A 98ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre, realizada na manhã deste domingo, 31, terminou com uma dobradinha soberana do Quênia tanto na categoria masculina quanto na feminina. Entre os homens, o vencedor da prova foi Timothy Kiplagat, de 30 anos, que completou o percurso em 44min52s e faturou a corrida de maneira inédita. Emmanuel Bor (45min28s) e Reuben Longosiwa (45min44s), também do Quênia, ficaram com a segunda e terceira posição, respectivamente.
O melhor brasileiro na prova masculina foi Jonathas de Oliveira, que terminou na sexta posição. O competidor tinha o sonho de ser jogador de futebol, mas encontrou na corrida uma outra paixão. “Não deu para realizar o sonho de ser jogador, mas a gente dá para o gasto como atleta”, brincou, em entrevista à Globo, após cruzar a linha de chegada.
O primeiro lugar da prova feminina ficou com a queniana Catherine Reline, de 21 anos, que conquistou o bicampeonato da principal corrida de rua da América Latina ao completar a percurso em 49min54s. A compatriota Sheila Chelangat (51min35s) e a etíope Wude Ayalew (51min46s) completaram o pódio.
Reline era a grande favorita a vencer a São Silvestre e realizou o trajeto de maneira soberana, mas não conseguiu bater o o próprio recorde, estabelecido por ela no ano passado, com 49min39s — o recorde feminino é da também queniana Jemima Sumgong (48min35s). Uma cena curiosa chamou atenção: a queniana foi surpreendida por um cachorro enquanto percorria um dos trechos no centro histórico de São Paulo. Apesar da distração, ela continuou a corrida sem maiores problemas.
Felismina Cavela, angolana naturalizada brasileira, foi o destaque do País na prova feminina. Assim como Jonathas de Oliveira, ela terminou na sexta colocação, em sua estreia na São Silvestre. “É um orgulho representar o Brasil. É um país que me acolheu muito bem”, disse. Na categoria para cadeirantes, a vitória ficou com o brasileiro Fernando Aranha.
A última vez que um brasileiro venceu a São Silvestre foi em 2005, quando Marílson Gomes dos Santos conquistou o bicampeonato. Na categoria feminina, o Brasil venceu pela última vez com Lucélia Peres, em 2006. De lá para cá, apenas atletas da África venceram a competição.
O maior vencedor da São Silvestre é o queniano Paul Tergat, com cinco títulos (1995, 1996, 1998, 1999 e 2000). No feminino, a portuguesa Rosa Mota lidera com seis vitória consecutivas de 1981 a 1986.
Apesar da chegada do verão e da onda de calor que afetou o País recentemente, a prova deste ano foi realizada com clima ameno, com temperatura de 21 graus. O clima ensolarado foi propício para a festa dos corredores anônimos, que compareceram à corrida com as tradicionais faixas e fantasias — Chapolim Colorado, Homem-Aranha e Hulk eram alguns dos personagens presentes nas ruas de São Paulo.
Cerca de 35 mil corredores para o tradicional percurso de 15 quilômetros, que passa por alguns dos principais pontos turísticos de São Paulo, como o Estádio do Pacaembu e a Praça da República. Tanto a largada quanto o cruzamento da linha de chegada acontecem na Avenida Paulista, cartão postal mais famoso da capital.
COMO SURGIU A CORRIDA DE SÃO SILVESTRE?
O idealizador da prova de São Silvestre foi o jornalista Cásper Libero. Em 1924, ele assistiu a uma competição noturna em Paris, na França, na qual os atletas percorriam o trajeto portando tochas de fogo e resolveu implementá-la no Brasil na virada do ano. A primeira corrida foi disputada à meia-noite do dia 31 de dezembro de 1924. Alfredo Gomes, apelidado de Rei do Fôlego, terminou na frente entre os 48 inscritos, com o tempo de 23min10s4/100. O percurso era de 8.800 metros. Na primeira edição, apenas moradores da cidade podiam participar. A prova foi aberta a todos os brasileiros alguns anos depois.
QUEM FOI SÃO SILVESTRE?
O nome da corrida é inspirado em Silvestre I, o 33º papa da história do Catolicismo. Nasceu em Roma, em 295, e foi papa entre 314 a 335. Iniciou sua vida como papa com a missão de organizar Igreja Católica depois do decreto do imperador Constantino, que colocou fim à perseguição aos cristãos. Responsável por instituir o domingo como dia santo, ele morreu em 31 de dezembro de 335, razão pela qual a data se tornou o Dia de São Silvestre — após sua morte, foi canonizado santo pela Igreja e passou a ser referido como São Silvestre. Por ser realizada no último dia de cada ano, a corrida foi batizada com seu nome.
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