Análise | F-1: McLaren erra e mostra que desaprendeu a ser campeã ao ofuscar vitória de Piastri

Norris é prejudicado por ter ambição; longos anos fora da briga por títulos faz equipe de Woking ser incapaz de traçar estratégia que privilegie a escuderia sem penalizar individualmente os pilotos

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Foto do author Marcos Antomil
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O que se assistiu na reta final do Grande Prêmio da Hungria de Fórmula 1 neste domingo foi uma boa amostra sobre como uma importante equipe pode esquecer os caminhos para ser campeã ao passar tantos anos distante da luta por vitórias e títulos. A McLaren foi a principal culpada pela desavença entre o australiano Oscar Piastri e o britânico Lando Norris.

Ainda na metade da prova, Piastri era líder - posição obtida logo na largada - e Norris vinha na segunda colocação, pressionado por Lewis Hamilton, da Mercedes, quando a McLaren optou por beneficiar o britânico e pará-lo nos boxes antecipadamente, o que garantiu mais tarde a conquista da liderança em relação a seu companheiro de equipe.

Oscar Piastri e Lando Norris conseguem dobradinha para a McLaren no GP da Hungria, fato que não acontecia desde 2021. Foto: Denes Erdos/AP

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Norris ao tomar a liderança foi orientado a deixar Piastri ultrapassá-lo. A cada volta, o britânico ampliava sua vantagem na ponta e ouvia mais instruções da equipe para ceder a liderança ao australiano. Apenas quando restavam duas voltas, Norris tirou o pé e permitiu que Piastri levasse a vitória no GP da Hungria.

No momento de maior instabilidade da Red Bull e do líder do campeonato mundial, Max Verstappen, cabia à McLaren impor a grandeza de sua história e não deixar que esse melindre se tornasse o principal fato do domingo. Norris é o segundo colocado no campeonato e, portanto, aquele com mais capacidade para bater o holandês e impedi-lo de faturar o tetra consecutivo.

Discussão pelo rádio marcou o desenrolar do Grande Prêmio da Hungria neste domingo. Foto: Denes Erdos/AP

Nos contatos com o rádio, Norris ouviu que para ser campeão é necessário o suporte da equipe e que, por isso, deveria obedecer a ordem e deixar o companheiro passar. Ganhar uma corrida resulta no acréscimo de 25 pontos na tabela, enquanto terminar em segundo, apenas 18. Esses sete pontos podem fazer diferença na disputa do título.

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Para ser campeão é obviamente necessário contar com o apoio da escuderia, mas, acima de tudo, é preciso ter ambição de ser campeão. E a McLaren mostrou que não está preocupada com o desempenho individual de seus pilotos e está focada na briga pelo mundial de construtores com a Red Bull.

Em seu histórico de campeões, incluindo Ayrton Senna e Alain Prost, o que não faltava era a vontade que a equipe de Woking esqueceu neste fim de semana. Provavelmente, os longos anos distante da briga por títulos fez a McLaren desaprender os meios para ser campeã. O último título de construtores foi em 1998, com a parceria entre Mika Häkkinen e David Coulthard, enquanto Hamilton, em 2008, faturou o último torneio de pilotos pela McLaren.

Norris não deveria ter cedido a posição tão tardiamente. Como mostrou estar muito melhor na pista, o britânico poderia ter deixado o australiano ganhar a posição e pleiteado brigar novamente por ela nas longas voltas restantes. Piastri perdeu completamente o brilho ao ganhar a primeira vitória dessa maneira. Vencer não sendo o melhor apaga os méritos de um piloto de 23 anos que tem um futuro promissor adiante.

“A equipe me pediu e eu devolvi a posição”, se limitou a dizer Norris após a prova. “Quanto mais demora (para ceder a posição), mais você fica tenso. Foi bem executado por parte da equipe. Foi a coisa certa a ser feita”, tentou amenizar Piastri.

Verstappen lidera o mundial de pilotos com 265 pontos, seguido de Norris com 189. Piastri é apenas o quinto, com 149. No torneio de construtores, a Red Bull tem 389 pontos, a McLaren, 338, e a Ferrari aparece na terceira colocação, com 322. Restam 11 Grandes Prêmios na temporada. A parada seguinte do circo da Fórmula 1 é em Spa-Francorchamps, na Bélgica, no próximo fim de semana.

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Análise por Marcos Antomil

Editor assistente de Esportes. Formado em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduado em Jornalismo e Transmissões Esportivas pela Universidad Nebrija (Espanha).

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