O novo passo dado por Enzo Fittipaldi em direção à Fórmula 1 renova no torcedor brasileiro a esperança de ver em breve um brasileiro no grid da categoria. Desde que Felipe Massa parou, o Brasil não tem mais pilotos na Fórmula 1. Descendo para a sala de imprensa do Autódromo de Interlagos neste sábado, cruzei com Massa na escadaria, o cumprimentei e ele a mim e seguimos cada um para seus afazeres depois de um aperto de mãos um dia antes da corrida de domingo em São Paulo.
Massa foi o último a fazer o torcedor levantar cedo para acompanhar as corridas e os treinos da F-1. Havia para quem torcer com as cores da nossa bandeira. Ele estava de mochila nas costas, andando calmamente por um lugar que não conseguiria passar sem ser parado para uma foto anos atrás.
Eram outros tempos aqueles. Ele parou de correr na F-1 em 2017, mas já sem a mesma competitividade. Não importa. Olhando para trás, foi o último brasileiro na categoria.
Quando ele parou, havia a expectativa de que outros brasileiros seriam promovidos com mais facilidade e rapidez. Mas não foi isso o que aconteceu. Já se vão cinco anos. A F-1 fechou os seus portões para os pilotos brasileiros. O rastro de vitórias e conquistas deixados por Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello e o próprio Massa, além de outros que estiveram na categoria, não ajudou muito os chefes de equipes a apostar no talento brasileiro para seus times. O dinheiro e os patrocinadores pesam mais agora.
Os netos de Fittipaldi trabalham duro para ter a chance. Tanto Enzo quanto Pietro orbitam a Fórmula 1 há anos na esperança de assumir um posto entre os 20 pilotos das dez equipes atualmente na competição. Há ainda Felipe Drugovich nessa corrida. Não tem sido fácil para nenhum deles. Pietro é piloto de teste da Haas. Drugovich vai ter a mesma função na Aston Martin. E Enzo, que já foi da Academia da Ferrari, agora vestirá as cores da Red Bull.
Enzo parecia bastante animado ao falar com o repórter do Estadão Marcos Antomil sobre a parceria com a Red Bull num momento em que a escuderia é a melhor da Fórmula 1. Enzo estará mais perto do bicampeão Max Verstappen e do time mais “redondo” da categoria. Mas o que isso significa? Não muito. Vai depender das oportunidades, da necessidade e dos patrocinadores. Isso vale para seu irmão da Haas e também para Drugovich.
Por ora, os fãs brasileiros de F-1, e eles não são poucos (estima-se que o evento em São Paulo reúna 230 mil nos três dias), vão ter de esperar um pouco mais. Pietro tem alguma esperança de correr em 2023. Os outros dois, ainda não.
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