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Na última Copa Davis em São Paulo, Brasil ganhou o playoff no WO

Confronto com a Áustria, em 1996, acabou com abandono do ex-número 1 Thomas Muster, que se sentiu 'ameaçado' pela torcida

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Por Nathalia Garcia e Amanda Romanelli

Faz 18 anos que o Brasil disputou um confronto da Copa Davis na cidade de São Paulo. O duelo, realizado em uma quadra de carpete montada no Hotel Transamérica, também foi pela repescagem e valeu o retorno do País ao Grupo Mundial. Mas, além da vaga na elite, a disputa também ficou marcada por um incidente envolvendo o astro do time rival, Thomas Muster, da Áustria. 

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Muster, de 29 anos, chegava ao Brasil como número 3 do mundo, mas já havia ocupado a primeira posição do ranking naquela temporada. A equipe brasileira de 1996 era formada por um jovem Gustavo Kuerten - que venceria Roland Garros, pela primeira vez, no ano seguinte -, Fernando Meligeni, Jaime Oncins e Roberto Jábali, capitaneados por Paulo Cleto. O Brasil optara por uma quadra rápida porque Muster era um especialista no saibro.

No primeiro dia da repescagem, em 20 de setembro, Meligeni perdeu para Muster por 3 sets a 0 (triplo 6/3). Mas Guga, com 20 anos, derrotou Markus Hipfl por 3 sets a 2, em um jogo exaustivo que durou 3h22, e empatou a série. 

No dia seguinte, Muster voltaria à quadra para o jogo de duplas com Udo Plamberger, no qual enfrentaria Kuerten e Jaime Oncins. Mas o duelo nunca acabou. Alegando “falta de segurança”, os austríacos abandonaram a quadra e a Davis quando o confronto estava no quinto set, com o placar de 2/0 para os brasileiros. 

Thomas Muster (centro) e o capitão Ronald Leitgeb reclamam com o juiz de cadeira Foto: Luiz Paulo Lima/Estadão

Muster liderou o abandono do jogo, afirmando que havia sido ameaçado e vira “canivetes empunhados” por torcedores nas arquibancadas. Os austríacos reclamaram também que um torcedor tentou ofuscar a visão do seu principal astro com um espelho, refletindo a luz do sol em sua direção. A torcida, de fato, não teve bom comportamento. Em uníssono, gritava “Muster gay”, algo que não ficaria impune quase duas décadas depois.

A arbitragem não concordou com as reclamações dos europeus, que não só abandonaram o terceiro jogo como se recusaram a disputar as duas partidas de simples do domingo. O Brasil foi declarado campeão do confronto por 4 a 1. Ao público que hostilizou os austríacos, coube assistir a dois jogos-exibição. Guga jogou com Meligeni, e Oncins enfrentou Jábali.

Ao desembarcar em Viena, já no domingo, Muster afirmou ter se sentido inseguro para continuar disputando a partida de duplas. “Durante três horas e meia, fui insultado e cuspido, além de jogarem objetos na quadra. Se isso é a Copa Davis, não quero mais participar da competição.” O austríaco foi além e disse que o Brasil era um “país de animais”.

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Mas, apesar de toda a reclamação da Áustria, a Federação Internacional de Tênis confirmou a vitória brasileira e referendou o retorno do País ao Grupo Mundial. Aos europeus, restou a punição financeira. A Federação Austríaca ganhou uma multa de US$ 58.760 pelo abandono de quadra; Muster precisou pagar US$ 2 mil após seu comportamento ter sido considerado inadequado e outros US$ 6 mil pelo abandono de jogo.

No relatório produzido pelo árbitro-geral do confronto, o português Antônio Marques, não havia motivo para os austríacos temerem pela segurança. “Nada justificava o abandono de quadra”, dizia o texto.

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