Finalizando um ano atípico, em razão da pandemia do novo coronavírus, os principais tenistas do Brasil vão abrir mão das férias para emendar a temporada 2020 com a pré-temporada para 2021. A maioria terá apenas alguns dias na semana do Natal para descansar em meio aos treinos físicos, visando o Aberto da Austrália, apesar das indefinições quanto ao primeiro Grand Slam do ano.
A decisão por reduzir o período de descanso a poucos dias se deve à pandemia, que paralisou o circuito profissional por quase cinco meses e forçou as férias forçadas a todos, entre março e agosto, quando os torneios foram retomados tanto no masculino quanto no feminino.
O novo coronavírus também afetou o descanso dos atletas ao adiar torneios para o mês de dezembro, algo incomum no circuito. Geralmente o último mês do ano é reservado para férias e, nos dias finais, para a pré-temporada. Na primeira semana de dezembro, por exemplo, tenistas como Thomaz Bellucci, Thiago Wild, João Menezes e Felipe Meligeni ainda estavam na ativa, disputando o Challenger de Campinas.
Tenista brasileiro mais bem-sucedido do ano, Bruno Soares improvisou umas férias durante sua pré-temporada, em um resort na Ilha de Comandatuba, no sul da Bahia. Ele conta com a companhia de Bellucci, Thiago Monteiro, Rogério Dutra Silva e Beatriz Haddad Maia. Ao longo de três semanas, ao grupo vai treinar em preparação para 2021, ao mesmo tempo em que vai participar de clínicas com hóspedes do hotel.
Recuperando-se de lesão, Bia Haddad auxilia como “mentora” de atividades, assim como Teliana Pereira, recém-aposentada. O grupo tem o reforço do ex-duplista André Sá. A ideia é unir o trabalho com um pouco de descanso uma vez que os atletas levarão seus filhos e cônjuges.
Os tenistas mais experientes do Brasil têm também a companhia de juvenis, que integram o Time Guga. “Queríamos fazer um negócio diferente. A ideia era juntar os melhores juvenis do Brasil, de 10 a 18 anos, como os meninos do Time Guga, com os profissionais para treinarem sob o mesmo teto. Ao mesmo tempo, trazer os grandes executivos do País para estarem perto dos tenistas profissionais para ver como é uma pré-temporada dos nossos pupilos”, explica Márcio Torres, empresário de alguns dos principais tenistas do Brasil, ao Estadão.
O objetivo desta pré-temporada também é aproximar os atletas de potenciais patrocinadores, principalmente após um ano difícil para os tenistas, que passaram meses sem receber premiações dos torneios devido à pandemia. “O Bruno (Soares) vai levar os filhos, o Rogerinho também. É a oportunidade do cara trabalhar e estar com a família. Vamos juntar o útil ao agradável no mesmo lugar”, diz Torres.
Os irmãos Felipe e Carol Meligeni terão poucos dias de folga também, apenas na semana do Natal. Pela terceira semana seguida, a sobrinha de Fernando Meligeni disputa torneio no Egito. Felipe foi campeão do Challenger de São Paulo e semifinalista em Campinas, nas últimas duas semanas respectivamente.
Melhor brasileira da temporada, Luisa Stefani é a exceção entre as tenistas do País. Tirou duas semanas de folga, sendo que uma delas foi em razão de uma operação para remover um dente siso. No masculino, o também duplista Marcelo Melo reservou 14 dias de folga. Mesmo assim, foi menos que os 20 dias que ele costuma tirar de férias geralmente.
INCÓGNITA
A pré-temporada dos brasileiros está sendo diretamente afetada pelas indefinições sobre o Aberto da Austrália. A tendência é que os tenistas façam atividades mais leves por mais tempo porque ainda não sabem quando a temporada 2021 vai começar, novamente devido à pandemia.
O primeiro Grand Slam da temporada está sob grande indefinição. Geralmente disputado entre a metade e o fim do primeiro mês do ano, a competição em Melbourne deve começar somente em 8 de fevereiro, o que deve estender a pré-temporada da elite do tênis mundial. A confirmação da data depende das regras da Austrália quanto à covid-19. O país está com pouquíssimos casos atualmente - foram apenas sete novos nas últimas 24 horas - e tenta manter a situação favorável apesar da iminente entrada de centenas de pessoas no país, entre tenistas, treinadores e jornalistas, nas próximas semanas.
“Não temos nada programado para nossos tenistas ainda. Não sabemos nem se poderemos entrar na Austrália, provavelmente somente na primeira semana de janeiro”, diz Márcio Torres. A previsão inicial era de que os tenistas entrassem na Austrália ainda em dezembro para cumprirem quarentena de 14 dias antes do início da competição. A Federação Australiana de Tênis espera anunciar novidades nos próximos dias.
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