O duelo entre Stephen Curry, considerado o melhor arremessador da linha dos três na história, e Sabrina Ionescu, atual campeã dos tiros de longe na WNBA, que acontece durante o O All-Star Weekend na noite deste sábado, é um crossover inédito no basquete. Mas disputa entre homem e mulher no esporte não é algo novo.
Decidida a combater o sexismo no esporte e na sociedade em geral, Billie Jean King, pioneira na luta pela igualdade de gênero no tênis mais de 40 anos atrás, decidiu desafiar Bobby Riggs, então com 55 anos, a uma partida de tênis em 1973, mesmo depois de ele ter vencido Margaret Court, então número 1 do mundo, em maio daquele ano.
Ele aceitou o convite da tenista, então com 29 anos e com disposição e coragem para criticar a associação que comandava o tênis dos Estados Unidos à época por medidas que prejudicavam as tenistas.

Billie Jean também enfrentou políticos e cartolas de federações importantes. Mas nada foi mais simbólico e importante para dar voz e espaço às mulheres no tênis que duelar com Riggs, ex-número 1 do mundo e campeão de Wimbledon e do US Open durante na década 1930.
Em todo os dias que antecederam a partida, ele fez comentários machistas e desmereceu a participação das mulheres no esporte - ainda que o excêntrico tenista teve esse comportamento “falastrão” mais para promover o evento, algo que Billie Jean reconheceu em entrevista. Ela sabia que precisaria vencer o jogo, que ficou conhecido como Batalha dos Sexos, para mostrar que as mulheres poderiam ser competitivas no tênis e ter os mesmos direitos que os homens na modalidade. E foi o que aconteceu.
Sob os olhares de mais de 30 mil espectadores, Billie Jean saiu vencedora da Batalha dos Sexos, transmitida para 90 milhões de pessoas ao redor do mundo. A tenista derrotou Riggs por 3 sets a 0 - parciais de 6/4, 6/3 e 6/3. A vitória lhe deu ainda mais voz, fama e reconhecimento para a americana liderar as mudanças que desejava em prol das mulheres.
Depois daquele histórico duelo, foi criada a WTA (Associação do Tênis Feminino), e o US Open tornou-se o primeiro Grand Slam a igualar a premiação para homens e mulheres. O complexo onde é disputado o US Open foi nomeado “USTA Billie Jean King National Tennis Center” em homenagem à tenista, que entrou para o Hall da Fama do tênis em 1987. Depois de se aposentar, ela passou a atuar como advogada e continuou o trabalho como ativista pelos direitos humanos e das mulheres. Hoje, tem 80 anos e mora em

Batalha dos Sexos virou filme
Disputado em 1973, o jogo foi retratado em filme 44 anos depois. Em 2017, foi lançado o longa homônimo que contou a história daquela partida. Emma Stone interpretou Billie Jean e Steve Carell viveu Bobby Riggs. O histórico jogo completou 50 anos em 20 de setembro do ano passado.
A ex-tenista se colocou no lugar de Emma quando ajudou a atriz vencedora do Oscar a representá-la. “Tentei me colocar no lugar de Emma. É realmente arriscado interpretar alguém que ainda está vivo. Pensei ‘Deus, isso é que é pressão’”, contou. As duas se tornaram boas amigas durante a filmagem.
Emma, que venceu o Oscar de melhor atriz em fevereiro por sua atuação no musical La La Land – Cantando Canções, nunca tinha jogado tênis, por isso suas sessões iniciais com Billie Jean se concentraram no trabalho de pés e na coreografia. “Eu dancei, então o trabalho de pés foi bem. Eu já tinha estado no palco antes, e quando Billie Jean entrou na quadra de tênis parecia que era seu palco, então ela realmente se concentrou nisso”, disse a atriz.
O filme está disponível no Star+, serviço de streaming da Disney.