Jorge Sampaoli já não tem mais o apoio irrestrito dos torcedores do Flamengo, talvez nem de parte da diretoria. Sua teimosia é apontada nas redes sociais como seu principal defeito. Teimosia de usar jogadores que não estão indo bem na partida e de mudar a equipe a cada jogo por um prazer quase que sádico. Tudo isso já vem de alguns jogos e foi acentuado após o fracasso do time na Libertadores. O Flamengo perdeu por 3 a 1 para o Olimpia, em Assunção, e deu adeus à competição que tinha como uma das principais na temporada. Virou piada. Os times de Sampaoli são exatamente dessa maneira: capazes de golear e também de sofrer derrotas históricas.
Não é muito novidade na gestão do clube rubro-negro também, mas o Flamengo tem se ‘especializado’ em criar suas próprias crises e mergulhar nelas até o pescoço. Recentemente, teve o episódio do atacante Pedro, que levou um soco na cara do preparador físico do clube e homem de confiança do treinador argentino. Pablo Fernandez foi demitido. Sampaoli aceitou a decisão, reconheceu o erro, mas nunca se sentiu confortável com a perda do companheiro, por mais errado que tenha sido sua ação. O caso foi parar na polícia.
O Flamengo jogava pelo empate em Assunção, confiante de que avançaria na Libertadores e conseguiria brigar pelo título sul-americano mais uma vez, defendendo a conquista do ano passado. Não deu certo. O time voltou para o Brasil ‘chutado’ pelo seu torcedor. O time jogou mal, marcou mal e teve péssimo resultado diante de um rival teoricamente mais fraco. A torcida brasileira, claro, foi às redes comemorar o fracasso. O Flamengo provoca isso. Nem sempre merece.
Também fica evidente que a gestão do Flamengo não é tão boa como ela se vende. Ter dinheiro em caixa, as maiores receitas do futebol brasileiro e bons jogadores no elenco, com contratações chegando o tempo todo, não têm feito a diferença em campo em muitos momentos. Era para sobrar no Brasil e na América do Sul, salvo diante de adversários do mesmo tamanho. O Olimpia não o mesmo tamanho do Flamengo.
O Rubro-negro é um bom time, mas continua em seus altos e baixos. A eliminação na Libertadores é prova disso. A derrota fez o time cair nas oitavas de final, longe das etapas agudas da competição. Longe do que esperava seu torcedor.
Também há alguns jogadores sendo criticados, como Gabigol e Filipe Luís. Arrascaeta joga quando quer, é decisivo em algumas partidas apenas. É do craque que se espera mais nos jogos importantes, eliminatórios como o desta quinta. Há muita soberba também. Não havia desconfiança de que a equipe pudesse ser eliminada. Há outros jogadores contra a parede. Uma renovação se cobra há anos. O clube vem fazendo isso, mas ainda peca no processo.
No fim de semana tem o São Paulo pela frente, no Rio, pelo Nacional. Não se sabe como esse elenco vai se comportar. O torcedor não teve dúvidas: protestou em Assunção, onde o time estava hospedado, e na chegada do elenco ao Rio.
O ano não está perdido. Nunca está. O Flamengo tem de passar pelo Grêmio para chegar à final da Copa do Brasil e faz sua corrida de perseguição ao líder Botafogo do Brasileirão. A Copa do Brasil é a competição que tem mais chances de se dar bem. Precisa dessa conquista. Seu caso é o mesmo do Palmeiras: tem dinheiro, tem elenco invejável e precisa erguer taças.
A diretoria não se manifestou sobre a troca de treinador. Sampaoli terá, no entanto, seu trabalho reavaliado. Sua expulsão em Assunção atrapalhou também o time. Sempre atrapalha. O nome de Rogério Ceni já foi comentado no clube do Rio. Mas tudo isso ainda é prematuro. Te muito de desejo do torcedor. A diretoria tem feito suas análises com mais tempo e rigor e de cabeça fria como se deve. Mas pelo tom das redes, Sampaoli é apontado como o maior culpado pelo fracasso do time na Libertadores. E todos sabem o que isso significa na Gávea.
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