A vitória do Cruzeiro sobre o Goiás desenhou um cenário novo na parte inferior da tabela do Brasileirão no encerramento a rodada 35 de 38 do torneio. O time goiano parece fadado a se juntar aos rebaixados América-MG e Coritiba, agora com 35 pontos e duas partidas para fazer. O clube de Ronaldo Fenômeno deu um salto na classificação, com 44 pontos, empurrando dois paulistas para mais perto da degola. Santos e Corinthians correm risco. Seus torcedores estão assustados.
E a coisa pode ficar mais feia para o time de Mano Menezes se o Vasco conseguir uma vitória nesta terça-feira, no Rio, em confronto direto para se salvar. A corda aperta o pescoço de ambos. O time carioca é o primeiro fora do Z-4, com 42 pontos. Se bater o Corinthians em São Januário, chega aos 45, perto da pontuação suficiente para escapar da Série B, e deixa a zona da bagunça para seus concorrentes. Bahia e Santos ainda vão jogar na rodada 36, com chances de ganhar suas partidas e deixar o Corinthians no inferno.
As contas serão feitas e refeitas até a última rodada dada a falta de competência desses times que frequentam a parte de baixo da tabela. Ao que parece, o Goiás consumou sua queda. O time ficou muito para trás nessa reta final. A derrota para o Cruzeiro na segunda-feira pesou. Se assim for, restará um lugar entre os quatro últimos que estarão na Segundona. É uma péssima notícia para torcedores corintianos e santistas, que já cobraram seus times e diretorias durante a temporada, mas não conseguiram se afastar do perigo.
A queda de Santos ou Corinthians não seria um absurdo ou castigo dos deuses da bola. Se acontecer, ela estará ligada diretamente à má gestão de seus presidentes e dirigentes de futebol. Isso precisa ficar bastante claro ao torcedor. Tanto um quanto o outro são exemplos negativos de administração em todos os sentidos. Duílio Monteiro Alves já sentiu o dissabor do fracasso ao fazer com que seu candidato perdesse a eleição para sua sucessão na presidência. O pleito foi sabado. Foi um voto de protesto dos corintianos. Há problemas para todo lado, das finanças ao estádio, passando pelo elenco fraco e risco de queda na reta final da temporada, como um último ato de uma péssima gestão.
Esse cenário em nada se difere do que aconteceu na Vila Belmiro ao longo do ano. O que mais me decepciona é a necessidade, quase um prazer sádico e frouxo, desses dirigentes de demitir treinadores com a mesma facilidade com que contratam. Não há convicção de nada. Nem entro na pobreza de liderança e de um entendimento melhor do que é construir um time em um ano de trabalho, porque eles não sabem nada disso, mesmo com experiências bem sucedidas antes de se sentarem no trono. Quando estão no comando, se submetem à fúria das redes sociais e das reclamações. Entortam a vara com brisas leves.
Nem sempre foi assim, diga-se. Então, apesar da tristeza em admitir, Santos e Corinthians não fizeram nada que pudessem se apegar para fugir do rebaixamento. Diria mais: eles também merecem cair para a Série B, assim como Vasco e Bahia, de modo que não haverá lágrimas quando o campeonato acabar e a conta fechar. Se tivesse de lamentar por um jogador, seria pelo atacante santista Marcos Leonardo, um garoto bom de bola e que quis ficar na Vila para ajudar o time mesmo com oferta da Roma, da Itália, para onde deve ir em janeiro.
A rodada 36 vai dar novos direcionamentos ao torneio, mas ela não será capaz de escrever as últimas linhas desse Brasileirão maluco e atraente, com suas alegrias e tristezas. Veja a tabela.
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