Após enfrentarem uma difícil quarentena de 14 dias, os tenistas brasileiros vão enfim entrar em quadra no Aberto da Austrália. Luisa Stefani será a única representante feminina do País, nas duplas. No masculino, Thiago Monteiro será o único atleta nacional na chave de simples. Já nas duplas o Brasil terá os experientes duplistas Bruno Soares, Marcelo Melo e Marcelo Demoliner.
“Me sinto super bem e preparada para o Aberto da Austrália”, diz a duplista brasileira, que admite as dificuldades enfrentadas em sua preparação. Assim como os demais tenistas do Aberto da Austrália, que começa na noite deste domingo, pelo horário de Brasília, Stefani precisou enfrentar uma quarentena de 14 dias ao desembarcar em Melbourne.
Tinha apenas cinco horas por dia para treinar dentro e fora de quadra. “A experiência da quarentena foi bem diferente do nosso normal, um pouco difícil. Tive que ser muito mais disciplinada com a agenda do dia a dia, para manter o físico, principalmente nas horas em que estava no quarto. Não podia ficar só sentada ou deitada o tempo, o que seria muito ruim”, diz a brasileira de 23 anos ao Estadão.
Na sua avaliação, o maior desafio foi a questão mental, em razão da quarentena forçada. Para enfrentar o problema, fez exercícios no quarto do hotel, com a ajuda dos aparelhos liberados pela organização do torneio. “Fiz bastante alongamento e exercícios no quarto. Também participei de vários jogos online com meus amigos. Li bastante, assisti a filmes, falei muito no telefone, interagi bastante nas redes sociais. Toquei violão. Deu para aproveitar as coisas diferentes. Mas, se fosse menos tempo, seria melhor.”
O tempo menor para treinar teve efeitos em sua preparação. “Fez falta a possibilidade de jogar pontos contra outras duplas, que é uma coisa que é muito importante para mim e faz bastante diferença antes de competir. E estávamos vindo de duas boas semanas de jogos em Abu Dabi. Ter essa mudança de ritmo atrapalha um pouco”, afirma Stefani.
Apesar disso, a atual número 30 do mundo nas duplas reconhece que a quarentena era necessária para organizar o primeiro Grand Slam do ano. “Não é o ideal, mas é o que precisava ser feito para conseguirmos jogar o torneio e toda a gira na Austrália.”
CONTROLE RÍGIDO
Os tenistas brasileiros puderam sair do quarto de hotel por cinco horas diariamente porque não tiveram contato com pessoas infectadas pela covid-19 na viagem para a Austrália. Ao todo, 72 tenistas embarcaram em voos com pessoas que apresentaram teste positivo, o que obrigou uma quarentena mais rígida, de 14 dias ininterruptos sem sair do quarto, o que gerou reclamações e polêmicas.
“Não precisamos ficar fechados dentro do quarto. Isso ajudou bastante. Tivemos uma facilidade, que era andar pelas quadras de treino. Tínhamos total liberdade para, no horário programado para a gente, de poder respirar um pouco e treinar”, celebra Marcelo Melo, que formará dupla com o romeno Horia Tecau no Aberto da Austrália.
O duplista avalia que sua preparação não foi prejudicada e até que o período de clausura “ajudou”. “A experiência, logicamente, foi diferente. O máximo que eu tinha ficado de quarentena antes era uma semana dentro de casa. Mas acho que não atrapalhou nenhum pouco. Até ajudou, pelo motivo de ter estas horas de treino. Aproveitamos muito bem o tempo para poder treinar”, comentou.
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