Nasceu uma nova estrela do tênis brasileiro. Na verdade, já havia nascido faz tempo. Nesta terça-feira, após a vitória no Australian Open sobre o número 9 do ranking da ATP, Andrey Rublev, apenas muita gente veio “visitar no hospital”.
Quem acompanha tênis já vinha se preparando para uma grande vitória como essa há pelo menos um ano, quando João Fonseca, aos 17 anos chegou até as quartas de final do Rio Open, um ATP 500. E não à toa lendas do esporte como Novak Djokovic e Andy Roddick já haviam apontado o sucesso futuro do carioca.
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Durante a partida sobre Rublev, ficou claro que João Fonseca conseguiu o que apenas atletas especiais na história do País conseguiram: furar a “bolha”. Mesmo quem não é familiarizado com o tênis estava acompanhando e torcendo pelo brasileiro. E ele entregou, vencendo o número 9 do mundo em sets diretos e repercutindo mundo afora.
Obviamente foi um resultado e uma performance pra lá de animadora, mas é sempre importante ter extremo cuidado em momentos como esse para a euforia não virar frustração para a torcida brasileira.
João Fonseca ainda está numa curva de aprendizado no circuito, chegando agora. Obviamente as 14 vitórias seguidas empolgam, mas é inevitável que uma hora a derrota venha. E não é para se desesperar quando isso acontecer.
E talvez até a derrota venha quando menos se esperar. Inclusive na próxima rodada, onde João Fonseca enfrentará Lorenzo Sonego, italiano que já foi número 21 do mundo e agora é o 55. Fonseca não é o melhor tenista do mundo porque venceu Rublev, nem será o pior ou “eterna promessa” se perder de Sonego.
Até hoje em sua carreira o brasileiro foi quase sempre “franco atirador” nas partidas em que jogou como profissional, sem entrar em quadra com o peso do “eu sou favorito e preciso vencer”. Pelo seu nível de talento e postura de trabalho, vai chegar um momento, talvez mais cedo do que alguns esperavam, em que ele vai entrar como favorito, ou muito favorito, contra o tenista pior ranqueado. E aí, como vai ser? Vamos descobrir.
E se ele sofrer alguns “tropeços”, é normal para um garoto. Alcaraz, Federer, Nadal, Djokovic...todos perderam diversas partidas e que eram favoritos, desperdiçaram chances, break points, match points.
Fato é que o Brasil tem pela primeira vez em anos um nome para se empolgar no tênis masculino, mas algo que não está no controle dele é o “esgoto” que viraram as redes sociais, onde usuários podem te colocar no céu hoje, no dia da vitória, mas fazerem críticas descabidas e ofensivas quando o revés vier.
Que João Fonseca consiga sobreviver a essa fase, algo que Bia Haddad Maia sofre diariamente, mesmo sendo, sem dúvidas, o maior nome do tênis depois de Maria Esther Bueno e Gustavo Kuerten.
Fonseca tem uma equipe que o prepara para isso, com os pais próximos cuidando da carreira e um técnico que faz ele focar em seu trabalho e não no que estão falando dele.
De resto, aproveitemos o sucesso de João Fonseca, porque estamos diante de um nome que será muito falado nos próximos anos e tem tudo para estar entre os grandes do Brasil.