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Opinião|Por que o Corinthians capengou na temporada mesmo com receita bruta de R$ 955 milhões?

Dinheiro arrecadado em 2023 não deve em nada para rivais como Flamengo e Palmeiras, mas gestão do futebol pôs tudo a perder com gastos errados e decisões equivocadas; nova gestão e Mano Menezes tentam arrumar a casa

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Atualização:

Como um clube que informa seus conselheiros que teve uma receita bruta de R$ 955 milhões apresenta uma série de problemas financeiros e esportivos durante a temporada? Pois foi isso o que aconteceu com o Corinthians neste ano, de acordo com os números do clube na troca de bastão de um presidente para o outro, de Duílio Monteiro Alves para Augusto Melo. A estimativa de arrecadação para 2024, embora seja menor, também não é baixa: R$ 817 milhões. O clube vai perder um pouco de dinheiro de TV porque ficou fora da Libertadores e ainda precisa ver quanto consegue levantar com a venda de jogadores. O clube festejou 11 anos do seu Mundial de 2012 em baixa.

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O fato é que, com tanto dinheiro assim, era para o Corinthians ter oferecido muito mais para seus torcedores dentro de campo, ganhar competições e não ficar até quase a última rodada do Brasileirão 2023 com a corda no pescoço, ameaçado de cair. O dinheiro só comprova o que falei aqui durante boa parte da temporada: o clube teve uma péssima gestão, abusou do direito de errar nas decisões do futebol e de gastar dinheiro sem necessidade.

Veja troca de jogadores entre clubes no passado.

Mano Menezes trabalha com a confiança do presidente Augusto Melo para mudar o futebol do Corinthians. Rodrigo Coca/Agência Corinthians  Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians

O ano desastroso também impediu que o clube se livrasse de boa parte das dívidas, como do estádio em Itaquera e do próprio clube. Elas não foram sanadas. O dinheiro arrecadado foi gasto no dia a dia, com folha de pagamento principalmente. Agora, há um caminho para o acerto da Neo Química Arena com a Caixa, cujo dívida conhecida é de R$ 600 milhões. Nesta semana, o presidente do banco disse que aguarda pelo contato do novo presidente corintiano, uma vez que ele negociou com o anterior. É uma prioridade para a Caixa resolver isso. Veja o que ele disse.

As receitas do Corinthians vêm de canais tradicionais do futebol brasileiro, sendo a maior delas proveniente de direitos de transmissão dos jogos. Quase R$ 300 milhões. Patrocinadores, venda de jogadores e bilheterias ajudaram na arrecadação do ano. Há um dinheiro pouco comentado nos clubes, mas que ajuda muito, que é o da revenda de atletas formados na base. Trata-se do gatilho de solidariedade da Fifa. A cada venda de um jogador cujo primeiro contrato foi com um time brasileiro, esse time ganha parte da transação. Como os valores das transferências na Europa, sobretudo, são altos, o repasse também é alto.

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Então, para quem vê apenas os números que entraram, o Corinthians parece um time que não deve em nada aos seus rivais. O Flamengo tem receita maior e o Palmeiras fica na mesma casa. Só que não. O problema é gastar errado. Investir mal. Não formar, com essa dinheirama toda, um time competitivo, como se viu nesta temporada em Itaquera. Esse foi o maior problema da gestão Duílio e que se espera ter correção de rota com a nova presidência e seus pares. 

O Corinthians não ganhou nada e se deixou iludir com o avanço em algumas competições, mas sem mostrar confiança em nenhuma delas, como de fato aconteceu pelas eliminações. Um clube que arrecada tanto dinheiro, se for mesmo comprovado tudo isso, não pode se permitir a errar tanto, a não brigar por nada dentro de campo, a não, ao menos, pagar suas contas, a virar chacota dos torcedores rivais, a ter jogadores ‘engordando’ no elenco sem dar nada em troca, a mudar de comando tantas vezes e ter de pagar multas rescisórias para os técnicos demitidos.

A torcida promete ser mais atuando na gestão corintiana na temporada 2024 e nas próximas, com a nova administração de Augusto Melo e com o comando do time de Mano. Melo foi colocado na presidência, mas será muito mais cobrado pelos seus passos. Há quem diga que o clube, de associados a conselheiros, terá mais participação no futebol. O torcedor não aguenta tantas piadas sobre a equipe e seus fracassos. Melo já percebeu isso no Parque São Jorge. E trabalha para mudar isso. Ele assume no dia primeiro de janeiro, oficialmente.

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Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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