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Bortoleto e Drugovich na F1: Colapinto abre espaço para sul-americanos, mas porta está emperrada

Brasileiros foram melhores que concorrentes nas categorias inferiores, mas ainda não garantiram vagas como titulares na Fórmula 1

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Foto do author Marcos Antomil
Foto do author Gustavo Faldon
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Atualização:

Oficialmente, resta apenas uma vaga como piloto de titular na Fórmula 1 em 2025. No entanto, uma série de troca de cadeiras é possível a depender das decisões da Red Bull em relação ao mexicano Sergio Pérez, que está decepcionando na temporada. Dessa forma, dois pilotos brasileiros estão atentos à movimentação do mercado, mas têm um número elevado de concorrentes.

Gabriel Bortoleto, paulista de Osasco, é líder do Mundial de Fórmula 2 e teve seu nome fortemente ligado ao projeto da Audi com a Sauber a partir da próxima temporada. Já Felipe Drugovich, paranaense de Maringá, foi campeão da F-2 em 2022 e desde então ocupa o posto de piloto reserva da equipe Aston Martin. Para a próxima temporada, ele não tem sido especulado em projetos como titular.

Gabriel Bortoleto é o brasileiro mais próximo de uma vaga na Fórmula 1 no momento. Foto: Taba Benedicto/Estadão

A Argentina voltou a estar representada na Fórmula 1 após 23 anos com a ascensão de Franco Colapinto à titularidade na Williams. Há um porém: ele não tem vaga na equipe para 2025 e será substituído pelo espanhol Carlos Sainz, que formará parceria com o tailandês Alexander Albon.

Futuro de Pérez pode impactar grid de 2025 da Fórmula 1

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No paddock do Autódromo de Interlagos, circula a informação de que a instabilidade de Pérez pode levar a uma mudança na Red Bull até mesmo para as três últimas etapas da temporada, que serão disputadas em Las Vegas (Estados Unidos), Lusail (Catar) e Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos). A Red Bull corre sérios riscos de terminar a temporada na terceira posição no campeonato de construtores, o que significa dezenas de milhões de dólares a menos nos cofres para 2025.

Caso opte pela saída de Pérez, a Red Bull pode escolher algum piloto da sua equipe satélite, a RB: Liam Lawson - que seria favorito - e Yuki Tsunoda. Essa movimentação abriria uma vaga extra no grid. A escuderia austríaca, para se precaver de uma eventual saída futura do multicampeão Max Verstappen, também pode cogitar a contratação de algum piloto mais experiente de equipes que concorrem pelo topo do mundial. Por isso mesmo, qualquer movimento precipitado de brasileiros pode resultar na perda de uma vaga melhor na Fórmula 1.

Situação interfere no futuro de Bortoleto

Bortoleto é alvo reiterado de elogios de colegas na Fórmula 1. Verstappen disse que se estivesse na Sauber, já teria confirmado a contratação do brasileiro. O mesmo tom foi adotado por Oscar Piastri, da McLaren. O australiano aplaudiu o desempenho do piloto. O brasileiro tem seguido os passos de Piastri. Assim como o australiano, Bortoleto ganhou a Fórmula 3 e no ano seguinte está no páreo para faturar a F-2.

“Acho que ele tem feito um trabalho muito impressionante, vencendo a F-3 como novato no ano passado e agora liderando o campeonato na F-2. Então, sim, acho que, do meu ponto de vista, quando você alcança esse tipo de resultado, você merece estar na F-1. E eu tenho a experiência pessoal da dor de não conseguir uma vaga. Então, pelo bem dele, espero que ele não tenha de passar por isso”, afirmou Piastri, enquanto Verstappen foi mais categórico.

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“Se eu fosse a Sauber, já teria contratado o Bortoleto. Em 2026, haverá grande mudança de regras. É sempre bom se acostumar com uma equipe já por um ano, cometer seus erros aqui e ali, se integrar bem, entender um pouco o carro. Você sempre se sente muito mais preparado e confortável”, disse o holandês.

