THE NEW YORK TIMES - Dezenas de cavalos de corrida foram mortos na semana passada quando um incendiário ateou fogo em um celeiro no norte do estado de Nova York, deixando seus donos arrasados. “Esses cavalos eram tudo para nós”, disse Edgar Clarke, treinador de cavalos Standardbred que tentou ajudar os animais a escapar, mas acabou perdendo todos os seus seis animais no incêndio.
Nenhum dos cavalos sobreviveu ao incêndio que eclodiu na manhã de quinta-feira no celeiro do Tioga Downs Casino Resort em Nichols, de acordo com policiais. Os proprietários de cavalos disseram que 30 morreram, de acordo com o Harnesslink, um site que informa sobre corridas de arreios.
Em poucas horas, Boyd Fenton, de 32 anos, foi acusado de iniciar o incêndio intencionalmente, de acordo com um comunicado da Polícia do Estado de Nova York. Fenton, de Athens, Pensilvânia, foi levado para o Centro Correcional do Condado de Tioga. Ele foi acusado de incêndio criminoso, roubo, dano criminoso e agressão, segundo a polícia.
Os proprietários de cavalos disseram que não sabiam quem era Fenton ou por que ele quis incendiar o celeiro, e a polícia não apresentou um motivo. Não ficou claro se Fenton tinha advogado.
Clarke e sua mulher, Cheri, disseram que chegaram ao celeiro por volta das 6h15 para começar o dia treinando e cuidando de seus cavalos. À medida que o carro se aproximava, eles viram chamas e “entraram em pânico”, disse Clarke. Eles correram para diferentes entradas do prédio em chamas para tentar resgatar os cavalos, clntou Clarke.
Clarke, 68 anos, disse ainda que pegou um extintor de incêndio e tentou conter as chamas. “Não consegui entrar no celeiro. Estava tudo tomado pelo fogo”. Ele sofreu queimaduras de segundo grau no rosto.
Cheri Clarke, de 57 anos, comentou que seu caminho estava obstruído por chamas e fumaça espessa. “Demos um passo para dentro e tivemos que sair, era impossível - eu ouvi os cavalos gritando. Ouvi os cavalos dando coices e gritando”, disse ela, aos soluços. “Não conseguimos fazer nada para ajudá-los”.
Cavalos de corridas de charretes
Muitos dos cavalos de Tioga Downs competiam em corridas de arreios - nas quais os condutores são puxados por seus cavalos em uma espécie de charrete. Embora a popularidade do esporte tenha diminuído nas últimas décadas, ele tem uma longa história em Nichols, cerca de 320 quilômetros a noroeste de Manhattan. A pista de corrida de arreios em Tioga Downs é uma das sete do estado.
Os danos causados pelo incêndio foram “uma perda que ninguém poderia ter imaginado ou esperado”, disse Jeff Gural, incorporador imobiliário de Nova York que é presidente da American Racing & Entertainment, proprietária do cassino e da pista, em comunicado na página do Facebook de Tioga Downs.
Kayla e Lee Morris, que se mudaram da Grã-Bretanha para os Estados Unidos há dois anos para praticar corridas de arreios, perderam todos os 12 cavalos que possuíam ou treinavam em Tioga Downs. Eles haviam adquirido um dos cavalos, Sandy Cheeks, de 2 anos, apenas duas semanas antes. “É de devastar a alma”, disse Kayla Morris. “Arrancaram tudo de nós”.
Na manhã de quinta-feira, Morris disse que ela e o marido correram de pijama para o celeiro assim que souberam do incêndio. “Tentei entrar no celeiro, mas não consegui porque o fogo estava muito quente, só consegui gritar”, disse ela. “Fiquei lá por quatro horas, só vendo tudo queimar e esperando, torcendo para que um deles saísse”.
Tanto os Morris quanto os Clarke construíram suas carreiras cuidando, treinando e correndo com cavalos criados especificamente para corridas de arreios. Os Clarke disseram que não têm certeza de como seguir em frente depois de terem perdido seus cavalos e todo o equipamento no incêndio. “Os últimos dias foram a primeira vez em toda a minha vida que não tive um único cavalo”, disse Edgar Clarke.
Entre os cavalos que morreram estava Danzon Hanover, um animal marrom e preto que adorava beliscar zíperes e cordões de moletom, e Lone Wolf American, de 4 anos, que cumprimentava qualquer um que se aproximasse de sua baia, disseram. Pocket Watch N, um cavalo atarracado com uma pelagem marrom elegante que era tão escura que quase parecia preta, tinha 7 anos e fez amizade com a filha de um amigo que também tinha 7 anos, disseram os Clarke.
Edgar Clarke disse que não voltou à pista desde o incêndio. “Não quero ver o que aconteceu”, disse ele. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU
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