Daniel Alves já está marcado pelo resto da vida pelo episódio de acusação de estupro e prisão por 13 meses antes da sentença da Corte de Barcelona. Assim como a mulher que o acusa, vítima da suposta agressão. Ela deve ser protegida e resguardada. Ela nunca mudou sua versão. A decisão dos magistrados são duas e deve sair nesta quinta-feira, dia 22: condenar ou absolver o jogador. Ambas as sentenças terão consequências. Na Espanha, depois dos três dias de julgamento, não se acredita que Daniel Alves seja absolvido. Mesmo sua defesa já trabalhava pela pena mínima possível, uma vez que o processo caminhava para a condenação do atleta.
Se for condenado, de fato, Daniel terá 13 meses para descontar da pena estipulada, seja ela qual for. A defesa pede um ano de prisão. Desse modo, ele seria solto imediatamente. Daniel Alves não teria para onde ir. Seu contrato com o Pumas, do México, onde morava, foi rompido. Ele tem propriedade em Barcelona, onde mora sua mulher Joana Sanz, mas dificilmente ficaria na cidade em que quis sair durante o processo. Duvido que permaneça na Espanha, onde o caso ganhou repercussão nacional por ele ser um ex-jogador do Barcelona. Joana Sanz queria uma casa em Paris quando estava se divorciando de Daniel. Ela é modelo em atividade e dificilmente deixará seu trabalho na Europa.
O fato é que se for libertado, Daniel deve voltar para o Brasil, para a Bahia, seu reduto e onde mora sua mãe. Mas muita coisa deve mudar para ele. Daniel é um homem de cabeça baixa, não se sabe se arrependido ou deprimido. Disse que mentiu na investigação ao afirmar que não conhecia a moça que o acusava para não ser prejudicado no casamento. Sua ex-mulher rompeu com ele depois de tentar ajudá-lo. Ela tem a guarda dos filhos. O futebol acabou. Aos 40 anos, ele não jogará mais. Em seu depoimento, ele disse que o sexo foi consentido, contrariando a acusação. E não mudou mais essa versão. Ele acredita nisso. A Justiça, pelas provas e depoimentos, tomará a decisão. Se condenado, ele precisa aprender com os erros e mudar, como todo preso em ressocialização.
Não se sabe ao certo o tamanho da fortuna do jogador e quanto ele gasta com o processo. Ele pagou R$ 800 mil durante a ação. Esse dinheiro teria vindo da família de Neymar. Há, portanto, uma dívida a ser paga. O São Paulo tinha R$ 12 milhões ou mais de salários atrasados e direitos de imagem com o jogador. Esse montante estava sendo pago em prestações de R$ 400 mil. O Pumas o demitiu por justa causa, ou seja, sem direito a nada.
O portal especializado em riqueza de celebridades, Celebrity Net Worth, e o jornal espanhol Marca, divulgaram que Daniel Alves tem patrimônio avaliado em R$ 295 milhões, feito no futebol do Barcelona, do PSG, de outros clubes e da seleção. Também não se sabe como esse dinheiro está distribuído. Durante o processo, a notícia de que o jogador passava por dificuldade financeira foi veiculada na Espanha.
Se condenado, Daniel Alves terá de pagar a pena no mesmo presídio ou em algum outro de Barcelona. A partir daí, não havendo mais o que fazer na Justiça, ele passa a ser um brasileiro condenado na Europa por estupro, como foi também Robinho, cujo processo correu na Itália e que teve pena de nove anos - não cumprida porque o jogador estava no Brasil e não podia mais ser preso pelas leis de não extradição.
LEIA OUTRAS COLUNAS DE ROBSON MORELLI
Nesta semana, uma jornalista espanhola entrevistou um preso da mesma prisão onde está Daniel e ele disse a ela que o brasileiro estava deprimido e que havia um plano de fuga se fosse solto antes da sentença, o que não aconteceu. Desde então, ele passou a ser observado na prisão. Existia a preocupação de que ele pudesse se ferir.
Se pegar a pena proposta pelo Ministério Público de nove anos, Daniel Alves deixaria a prisão, salvo qualquer redução por comportamento ou algo parecido, com 48 anos. Seria um homem novo ainda. Sua primeira entrevista seria disputada assim que pisasse fora do presídio. Ele teria de se recolocar na sociedade. Nunca é fácil. O futebol teria acabado há muito tempo para ele. Os amigos já não existem mais. Poderia também não ser lembrado por uma geração de crianças e adolescentes que nunca o viram jogar.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.