água, é desconhecido. Não se sabe nada do clube. Nem seus dirigentes se sentem incomodados de não informar. Estão todos de malas prontas para ir embora e deixar o Corinthians ao deus dará. Se tanto.
Se tivesse a oportunidade de entrevistar o presidente Duílio Monteiro Alves (tentativas e pedidos não faltaram) ou um de seus pares sobre as coisas do clube, faria as seguintes perguntas para o presidente:
1 – Onde está o dinheiro das vendas de Adson, Murillo e Róger Guedes deste ano?
2 – Quanto o clube deve no estádio e qual é o planejamento para quitar a arena?
3 – Por que a dívida do clube bateu nos R$ 900 milhões, depois de chegar a R$ 1 bi?
4 – Qual é a estratégia de trocar tantos treinadores e todos com pegadas diferentes?
5 – Por que sua gestão gastou mais do que arrecadou?
6 – Qual é o legado de sua administração financeira e esportiva, já que não ganhou nenhuma competição?
7 – Por que o elenco não foi reformulado?
8 – Quem decide pagar salários de R$ 1 milhão por mês a jogadores medianos do time?
9 – Qual é o planejamento para os anos seguintes?
10 – Para onde foi a receita de R$ 700 milhões de 2023?
São dez perguntas que poderiam esclarecer muitos torcedores. Eles merecem isso por tudo o que fizeram no ano, lotando a arena em Itaquera e apoiando a equipe mesmo sob o olhar da desconfiança. Respostas evasivas foram dadas durante alguns resultados, sem nada justificar ou explicar melhor. O futebol não avança também por muita culpa desses dirigentes retrógrados.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.