A promessa virou realidade neste domingo. Elogiado com muita justiça nestas últimas semanas, João Fonseca atendeu às expectativas e conquistou seu primeiro título de ATP em Buenos Aires. O troféu ratificou performances de alto nível que vêm encantando o mundo do tênis desde o troféu do Next Gen Finals, no fim de 2024.
A partir daquele torneio, que reúne promessas e não integra oficialmente o circuito, Fonseca se tornou alvo de elogios, comparações e especulações sobre o seu futuro. Neste intervalo, o carioca de 18 anos derrubou rivais de peso, como o russo Andrey Rublev, então número 9 do mundo, na quadra central do Aberto da Austrália. Manteve uma forte ascensão no ranking da ATP. Atraiu a atenção de especialistas e até de pessoas que nunca acompanharam o circuito de tênis.
Faltava, ainda, um título que ratificasse um novo status. Não falta mais! Fonseca é agora campeão de um torneio de nível ATP. É também o novo número 1 do Brasil no ranking. E chega ao Rio Open com status de maior atração do evento. Fonseca não é mais promessa, é realidade no mundo do tênis.

Esse status, claro, não se deve somente ao troféu obtido na capital argentina. Acompanhando a carreira do tenista desde o juvenil, podemos atestar a franca evolução do atleta em diversos aspectos, além do evidente talento e da sua disposição para grandes feitos - ele já disse que sonha em ser número 1 do mundo e campeão de Grand Slam, a exemplo de Gustavo Kuerten.
Em Buenos Aires, o jovem brasileiro viveu fortes emoções, sem exagero. Pela primeira vez, emplacou duas viradas em sequência, e contra rivais locais e mais experientes. Ele salvou e perdeu match points, buscou reviravoltas que pareciam impossíveis, ganhou experiência. Em outras palavras, descobriu uma força mental que ainda não havia aparecido em seu jogo.
A palavra “coragem” se tornou comum em suas respostas em diversas entrevistas coletivas ao longo da semana. Ao mesmo tempo que desenvolve sua força mental em quadra, Fonseca “desbloqueia” novos recursos, principalmente táticos. Sua leitura de jogo foi perfeita nos difíceis confrontos das oitavas e das quartas de final para mudar a estratégia no momento certo e conquistar as vitórias.
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O crescimento no lado “macro” do jogo acompanha a evolução no “micro”. A cada partida em Buenos Aires, Fonseca aprimorava sua capacidade de tomar decisões em cada ponto, um timing cada vez mais cirúrgico. Do ponto de vista mais técnico, ele acertou até “saque e voleio”, golpe mais indicado para pisos mais rápidos, no pesado saibro argentino ao longo da semana.
Os novos recursos do brasileiro empolgaram até especialistas. A rápida evolução fez Fonseca desbancar lendas do tênis, como o suíço Roger Federer e o americano Pete Sampras, em estatísticas de precocidade, tanto ao chegar à final quanto ao se sagrar campeão em Buenos Aires.
A pergunta, então, surge inevitável: até onde poderá chegar o brasileiro de 18 anos? Fazer previsões sobre o futuro é sempre tarefa ingrata. O presente de sucesso, contudo, é realidade. O torcedor já pode voltar a sonhar com o tênis masculino brasileiro.