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Opinião|São Paulo flerta com a eliminação por causa da falta de coragem de Carpini, que pensa pequeno

Treinador mexe mal no time quando vencia por 1 a 0, sofre empate e bate desespero antes do gol de Lucas contra o Ituano por 3 a 2 nos acréscimos: tricolor vai encarar nas quartas o Novorizontino, mas precisa aprender com os erros

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

O São Paulo está classificado para as quartas de final do Paulistão e deve isso ao atacante Lucas e ao VAR. O time flertou com a tragédia. O jogador fez de pênalti o gol da salvação diante do Ituano, na vitória por 3 a 2 neste domingo. O VAR chamou o árbitro Raphael Claus para rever uma falta na área não marcada inicialmente, mas que foi. O time avançou na competição na última das 12 rodadas da fase de classificação. Um sufoco. Vai encarar o Novorizontino em jogo único no fim de semana. Quem perder, cai fora. Joga em casa porque tem a melhor campanha no saldo de gols. Precisa, no entanto, tirar lições da sua campanha arrastada, porque deixou sua torcida preocupada, assim como a diretoria e a comissão técnica. Havia muita tensão em Itu. Houve desespero depois do empate do rival aos 44 minutos do segundo tempo. Luciano reconheceu o alívio e o sufoco.

Aos 34 minutos do jogo, o time do Morumbi estava “eliminado” por causa da combinação de resultados dos rivais dentro do grupo. A condição durou dois minutos, até Luciano marcar o segundo gol e mudar o cenário provisoriamente. O técnico Thiago Carpini estava tão tenso que não conseguiu dar um sorriso nos gols. Não via a hora de o tempo passar e o São Paulo confirmar os três pontos. O treinador fez tudo errado. Mexeu mal e jogou o time para trás. Não bastasse seus erros, ainda devolveu provocação da torcida nos minutos finais. Decretou seu futuro. Se não ganhar nada, terá vida curta e será perseguido. Vai ter de se explicar.

Thiago Carpini entra na provocação da torcida no jogo contra o Ituano e devolve insultos: São Paulo se classifica no sufoco no Paulistão Foto: Cris Mattos / Reuters

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O fato é que um clube do tamanho do São Paulo não pode correr esse tipo de risco, principalmente no Paulistão, onde é um dos participantes mais fortes. A seu favor, tem a desculpa de ter participado de uma chave duríssima, em que os rivais Novorizontino e São Bernardo somaram mais de 20 pontos, de modo a ter condições de se classificar em segundo lugar nos outros grupos com facilidade. É uma desculpa esfarrapada.

O São Paulo perdeu pontos importantes ao longo da competição, para rivais teoricamente mais fracos e de menor qualidade. O empate com o Guarani foi um deles. O time de Campinas escapou da degola na última partida. Além da igualdade com o Bugre, o tricolor também empatou com Palmeiras e Bragantino nas jornadas finais da primeira fase. E perdeu o clássico para o Santos em casa, assim como também tropeçou diante da Ponte Preta no Moisés Lucarelli, em Campinas.

O time teve dois momentos interessantes nesse primeiro trimestre ainda em andamento: ganhou a Supercopa em jogo único contra o Palmeiras e acabou com o tabu de nunca ter derrotado o Corinthians em Itaquera. Ótimo. O torcedor ficou feliz naquela semana. Mas Carpini e seus jogadores se desconcentraram e tiveram uma sequência péssima depois.

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Um time do tamanho do São Paulo e com as pretensões do clube de voltar a figurar entre os grandes do Brasil após ganhar a Copa do Brasil no ano passado não pode dar tanto mole como deu no Paulistão. Demorou para a ficha cair sobre os riscos que corria de ficar fora, como aconteceu com o Corinthians, outro gigante. O elenco não levou a sério alguns resultados negativos, como sinal de alerta, e todos no Morumbi se embebedaram por muito tempo com as conquistas passageiras.

Isso travou o time e fez Carpini, ainda em “crescimento” na profissão, se perder na montagem do elenco, mesmo com tantos bons jogadores sob seu comando. Neste domingo, diante do pior time do Paulistão, o São Paulo atuou em câmera lenta e sem disposição ofensiva. Jogou para segurar a vitória por 2 a 1 e a classificação. Não se deu conta do perigo. Carpini abriu mão de jogar no ataque e errou nas alterações. Aos 30 minutos do segundo tempo, já tinha mais defensores do que atacantes em campo, numa demonstração transparente de que estava satisfeito com o marcador. E de que sua cabeça ainda pensa como técnico de time pequeno.

Não dá nem para dizer que o tricolor jogou para o gasto na fase de classificação do Estadual porque não foi isso o que aconteceu. Tampouco em Itu neste domingo. O time precisou ganhar sua última partida na fase classificatória para se garantir e teve muita emoção e desespero. Teve de se encontrar num gramado molhado e mais difícil, contra um Ituano que também precisava vencer para tentar se salvar da degola.

Pior. Sofreu o gol de empate aos 44 da etapa final, condição que o eliminava novamente. Não fosse o pênalti marcado pelo VAR de forma correta e o gol de Lucas na cobrança, Carpini estava com a corda no pescoço pelos seus próprios erros no jogo. Ele precisa se dar conta disso, saber onde está e ter mais coragem, principalmente diante de rivais em que os três pontos são obrigação.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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