Bortoleto afirma que não espera novidades ao longo do Grande Prêmio de São Paulo e reafirma sua concentração no título da Fórmula 2. “Nunca desistir é o que eu mais aprendi neste ano, principalmente depois de começar a temporada como eu comecei. Caí para o 15º lugar e agora estou liderando o campeonato e é muito especial. Então, a lição é nunca desistir, manter o foco, cabeça baixa, sempre trabalhando, que as coisas vão dar certo. Estou muito confiante para o título”, disse.

Drugovich teve convites de outras categorias, mas mantém foco na Fórmula 1

Drugovich, por sua vez, afirma ter feito breves negociações com as equipes Williams, Sauber e Red Bull, mas que os diálogos não evoluíram para uma negociação até o momento. O paranaense foi convidado para pilotar na Fórmula E na Indy em 2024, recusou as propostas e permaneceu, nos monopostos, como reserva da Aston Martin na F-1, posição que coloca na condicional para 2025, mas deve manter dada a presença de Adrian Newey, mago da aerodinâmica, no projeto da escuderia para a próxima temporada.

O brasileiro Felipe Drugovich é piloto reserva da Aston Martin na Fórmula 1. Foto: Taba Benedicto/Estadão

“A questão é que eu quero uma vaga de titular na Fórmula 1 e a torcida inteira do Flamengo também”, brincou Drugovich em referência ao grande número de concorrentes por um cockpit na categoria. Ter refutado uma mudança para Indy e F-E não é um atitude da qual o brasileiro se arrepende. Ele entende que não está ficando velho para a Fórmula 1, mesmo com 24 anos.

Em 2025, a Fórmula 1 terá caras novas. Pilotos que não conquistaram títulos na F2 estão confirmados para a próxima temporada: o australiano Jack Doohan (Alpine, 21 anos), o britânico Oliver Bearman (Haas, 19 anos) e o italiano Andrea Kimi Antonelli (Mercedes, 18 anos). A diferença deles para Drugovich, por exemplo, é que fazem parte de uma academia de pilotos, o que lhes garante um vínculo com alguma equipe de Fórmula 1 desde as categorias inferiores.

O sucesso de Colapinto dentro e fora das pistas da F1

Colapinto é um caso diferente. O argentino surpreendeu dirigentes da Fórmula 1 com seu desempenho nas pistas e fora delas também. Christian Horner, chefão da Red Bull, afirmou ao alemão Auto Motor und Sport que “seria um chefe de equipe ruim se não averiguasse se o argentino está disponível no mercado”.

“Acho que minha presença na Fórmula 1 mostra que as coisas estão melhorando para os sul-americanos. Eu tive muitas dificuldades. Eu realmente lutei para sair do meu país para a Europa quando era muito jovem. Quando você é europeu, você termina a corrida e volta em um avião por uma hora e volta para casa e está com sua família à noite e é normal, enquanto para mim foi completamente o oposto. Aos 14 anos, morando sozinho, voltando de um fim de semana difícil precisando de um abraço, e você não tem isso. Você está completamente sozinho, o que torna tudo um pouco mais difícil. Claro, a parte do orçamento é a mais difícil, e é por isso que lutamos tanto. Acho que há muito talento na América do Sul, e mostramos isso quando alguém tem uma chance”, explicou o argentino.

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Franco Colapinto durante coletiva de imprensa no Autódromo de Interlagos. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nas redes sociais, vistas atualmente como um fator importante para as grandes marcas, Colapinto é um sucesso. Ele tem 3,3 milhões de seguidores no Instagram, números superiores aos de Piastri, que briga pelo título nesta temporada.

“Eu tenho muito apoio. Todos ao meu redor têm sido muito solidários. E eles me envolveram em cada pedacinho, o que é muito bom de ver. Eu acho que vai ser ótimo se outro sul-americano vier no futuro. E, se eu puder ficar para ter dois, vai ser incrível. Vamos torcer por isso”, concluiu Colapinto.