CIDADE DO CABO (África do Sul) O E-Prix da Cidade do Cabo opôs campeões da Fórmula E na luta pela vitória até a última curva. O português António Félix da Costa, da Porsche, precisou de coragem e precisão para superar o francês Jean-Éric Vergne, da DS Penske, para subir ao topo do pódio pela primeira vez na temporada 2022-23. Nick Cassidy, neozelandês da Envision, chegou no terceiro lugar.
A Porsche tem o melhor carro do ano e dificilmente deixará o título escapar. Félix da Costa fez uma corrida de recuperação e somou importantes 25 pontos para se colocar na luta pelo bicampeonato e se juntar a Vergne, que também tem dois títulos.
Antes da largada, desfalques já haviam se apresentado para a prova. Com problemas de suspensão, a Mahindra retirou seus dois carros do grid (Lucas di Grassi e Oliver Rowland). A equipe ABT (Kelvin Van der Linde e Nico Müller) que usa equipamentos da Mahindra também se viu obrigada a abandonar o E-Prix. Sam Bird, da Jaguar, também não largou porque sua equipe não conseguiu consertar o carro a tempo após o acidente do treino classificatório.
![](https://www.estadao.com.br/resizer/v2/LMNWR6LIRNBHHI5D2IBTS2AZPU.jpg?quality=80&auth=1afe685d159933d2968801d322698c5afe4b02b0db9367518352f7429d858165&width=380 768w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/LMNWR6LIRNBHHI5D2IBTS2AZPU.jpg?quality=80&auth=1afe685d159933d2968801d322698c5afe4b02b0db9367518352f7429d858165&width=768 1024w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/LMNWR6LIRNBHHI5D2IBTS2AZPU.jpg?quality=80&auth=1afe685d159933d2968801d322698c5afe4b02b0db9367518352f7429d858165&width=1200 1322w)
Com a luz verde acesa, 17 carros puderam acelerar para as 30 voltas nas ruas da Cidade do Cabo. Mas a velocidade não durou muito. Na primeira volta, o safety car foi acionado depois de o líder do campeonato Pascal Wehrlein, alemão da Porsche, acertar a traseira do carro do suíço Sébastien Buemi, da Envision. Buemi pôde continuar na prova, mas Wehrlein teve de abandonar.
Na ponta, a luta pela liderança ficou restrita ao pole Sacha Fenestraz, da Nissan, Nick Cassidy, da Envision, e Max Günther, da Maserati. Günther, que não teve sorte e, faltando 10 voltas, errou a freada, bateu e deixou a corrida. A nova paralisação deixou todos os carros muito próximos e a emoção aumentou, com Cassidy na dianteira segurando os demais pilotos.
RECUPERAÇÃO LUSITANA
O dia estava propício para surpresas e reações. Saindo da 11ª posição, o português António Félix da Costa, com o forte motor Porsche, escalou o pelotão desde o início da prova e na hora certa, do segundo lugar, viu espaço para atacar Cassidy e tomar a liderança. Jean-Éric Vergne, da DS Penske, seguiu o mesmo caminho e assumiu a vice-liderança. Vergne não demorou muito para partir para o ataque. Assim que o português diminuiu o ritmo, ganhou o primeiro lugar. Mas António Félix da Costa tinha suas armas guardadas, deu o troco e ficou com a vitória.
![](https://www.estadao.com.br/resizer/v2/2APYGCTIIZFG3OMS3EDZFE7VPU.jpg?quality=80&auth=020b5aab92fbdb678fa5f0057cc1e3459c9ffc1d8eea083884ac068b78ff6308&width=380 768w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/2APYGCTIIZFG3OMS3EDZFE7VPU.jpg?quality=80&auth=020b5aab92fbdb678fa5f0057cc1e3459c9ffc1d8eea083884ac068b78ff6308&width=768 1024w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/2APYGCTIIZFG3OMS3EDZFE7VPU.jpg?quality=80&auth=020b5aab92fbdb678fa5f0057cc1e3459c9ffc1d8eea083884ac068b78ff6308&width=1200 1322w)
“Com esse carro novo, a aprendizagem é contínua. Acho que alguma forma de andar no vácuo dos outros carros tem uma influência grande. Não quero mais largar tão atrás, quando partimos do quinto lugar mais ou menos, aumentamos a chance de ganhar”, afirmou o português ao Estadão.
Único brasileiro na pista, Sérgio Sette Câmara fez uma corrida discreta, lutando por posições no fundo do pelotão e terminando na modesta 12ª colocação. O mineiro passou ileso, como pretendia, mas não conseguiu somar pontos.
“Tenho tido muita dificuldade, é muito software. Nessa pista, tinha muitas ondulações e o sistema fica perdido. Tive tudo para somar pontos (por causa das desistências), mas não consegui. A lição que fica da corrida de hoje é não perder contato com o pelotão. O efeito do vácuo nesses carros novos é muito grande. Se você descola, perde velocidade, gasta mais energia e leva a um ciclo negativo”, avaliou o brasileiro.
O resultado deixa o campeonato mais embolado. A liderança segue com Wehrlein, com 80 pontos, seguido Jake Dennis, com 62. O terceiro colocado é Jean-Éric Vergne, com 50. O quarto é Félix da Costa, que soma 46.
Encerrado o E-Prix da Cidade do Cabo, a Fórmula E volta suas atenções para São Paulo. A categoria de carros elétricos desembarca na capital paulista no dia 25 de março para a primeira corrida no Brasil. A prova vai acontecer no Complexo do Anhembi, usando o Sambódromo e a Avenida Olavo Fontoura.
RESULTADO - E-PRIX DA CIDADE DO CABO
- António Félix da Costa (POR - Porsche)
- Jean-Éric Vergne (FRA - DS Penske) - a 0s281
- Nick Cassidy (NZE - Envision) - a 1s808
- René Rast (ALE - McLaren) - a 2s208
- Sébastien Buemi (SUI - Envision) - a 2s656
- Dan Ticktum (GBR - Nio 333) - a 3s209
- Stoffel Vandoorne (BEL - DS Penske) - a 4s210
- Norman Nato (FRA - Nissan) - a 8s582
- André Lotterer (ALE - Andretti) - a 8s755
- Jake Hughes (GBR - McLaren) - a 10s475
- Mitch Evans (NZE - Jaguar) - a 14s183
- Sérgio Sette Câmara (BRA - Nio 333) - a 14s914
- Jake Dennis (GBR - Andretti) - a 38s846
Não completaram:
- Sacha Fenestraz (FRA - Nissan)
- Max Günther (ALE - Maserati)
- Edoardo Mortara (SUI - Maserati)
- Pascal Wehrlein (ALE - Porsche)
Não largaram:
- Lucas di Grassi (BRA - Mahindra)
- Oliver Rowland (GBR - Mahindra)
- Kelvin Van der Linde (AFS - ABT)
- Nico Müller (SUI - ABT)
- Sam Bird (GBR - Jaguar)
*O repórter viajou a convite da ABB FIA Formula E World Championship.