Mais de 37 mil pessoas, de 40 países de todos os continentes, vão às ruas nesta terça-feira, 31, para a 99ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre, a principal prova de rua da América Latina, Realizada anualmente em São Paulo no dia 31 de dezembro, a corrida mais famosa do País reúne competidores famosos e anônimos durante o tradicional percurso de 15 quilômetros, que passa por alguns dos principais pontos turísticos da capital paulista.
Hegemonia africana
Os brasileiros buscam derrubar a hegemonia africana. Marílson dos Santos, em 2010, foi o último atleta do País a ganhar a São Silvestre. De lá para cá, são 12 vitórias consecutivas dos corredores africanos. O último triunfo feminino é ainda mais distante, com Lucélia Peres, em 2006.
Johnatas de Oliveira Cruz e Kleidiane Barbosa Jardim foram os melhores brasileiros na edição passada e buscam subir ao pódio neste ano. Os dois terminaram em sexto em 2023. Em ótima forma está o bicampeão da Volta da Pampulha, Fabio de Jesus Correia. Ele foi quarto colocado na São Silvestre 2022. Wendell Souza (melhor brasileiro nas 10 Milhas Garoto), Justino Pedro (campeão da Maratona de Salvador) e Ederson Vilela (bicampeão da Maratona de Curitiba) também surgem com chances de pódio. No feminino, Valdilene dos Santos Silva, Mirela Saturnino de Andrade e Andrea Hessel são atletas para ficar de olho.
Corredores de Quênia e Etiópia têm se alternado no topo. Os dois países mais consagrados da corrida de rua apresentam retrospecto parelho: são seis vitórias quenianas e cinco dos etíopes. No ano passado, venceram dois quenianos: Timothy Kiplagat, de 30 anos, que completou o percurso em 44min52s, e Catherine Reline, terminando os 15km em 49min54s. Os melhores brasileiros na prova foram Jonathas de Oliveira e Felismina Cavela - ambos fecharam em sexto lugar.
Na elite masculina, o Quênia, que busca o 18º título em São Paulo desde 1992, é o país estrangeiro com mais representantes. São quatro. Entre eles, Wilson Too, que chega com a melhor credencial do pelotão. Ele conquistou o 2º lugar na Meia Maratona de Bilbao deste ano com 1h01min24s. Os outros quenianos são Wilson Mutua Maina, Peter Mbogo Wangema e Nicolas Kosgei, campeão da Maratona de São Paulo 2024.
Gizealew Ayana, campeão da Maratona de Paris 2023, é o destaque de Etiópia. Uganda, campeã em 2022 com Andrew Kwemoi, quer repetir o feito e, para isso, conta com Maxwell Kortek Rotich, atual vencedor da Maratona de Porto Alegre, Moses Kibet e Phillip Kipyeko. A Tanzânia dispõe de Joseph Pang, vice-campeão da São Silvestre de 2022.
Entre as mulheres, a soberania africana é ainda maior, com vencedoras de forma consecutiva desde 2007. O Quênia tem 18 vitórias no feminino e Etiópia, quatro. No pelotão de 2024, os destaques são a etíope Kasanesh Base e as quenianas Agnes Keino, Cynthia Chemweno, Salome Chepchumba, Vivian Kemboi e Viola Kosgei, esta última que subiu ao pódio da São Silvestre no ano passado. A aposta da Tanzânia é Anastasia Dolomongo Ng’Ombengeni.
Percurso
A tradicional corrida de São Silvestre tem como cenário alguns dos mais importantes pontos turísticos da capital paulista, como o Estádio do Pacaembu e a Praça da República. Os competidores também passam pelas avenidas São João, Ipiranga e Brigadeiro Faria Lima.
Os corredores largam da Avenida Paulista, um dos maiores cartões postais de São Paulo, entre as ruas Frei Caneca e Augusta. A chegada também será na Paulista, em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, na altura do número 900.
Horário
- 7h25: largada categoria cadeirantes;
- 7h40: largada elite feminina;
- 8h05: largada elite masculina, Pelotão C, cadeirantes com guia e pelotão geral.
Onde assistir
- Globo;
- Gazeta
Como surgiu a São Silvestre?
O idealizador da prova foi o jornalista Cásper Líbero. Em 1924, ele assistiu a uma competição noturna em Paris, na França, na qual os atletas percorriam o trajeto portando tochas de fogo e resolveu implementar algo semelhante no Brasil na virada do ano.
A primeira corrida foi disputada à meia-noite do dia 31 de dezembro de 1924. Alfredo Gomes, apelidado de Rei do Fôlego, terminou na frente entre os 48 inscritos, com o tempo de 23min10s4. O percurso era de 8.800 metros. Na primeira edição, apenas moradores da cidade podiam participar. A prova foi aberta a todos os brasileiros alguns anos depois.
O nome da corrida é inspirado em Silvestre I, o 33º papa da história do Catolicismo. Nasceu em Roma, em 295, ele foi papa entre 314 a 335. Iniciou com a missão de organizar Igreja Católica depois do decreto do imperador Constantino, que colocou fim à perseguição aos cristãos.
Responsável por instituir o domingo como dia santo, ele morreu em 31 de dezembro de 335, razão pela qual a data se tornou o Dia de São Silvestre — após sua morte, foi canonizado santo pela Igreja e passou a ser referido como São Silvestre. Por ser realizada no último dia de cada ano, a corrida foi batizada com seu nome.
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