Como Las Vegas para avenida mais famosa do mundo por 2 dias para GP de Fórmula 1

Via arterial que concentra hotéis e cassinos é casa do circuito e uma das estradas mais famosas do mundo

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Por Luke Smith/THE ATHLETIC

LAS VEGAS - Fazer uma corrida de rua acontecer na Fórmula 1 é um dos mais difíceis desafios logísticos para os organizadores de um Grande Prêmio.

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A cada ano em Mônaco, em Cingapura e Baku, no Azerbaijão, meses de planejamento entram em ação para transformar o centro de uma cidade em uma pista de corrida por apenas alguns dias, uma vez que as ruas esburacadas oferecem aos pilotos um desafio diferente de um circuito tradicional.

Entretanto, para o GP de Las Vegas, o desafio é multiplicado pelo fato de que o circuito incorpora uma das rodovias mais famosas do mundo: a Strip.

GP de Las Vegas tem parte de seu circuito em uma das vias mais famosas do mundo, a Strip. Foto: John Locher/AP

“Eu estava na etapa de Cingapura e conversando com o organizador, e ele dizia: ‘Nós não entendemos como vocês abrem e fecham a pista do jeito que fazem'“, conta Emily Prazer, diretora comercial da F-1 e do GP de Las Vegas.

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”Eles mantém as ruas fechadas por uma semana. Você consegue imaginar como diríamos ao conselho (de Las Vegas) que manteríamos as ruas fechadas por sete dias? Isso literalmente nunca aconteceria, jamais".

Conforme a F-1 embarcava no ambicioso plano de retornar a Las Vegas depois de quase 40 anos longe de lá, e insistia em contar com a Strip como parte das 3,8 milhas (6,12 km) da pista, era preciso um planejamento para manter a Strip aberta o máximo de tempo possível, preparando-a para a ação da F-1 a cada noite.

A missão de abrir e fechar ruas que são parte do circuito é supervisionada por Terry Miller, gerente geral do GP de Las Vegas. O evento pelo qual ele é responsável cobre 450 acres (1,6 milhões de metros quadrados).

“É uma área enorme, sem mencionar o fato de que há 45 negócios relevantes no entorno da pista", diz Miller. “Um desses 45 negócios é proprietário de cinco resorts diferentes. Então, a habilidade de manejarmos a logística de construção do nosso circuito é significante".

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A instalação do circuito, incluindo as barreiras, muros e iluminação, começou depois do final de semana do Labor Day (Dia do Trabalho, comemorado em 2 de setembro neste ano, nos Estados Unidos). Miller instruiu seu time uma metodologia de montagem um pouco diferente do primeiro ano: completando uma volta de forma semelhante aos pilotos.

“Neste ano, nós pudemos ser um pouco mais consistentes e focados quanto a como construímos a pista", diz ele. “Você tem de construir toda a iluminação antes de poder colocar de pé as barreiras".

Os maiores empreendimentos de Las Vegas ficam ao redor da Strip, como o Hotel Bellagio. Foto: Patrick T. Fallon / AFP

“Nós começamos em uma curva do circuito e seguimos pelo caminho e adicionamos toda iluminação e, então, seguimos com o mesmo padrão com as barreiras e, depois, com todos os componentes eletrônicos".

Como parte do acordo com as autoridades locais, nenhuma barreira foi colocada no trecho da Las Vegas Boulevard até 12 dias antes da corrida, para tentar minimizar problemas.

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“Eles não queriam distúrbios na Las Vegas Boulevard antes do necessário", disse Miller. “Nós fizemos nossos cálculos logísticos internos e falamos que poderíamos fazer tudo em 12 dias antes do GP".

Remover as barreiras da Strip é uma das primeiras tarefas depois da corrida, para que a via possa estar liberada antes do Dia de Ação de Graças (28 de novembro).

Um time de 140 pessoas trabalha para abrir e fechar a via, alocados em 42 locais que abrem e fecham todos os dias. São 3,5 mil barreiras, somando 7,6 milhas (12,23 km) de distância, duas vezes mais que o percurso da corrida. À noite, a via é iluminada com 1.750 luminárias temporárias.

Claro que pode haver incidentes que levam a delays, como a tampa da válvula de água solta que cancelou o primeiro treino livre no ano passado e significou que o segundo treino livre não terminou até 4h, mas isso também é planejado com a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e as autoridades locais.

“Nós temos o planejamento do cenário com o corpo de bombeiros e o departamento de polícia, para tudo, desde uma invasão de um espectador - ‘Como diabos ele conseguiu invadir, o que aconteceu, como nós lidamos com isso?‘“, disse Miller”. “Então, o nível de planejamento que esse evento atinge é extraordinário".

Todos os dias, a via é reaberta para tráfego, antes de ser novamente fechada para a Fórmula 1. Foto: Patrick T. Fallon / AFP

À meia-noite de domingo, a corrida estará completa, e as comemorações começam. O time de Miller vai imediatamente começar o processo de desmontagem. Às 4h, carros estarão livres para percorrer por ali novamente, com um grau de normalidade para aqueles que estarão dirigindo no meio de Las Vegas. “No Natal, nós já teremos recolhido tudo", conta Miller.

É um empreendimento considerável, mas necessário para fazer possível o sonho da F-1 em ter uma corrida na Strip.

“Eu estou envolvido no desenho e na construção de estádios da NFL, estádios da MLB, instalações de futebol, de Olimpíadas", cita Miller. “Faço isso há 44 anos. Nada se compara com o que eu vejo em Vegas para o projeto da F-1″.

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