Análise | O que explica derrota de João Fonseca no Australian Open em seu ‘GP de Mônaco-84′

Tenista brasileiro não venceu, mas deu seu cartão de visitas para o mundo, assim como Ayrton Senna na fatídica corrida há 41 anos

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Foto do author Gustavo Faldon

João Fonseca não venceu Lorenzo Sonego, mas é inegável que o brasileiro saiu do Australian Open de 2025 vencedor. Ter furado o qualy, vencido o número 9 do ranking e levado um tenista experiente, que já foi top-25 e é dono de 4 títulos na ATP ao quinto set mostrou o cartão de visitas do carioca de 18 anos para o mundo do tênis.

Elogios de Novak Djokovic, Carlos Alcaraz e John McEnroe nesta semana em Melbourne mostraram que João Fonseca é o futuro do tênis mundial e o seu “hype” está além das fronteiras tupiniquins. O mundo está de olho nele.

João Fonseca deu adeus ao Australian Open Foto: Martin Keep/AFP

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Fonseca ainda tem um longo aprendizado pela frente, mas deixa a Austrália sendo o tenista mais jovem dentro do Top 100 do ranking que será atualizado daqui 10 dias. Era normal que pela primeira vez num Grand Slam e pela primeira vez jogando cinco sets o brasileiro sentisse, oscilasse, como aconteceu diante de Sonego.

Ele lutou, ganhou o quarto set depois de ser atropelado pelo jogo agressivo do italiano 51 do ranking nas duas parciais anteriores e foi pau a pau em mais de 3h30min de jogo. Só porque ganhou de Rublev, membro do Top 10 há 4 anos, não fazia de Fonseca favorito contra Sonego.

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No 3-3 no quinto set, o italiano sacou em 30-40 e, experiente, acertou um ótimo primeiro serviço para salvar a única janela dada a Fonseca na parcial decisiva. No game seguinte, com o brasileiro sacando em 3-4, Sonego acertou duas belas passadas por mérito seu, quebrou e na sequência fechou o jogo. Não dá para reclamar de vacilo ou chances perdidas, ainda mais para um garoto de 18 anos fazendo sua estreia em Slams. Como dito na minha análise anterior, derrotas duras fazem parte do processo. E outras mais duras ainda estão por vir, nem Alcaraz, Sinner e cia são imunes a elas.

Se contra Rublev o brasileiro foi efetivo em seu serviço, permitindo apenas uma quebra em seis oportunidades, contra Sonego os seus games de saque não forma tão constantes. Foram 12 chances de quebra, com o italiano aproveitando cinco delas.

Fonseca pouco incomodou o saque do italiano, quebrando apenas uma vez e vencendo somente 27% dos pontos em que o rival tinha a bolinha nas mãos, contra 34% de Sonego no mesmo quesito.

De qualquer forma, não há nada para se lamentar. Fonseca se apresentou definitivamente para o mundo, assim como Ayrton Senna o fez no GP de Mônaco de 1984. Na ocasião, Senna provou aquele dia que era um talento geracional que seria campeão no futuro ao quase vencer a corrida com a fraca Toleman na chuva de Monte Carlo.

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Fonseca, apesar de não ter chegado perto de ganhar o torneio - o que estava dentro do esperado - mostrou que seu nome será falado muitas vezes no futuro e o processo de amadurecimento há de ser respeitado.

Análise por Gustavo Faldon

Editor de Esportes do Estadão. Já cobriu Copas do Mundo, Olimpíadas, Super Bowls, UFC, Fórmula 1, NBA e muitos outros esportes. É jornalista formado pelo Mackenzie e com MBA em Gestão e Marketing Esportivo

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