The New York Times - Às vezes, ele se encontra sozinho em uma mesa no US Open ou nas mãos de um torcedor. Muitas vezes, está empilhado, talvez em pares ou em uma “torre” mal equilibrada. Para onde quer que você olhe, há o familiar copo transparente do Honey Deuce. Por um tempo, pilhas desses recipientes foram tudo o que Christine Dinisi, de 34 anos, viu quando abriu o armário enquanto procurava por um copo d’água. “Durante muito tempo, até cerca de um ou dois anos atrás, eles eram os únicos no meu apartamento”, disse ela, estimando que já teria cerca de 20 em sua cozinha.
O Honey Deuce, feito de vodka Grey Goose, licor de framboesa e limonada, e enfeitado com melões em formato de bolas de tênis, é o coquetel exclusivo do Aberto dos Estados Unidos desde 2006 (mas que virou febre nesta edição, sendo mostrado nas transmissões da TV). A bebida já é um atrativo por si só, mas o copo de plástico rígido, com o ano em curso e os nomes dos vencedores anteriores do torneio impressos nele, é um souvenir muito procurado, servindo, em partes, como justificativa do preço de US$ 22 (cerca de R$ 109 em conversão direta) do drink.
Dinisi é gerente de serviços de marketing de uma empresa de arquitetura e engenharia de Nova York e coleciona o copo há anos. Segundo ela, o Honey Deuce foi um fator motivador para suas viagens ao Flushing Meadows Corona Park, sede do US Open. “Pode ser um dos motivo”, disse ela.
No ano passado, mais de 405 mil coquetéis foram vendidos ao longo da competição. No meio do último fim de semana de disputas, alguns estandes ficaram sem copos colecionáveis, entregando o Honey Deuce em um recipiente genérico pelo preço reduzido de US$ 20.
Já na segunda-feira, Trudy Potter, Susie McMullan e Debbie Morrison, todas do estado de Connecticut, estavam saindo da arquibancada com oito copos empilhados entre elas. “Viemos aqui para isso”, disse Potter sobre os itens adquiridos. “Meus filhos os adoram”, disse McMullan.
As amigas gostam de colecioná-los como lembranças de suas visitas ao Aberto dos Estados Unidos, e a lista dos nomes dos vencedores oferece ainda um histórico do torneio ao longo das temporadas. “Os anos passam e nos lembramos dos campeões”, disse Potter.
Apesar do valor do copo, não basta só tê-lo, mas também preservá-lo bem, e há um segredo, segundo Morrison, para mantê-los em boas condições: “Lave-os à mão”, disse ela. Caso contrário, podem rachar e até desbotar. Dinisi, por exemplo, teve que descartar um bom número de recipientes quebrados ao longo dos anos, mas, na verdade, ela até prefere que o copo se pareça mais com um copo d’água normal do que com um souvenir típico de estádio, e sua estrutura de plástico rígido o torna mais resistente do que a maioria.
Essa característica foi pensada intencionalmente. Aleco Azqueta, vice-presidente de marketing da Grey Goose North America, disse que o copo de acrílico foi construído para que os bartenders pudessem servir as bebidas o mais rápido possível e para que fossem seguros para os torcedores carregarem no complexo. “Para muitos torcedores, eles são fundamentais para toda a experiência do Aberto dos Estados Unidos”, escreveu Azqueta por e-mail. “O torneio é elegante e muitas vezes parece que o Honey Deuce é tratado como um acessório de moda.”
Seja fazendo uma aparição especial no evento que marca o fim não oficial do verão nos Estados Unidos ou simplesmente cumprindo seu dever como recipiente para uma bebida doce e exclusiva, o copo é onipresente no Grand Slam de Nova York.
Dinisi, hoje em dia, depende menos do item do que antes. “Finalmente desencanei e comprei alguns copos de água de verdade”, disse ela, mas, mesmo assim, levará para casa um ou dois este ano. No fim das contas, o US Open não seria o mesmo sem eles.
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