O US Open exige prova de vacinação contra o coronavírus para seus espectadores adultos, mas não para jogadores de tênis, uma distinção que a atual vice-campeã Victoria Azarenka considera "estranha". Na quarta-feira, a ex-número um do mundo disse aos fãs após sua vitória na segunda rodada que estava feliz por todos terem sido vacinados contra o vírus, um requisito exigido pelas autoridades de Nova York.
"Quero começar esta conversa entre as nossas jogadoras, porque para mim é um pouco estranho que os torcedores tenham de ser vacinados e os jogadores não", disse Azarenka. A duas vezes vencedora do Aberto da Austrália adicionou que é inevitável que a obrigação de se vacinar seja imposta em algum momento. "Não vejo sentido em atrasar, porque acho que queremos estar seguros, continuar fazendo nosso trabalho e sei que há muitas discussões sobre isso", declarou a belarussa.
O circuito feminino da WTA informou que quase metade de suas jogadoras foram vacinadas, enquanto a ATP observou que pouco mais da metade dos tenistas tomaram a vacina. O terceiro cabeça-de-chave do torneio masculino, o grego Stefanos Tsitsipas, declarou no mês passado que só seria vacinado se fosse obrigatório."Em algum momento terei que fazer isso, tenho certeza disso, mas até agora não é obrigatório para competir, então não o fiz", disse o tenista.
Entre a população em geral, pouco mais da metade dos americanos foram vacinados, refletindo divisões semelhantes às dos jogadores de tênis de elite. "Respeito a opinião de todos, desde que não seja uma teoria da conspiração, se você realmente tem um conhecimento decente e fez sua pesquisa e tem seus dados e estatísticas. Essa parte da conversa, que você realmente precisa saber o que está dizendo, está faltando em muitos jogadores", disparou Azarenka.
Daniil Medvedev, segundo cabeça-de-chave no Aberto dos Estados Unidos, acredita que a decisão de exigir a vacinação não é responsabilidade dos jogadores, mas dos líderes da ATP e da WTA. "Eu entendo por que eles fizeram isso com os torcedores. Até agora, não foi aplicado aos jogadores. Só podemos seguir as diretrizes e as regras. Isso é tudo o que podemos fazer." disse Medvedev.
Para ele, os tenistas são apenas “trabalhadores fazendo seu trabalho na quadra de tênis”. Por isso, independente de estarem felizes ou não com os órgãos que comandam o tênis, uma decisão como essa não cabe aos atletas, segundo o russo. A diretora do torneio, Stacey Allaster, adiantou que os jogadores que testarem positivo para o coronavírus serão retirados da competição. “Temos um protocolo rigoroso. Os testes são um componente-chave para diminuir o risco à saúde e segurança de todos”, afirmou.
Até agora, o francês Gilles Simon foi retirado do torneio após seu técnico testar positivo e ele ter sido considerado um "contato próximo". O tenista escolheu não se vacinar contra a covid-19. A americana Sofia Kenin, quinta colocada no ranking, testou positivo apesar de ter sido vacinada. “Felizmente, eu me vacinei e, por isso, os meus sintomas são bastante brandos”, disse.
O britânico Andy Murray, três vezes campeão de Grand Slam, relatou que conversas sobre o assunto estão em andamento. "Os jogadores que foram vacinados terão condições muito diferentes dos que não foram. Isso se tornará um problema nos próximos meses", opinou. O tenista também disse que “haverá muitas conversas longas e difíceis com o circuito e com todos os jogadores envolvidos para tentar chegar a uma solução”.
Em Nova York, a vacinação é necessária para entrar em academias e restaurantes. Segundo a Our World Data, 60,3% da população nova-iorquina foi totalmente vacinada, num total de 24,4 milhões de doses aplicadas. "Estou tendo uma vida bastante normal, enquanto que para os jogadores que não foram vacinados, é diferente. Tenho certeza que eles ficarão frustrados", afirmou o britânico.
Murray concluiu dizendo que os atletas serem vacinados é uma medida que visa cuidar do público. “Temos a responsabilidade, como jogadores que viajam pelo mundo, de cuidar dos outros também”. O tenista garantiu que está feliz por ter sido vacinado e espera que mais jogadores decidam se imunizar nos próximos meses.
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