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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Por que Raphael Veiga precisa deixar o Palmeiras e o futebol brasileiro para atuar na Europa?

Jogador tem tudo de que precisa no País, onde é ídolo de uma torcida e de um clube, tem o respeito da mídia, o amor do palmeirense e o temor dos adversários: sair para quê?

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Por que Raphael Veiga tem de ir para a Europa? Nesta semana, uma reportagem na Espanha apontou que o jogador do Palmeiras estaria na mira do Barcelona. Veiga seria um nome observado pelo clube catalão e de valor considerado bom, de 15 milhões de euros, perto dos R$ 80 milhões. Os valores podem ser uma discussão à parte. Todo mundo sabe que os clubes brasileiros têm na venda de atletas uma de suas principais fontes de receitas. Mas o Palmeiras precisa desse dinheiro? Ao que se tem notícia, depois da venda de Endrick para o Real Madrid e com as finanças em dia, o clube fez um caixa parrudo e tem as contas controladas: receitas x despesas.

Raphael Veiga tem 27 anos e contrato com o Palmeiras até 2027. Ele é ídolo no time paulista. Ele é ídolo no futebol brasileiro. Ele é tido pelos companheiros como um dos melhores do elenco. É respeitado pela mídia, cujo nome foi pedido na seleção brasileira para a Copa do Mundo do Catar. É amado pela torcida. É temido pelos adversários. Ele é também um jogador de princípios e bem formado, regular dentro de campo e com uma visão clara do que é ser um jogador profissional. Veiga tem tudo de que precisa no futebol brasileiro, portanto.

Raphael Veiga abre os braços para a torcida do Palmeiras após gol marcado contra o São Paulo no Allianz Parque Foto: Amanda Perobelli / Reuters

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Ele faz parte desses jogadores que levam o torcedor aos estádios. Mesmo quem não é palmeirense, quer vê-lo em ação. O futebol nacional precisa cada vez mais de jogadores como Raphael Veiga. São eles que dão visibilidade às competições. Quase todos os times tem o seu. Aqui vale o “quanto mais, melhor”.

Há uma tendência em marcha nos clubes do País para tentar segurar seus bons jogadores e tentar ganhar dinheiro com atletas mais novos, recém-saídos da base. A Europa está de olho nesses garotos e suas negociações, teoricamente, não enfraqueceriam o futebol nacional atual. Há um esforço de todos os lados para segurar seus craques. E há também iniciativas para trazer bons atletas, como fez o Grêmio com Luis Suárez. O Flamengo, há anos, mantém seu elenco bom de bola. Ganhou com ele a Libertadores e a Copa do Brasil. Os presidentes se deram conta de que os times precisam desses astros.

Parece que Raphael Veiga entende sua posição no cenário. Ele tem feito juras de amor ao Palmeiras com mais carinho desde que saiu a notícia do interesse do Barcelona. Já houve outros interessados. Ele fazia isso antes, mas seus gestos se intensificaram nesta semana. Veiga disse que pretende encerrar a carreira no Palmeiras. Não me pareceu discurso raso. Isso pode acontecer em mais cinco ou seus anos, quando ele estiver com 33. A cada gol ele beija a camisa do time. Nesta semana, contra o Fortaleza, beijou a bandeira do escanteio onde havia o escudo palmeirense. Seus gestos de amor enlouquecem os torcedores.

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Não seria demais se num desses jogos do time no Allianz Parque, a torcida fizesse uma manifestação a ele em agradecimento e pedisse para ficar para sempre.

Como já atuou por outro clube, ele não terá seu busto feito nas alamedas do clube na Pompeia, ao lado dos bustos de Ademir da Guia, Dudu (da Academia e não o que joga hoje no time), Marcos, Waldemar Fiúme, Junqueira e Oberdan Catani, mas pode ser eternamente lembrado como tantos outros craques que passaram pelo clube. Raphael Veiga é fã de um deles, Alex, que nesta semana esteve na Academia fazendo aprimoramento de sua carreira com o técnico Abel Ferreira.

A parte financeira e experiência de vida de morar na Europa são os entraves de qualquer permanência de um bom jogador no futebol brasileiro. Qualquer time da Europa paga mais do que os brasileiros. Há ainda o lado cultural para o atleta e seus familiares. Há o interesse em fazer o pé de meia para quando a aposentadoria chegar. Tudo isso é verdade e passa pela cabeça do atleta. Há ainda os desafios esportivos, que movem esses profissionais, de vencer em grandes times do mundo.

Mas entendo que o futebol brasileiro caminha para um patamar mais elevado, com estádios modernos e lotados em todas as partidas da Série A do Campeonato Brasileiro, por exemplo, com desafios gigantescos, com a presença de treinadores interessantes, como é Abel Ferreira, e a volta de jogadores consagrados, como Fernandinho, Marcelo, Hulk... Qualquer jogador do Brasil, antes de sair, deve levar em conta essas novas questões. Certamente Raphael Veiga vai levar.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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