Chama-se VAR, mas poderia ser truco, aquele jogo de baralho que o grito apavora o adversário e faz mãos serem ganhas. O VAR virou uma gritaria maluca e vence a discussão quem grita primeiro e mais alto. O grito geralmente se vale de um lance específico ou de uma conduta. Vou dar um exemplo: ‘mão levantada, mão levantada’. Aí, o defensor da ideia vai até o fim com a sua tese.
“Eu acho” também se ouve com frequência entre os árbitros que operam o VAR no futebol brasileiro. O juiz de campo fica ouvindo tudo isso enquanto sorri para os jogadores que o cercam no gramado. Algumas vezes ele coloca a mão no fone do ouvido para saber se os ‘malucos’ estão conversando com ele. E fica ali com cara de ‘pastel’, esperando os ‘eu acho’ tomar a decisão. Cada um entende as jogadas de uma forma. E, como disse, quem tiver mais poder de persuasão, quem gritar mais alto e primeiro, leva.
O pênalti não marcado contra o Corinthians na partida diante do Grêmio foi um desses episódios do VAR. A bola bateu na mão do atacante Yuri Alberto, o VAR começou a analisar e ganhou a parada quem gritou mais alto que não ‘foi nada’. Nesta terça-feira, um dia após a partida, a CBF veio a público para informar que houve erro do VAR e da arbitragem. Mais uma vez reconhece o problema de sua arbitragem e das pessoas que operam o árbitro de vídeo, que nasceu para acabar com os problemas e as injustiças do jogo.
Mas quem vai dar os dois pontos que o Grêmio poderia ter ganho em Itaquera? Não é uma questão desse ou daquele time, poderia ter prejudicado o Corinthians. O caso é o despreparo desses profissionais. Se as regras são definidas e o povo da arbitragem não se acerta há anos, não seria o caso de convocar outros profissionais mais, digamos, inteligentes e preparados ou que se preparem, estudando as regras e os lances.
A impressão que se tem é que eles se reúnem no dia do jogo na sala do VAR, ‘calçam as chuteiras’ e vão para o jogo. Não pode ser assim.
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