Os pilotos da Fórmula 1 já estão de férias. Mas as equipes precisaram trabalhar nesta semana em meio a uma polêmica fora das pistas. Uma acusação sobre Toto Wolff, chefe da Mercedes, causou rebuliço entre os times e, de quebra, gerou uma crise entre a F-1 e a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), algo que não acontecia há mais de uma década.
A confusão começou na terça-feira, quando a FIA emitiu comunicado anunciado que estava investigando suposto caso de vazamento de informações privilegiadas do departamento comercial para um dirigente de equipe da F-1. O comunicado do departamento de compliance da federação não citava nomes, mas a imprensa europeia logo apontou Wolff como o principal suspeito de ser o investigado pela FIA.
Além de ser dirigente de equipe, no comando da Mercedes, Wolff é casado com Susie Wolff, que atualmente comanda a F-1 Academy, categoria totalmente voltada para mulheres e que acompanha parte do circuito da F-1. Susie se reporta diretamente a Stefano Domenicali, chefão da Fórmula 1 e teria sido a pessoa responsável por vazar informações na investigação da FIA.
A reação veio forte nesta quarta. A começar pelas equipes, que se uniram para emitir comunicado em conjunto em defesa de Wolff. “Podemos confirmar que a McLaren Racing não fez nenhuma reclamação à FIA relacionada à alegada informação de natureza confidencial que teria sido transmitida entre um chefe de equipe da F-1 e um membro da equipe da FOM (entidade que gere a F-1)”, publicaram as escuderias.
“Estamos satisfeitos e orgulhosos de apoiar a F-1 Academy e sua diretora geral através de nosso compromisso de patrocínio de uma das equipes, que terão nossa pintura no carro na próxima temporada”, completaram. Comunicado idêntico foi emitido por todas as equipes, incluindo a Red Bull, maior rival da Mercedes nos últimos anos.
Em outro comunicado, a Mercedes defendeu seu atual chefe. “O time não recebeu nenhuma comunicação do Departamento de Compliance da FIA sobre este assunto e foi altamente surpreendido ao ter ciência deste assunto através de comunicado direcionado à imprensa”, criticou a equipe alemã, que rejeitou qualquer acusação contra Toto Wolff.
Susie Wolff, por sua vez, sugeriu uma ação machista por parte da cúpula da FIA. “É desanimador que a minha integridade seja colocada em dúvida desta forma, especialmente quando parece estar enraizada num comportamento intimidatório e misógino, e centrada no meu estado civil e não nas minhas capacidades”, afirmou. “Ao longo da minha carreira no automobilismo, encontrei e superei inúmeros obstáculos e me recuso a permitir que essas alegações infundadas ofusquem minha dedicação e paixão pela F-1 Academy.”
A acusação fez até a Liberty Media, dona dos direitos da F-1, se manifestar, em oposição direta à FIA, atualmente presidida por Mohammed bin Sulayem, que foi alvo de outras acusações de sexismo nos últimos meses - o dirigente negou todas as denúncias.
O grupo americano afirmou ter “confiança total de que as alegações estão erradas”. E disse que “nenhum membro do nosso estafe fez qualquer revelação desautorizada a algum chefe de equipe”. Por fim, a Liberty Media disse se conduzir sob “processos e procedimentos robustos” que garantem a separação das informações.
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