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Entenda por que Roger Federer, já aposentado, é um dos atletas mais bem pagos do mundo

Suíço, que deixou o circuito mundial no ano passado, ocupa o nono lugar do ranking da revista Forbes com ganhos de R$ 472 milhões

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Foto do author Felipe Rosa Mendes
Atualização:

Roger Federer disputou apenas uma partida oficial na temporada 2022. Foi um jogo de duplas, que marcou sua aposentadoria, num torneio que não distribui premiação aos participantes. Mesmo assim, o suíço surpreendeu ao entrar no Top 10 dos atletas mais bem pagos, na famosa lista da revista Forbes. Depois de um ano praticamente nulo em sua carreira, como Federer consegue se manter tão relevante no mundo dos esportes? Qual é o seu segredo?

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O agora ex-tenista apareceu no nono lugar da Forbes, com ganhos estimados de US$ 95,1 milhões (cerca de R$ 472 milhões, pelo câmbio atual), entre maio de 2022 e o mesmo mês deste ano, devido a duas condições raras no mundo do esporte: renda concentrada em patrocínios e contratos de longo prazo.

Isso é incomum mesmo no mundo do tênis, cujos atletas não têm salários, como acontece com jogadores de futebol e basquete, profissionais que dividiram o Top 10 da Forbes com Federer. A grande maioria dos tenistas depende essencialmente das premiações dos torneios para sobreviverem e construírem patrimônio.

Os patrocinadores vão permitir ao suíço de 41 anos manter o padrão elevado dos seus ganhos mesmo anos depois da sua aposentadoria, oficializada em setembro de 2022. Federer tem contrato vitalício com a Wilson, fabricante de raquetes e bolinhas, e manteve vínculo com marcas de peso, como Mercedes e Rolex, segundo apurou o Estadão - as empresas não revelam a duração dos acordos.

Roger Federer se despediu das quadras em 2022 Foto: Glyn Kirk / AFP

Mesmo quando estava fora das quadras, por lesão, ele se tornou garoto-propaganda da Switzerland Tourism, a agência estatal para promover o turismo na Suíça.

Em termos de cifras, a grande arrancada nos rendimentos do tenista aconteceu na reta final de sua carreira, em acordos com a japonesa Uniqlo e a suíça On, entre 2018 e 2019, quando ele levantou seus últimos troféus no circuito.

Em 2018, ano do seu último título de Grand Slam, Federer se tornou o atleta que mais ganhou com patrocínios no mundo graças ao acerto com a Uniqlo, que substituiu a Nike em seu portfólio. O contrato de 10 anos não surpreendeu apenas pela duração e pelo valor de US$ 300 milhões (quase R$ 1,5 bilhão). Na época, os especialistas criticaram a Nike por perder o astro do tênis mundial, mas também se chocaram com a capacidade do suíço de fazer um contrato tão longo quando todos já sabiam da proximidade de sua aposentadoria.

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Com o acerto, Federer passou a vestir as roupas da Uniqlo em cada partida. Mas ainda manteve vínculo com a Nike para calçados. Até que, no ano seguinte, ele se tornou sócio minoritário da On, fabricante suíça de tênis que viu no atleta o perfil ideal de garoto-propaganda. A empresa estreou na bolsa de valores em setembro de 2021 com valor estimado de US$ 10 bilhões (quase R$ 50 bilhões). Na prática, os 3% que Federer detém na empresa se tornaram cerca de US$ 300 milhões, algo em torno de R$ 1,5 bilhão.

Não por acaso o suíço se tornou em 2020 o atleta mais bem pago do mundo pela primeira vez em sua carreira. No embalo destes feitos fora de quadra, ele não apenas entrou na lista do Top 100 de celebridades da Forbes como figurou em terceiro lugar, à frente de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. A revista estima que o ex-tenista tenha recebido US$ 1,1 bilhão (R$ 5,4 bilhões) durante toda a carreira, entre premiações, patrocínios e pagamentos por exibições.

CASE DE GESTÃO DE CARREIRA

Os contratos de longo prazo e a ampla lista de patrocinadores - empresas como Lindt, Credit Suisse e Moët & Chandon ainda aparecem em seu site oficial - são consequência de uma eficiente gestão de carreira, na avaliação de especialistas. O sucesso do suíço no gerenciamento de sua imagem é unanimidade e referência para marqueteiros de todas as áreas.

“Ele sabia que chegaria esse momento da aposentadoria e tudo foi pensado para que sua imagem fosse além das quadras. Ele soube construir uma reputação diante dos holofotes e no contato com os seus fãs. Isso é algo novo, da geração dele”, disse Ivan Martinho, professor de marketing da ESPM, ao Estadão.

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O especialista lembra que no início da carreira o suíço protagonizou alguns episódios de destempero em quadra. Mas que logo foram contidos enquanto se destacava no circuito. “Depois disso, não teve envolvimento em polêmicas. Era muito elegante em quadra, elogiando os rivais mesmo quando perdia. Foi uma carreira repleta de acertos. Ele, então, conseguiu associar profissionalismo, sucesso e relacionamento à sua imagem.”

Martinho acredita que Federer poderá fazer história fora de quadra, como fez no circuito, se conseguir renovar seus contratos de patrocínio mesmo após aposentado. “Seria algo fenomenal. Vai depender bastante da capacidade dele de continuar relevante.”

“A história dos atletas com contratos mais longos, pós-aposentadoria, é algo bem novo, fruto das redes sociais e do relacionamento mais próximo com os fãs. Provavelmente teremos mais casos no futuro porque agora a marca leva o conteúdo, que é o atleta, e também o canal de distribuição, que agora são as redes sociais. Federer está abrindo caminho para outros atletas. Vai ser o pioneiro”, avalia Martinho.

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