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Fórmula 1: como Espanha se prepara para GP imprevisível, com 4 equipes no páreo

Lando Norris tirou a McLaren de um jejum que já durava mais de 1.000 dias e vai sair de uma pole das mais sintomáticas da temporada 2024

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Por Evelyn Guimarães/GRANDE PRÊMIO

Enfim, um teste puro para o atual cenário da Fórmula 1. Sem caos ou intempéries, a disputa das posições de largada do GP da Espanha confirmou algo que vem se desenhando há pelo menos 2 meses: as rivais colaram mesmo na Red Bull e agora há, de fato, uma briga mais parelha — são 4 equipes diferentes na pole em corridas seguidas pela primeira vez em 12 anos no Mundial. É claro que Max Verstappen destoa e faz a diferença para os taurinos, mas também é igualmente verdade que a concorrência se fortaleceu.

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Neste sábado, 22, o tricampeão parecia ter encontrado um caminho seguro para mais uma conquista, mas, nos instantes derradeiros, acabou surpreendido por Lando Norris, que arriscou na parte final do circuito catalão e lhe tomou a posição de honra por meros 0s020. Isso por si já abriria a chance de um confronto duro, mas é importante dizer: Barcelona ensaia uma batalha múltipla.

Por ser uma pista amplamente conhecida de todos e sem grandes particularidades — quer dizer, o circuito espanhol oferece de tudo um pouco: curvas de alta velocidade, retão, trechos sinuosos e freadas fortes —, ajuda a entender melhor a hierarquia e a força de cada oponente. E neste caso, a McLaren também ratificou algo que há semanas ensaia: o revisado MCL38 é capaz de entregar performance em todo lugar. Foi exatamente o aconteceu na decisão do grid. Norris conduziu os ajustes necessários e apostou tudo entre as curvas 9 e 14 para ganhar terreno. O equilíbrio do carro laranja proporcionou o risco muito bem utilizado pelo piloto.

“Nesses trechos, senti que o carro estava no limite, não tive muita confiança antes, mas depois do Q2, vi que estava perdendo 0s2 para Max justamente nas duas curvas onde não me sentia confortável. Então, disse a mim mesmo que tentaria, e foi exatamente isso que fiz”, afirmou Lando.

Enquanto isso, a Red Bull trabalhou muito ao longo da classificação, porque também enfrentou seus dilemas, sobretudo no setor 2 do traçado catalão. Quando finalmente achou uma configuração mais apropriada, entre o TL3 e o Q2, Verstappen elevou o sarrafo. Já na primeira tentativa do Q3, o neerlandês colocou 0s3 em cima dos rivais e pareceu ali que a coisa havia sido definida. Max ainda voltou mais uma vez para consolidar a pole e o fez, mas Norris já tinha preparado o bote. Mesmo assim, o líder do campeonato deixou o carro sem grandes lamentações. O atualizado RB20 ainda guarda performance.

Lando Norris, Max Verstappen e Lewis Hamilton largarão no pelotão da frente no GP da Espanha Foto: Thomas Coex/AFP

“As diferenças estão muito pequenas — igualamos o tempo da pole em Montreal e agora perdemos por 0s02 aqui. Mas foi um ótimo desempenho de Max e da equipe”, disse o chefe da Red Bull, Christian Horner, que também lembrou as possibilidades que a reta dos boxes proporciona. “É um dos trajetos mais longos do ano até a curva 1, então estar em segundo não é necessariamente uma desvantagem aqui.”

Sem dúvida, a largada será um ponto ainda fundamental, porque se transforma também em uma vantagem estratégica. Mas há outros elementos na equação. A segunda e a terceira filas acabaram nas mãos de Mercedes e Ferrari. Para se ter uma ideia do equilíbrio, os quatro carros ficaram separados por 0s035 — vale destacar que um danado Pierre Gasly ainda colocou a Alpine em sétimo, apenas 0s156 atrás do heptacampeão. Um assombro. A equipe alemã comprovou também a evolução de seu W15 ao entregar um carro azeitado a Lewis Hamilton (3º) e George Russell (4º). O desempenho em curvas de alta velocidade surpreende e é um dos pontos fortes neste momento. É um início promissor e muito mais contundente do que há duas semanas, quando Russell cravou a pole no Canadá.

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A pole, apenas a segunda da carreira, agora coloca o piloto em posição de favorito, ainda que a longa reta até a curva 1 seja ingrata. “Estou feliz por estar na pole e tenho certeza de que, seja em primeiro ou segundo amanhã na saída da curva 1, será uma luta até o final da corrida.”

A Ferrari surgiu logo atrás dos carros prateados. Foi uma decepção, porque os italianos mostraram mais ao longo dos treinos. Existia realmente uma expectativa de uma briga mais acirrada pela pole. Carlos Sainz chegou a liderar o TL3 e não foi capaz de reproduzir o ritmo à tarde, já Charles Leclerc errou durante o Q3 e perdeu a chance de superar ao menos Hamilton e Russell. Ainda assim, a equipe de Frédéric Vasseur tem uma carta importante na manga.

“Temos um jogo novo de pneus, temos ritmo, podemos alcançar os primeiros, pelo menos tentar ultrapassar os dois Mercedes e lutar pelo pódio. Ser terceiro e quarto dá mais pontos do que aqueles que terminam em primeiro e décimo. A pista fria é uma vantagem? Acho que estaríamos em condições melhores. No início da classificação, com a pista um pouco mais fria, estávamos mais rápidos, acho que a corrida será nessa direção”, falou o dirigente francês.

De fato, a estratégia como um todo vai desempenhar um papel crucial em Barcelona. Porque também não há, ao menos por ora, uma diferença grande em termos de ritmo de corrida entre as equipes ponteiras, embora seja verdade que McLaren e Red Bull tenham, de fato, uma performance ligeiramente melhor e muito semelhante, da mesma maneira que a Ferrari está um pouquinho à frente da Mercedes neste quesito. Será também uma questão de cuidado com os pneus, a depender ainda do clima e da abrasividade da pista.

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A previsão é que o domingo na região de Montmeló seja de tempo nublado e temperaturas mais amenas — até menores do que as registradas neste sábado. Então, é uma boa notícia para quem precisa cuidar mais dos compostos. Existe também uma chance de chuva, especialmente para o começo da manhã, o que muda a condição do piso. De toda a forma, será uma corrida em que todo cuidado é pouco. “Quanto ao uso dos pneus na corrida, é preciso ter em mente a queda considerável das temperaturas que vimos hoje, especialmente na superfície da pista, que estava cerca de 10ºC mais fria do que ontem à tarde. Embora esta queda não tenha tido qualquer efeito significativo durante uma volta rápida, poderá ser um fator importante para a prova, a menos que exista uma chance real de chuva”, explicou Mario Isola, o chefão da Pirelli.

“No seco, isso significa que os compostos médios e macios oferecem o melhor ritmo. No papel, a estratégia mais rápida envolve o uso de dois conjuntos de C3 e um de C2. Podemos descartar uma tática de uma parada porque é muito lenta, mas a ideia de uma corrida de quatro fases e três paradas não é tão absurda, sendo apenas alguns segundos mais lenta do que uma corrida de dois pits. A forma como os pilotos gerem o desempenho dos pneus em cada trecho também será muito importante”, emendou o italiano.

É nesse ponto que há um último elemento de imprevisibilidade. As equipes da ponta estão em diferentes condições em termos de jogos de pneus. A Ferrari, por exemplo, guardou um set de macios novos e deve usá-los já de cara, para tentar surpreender a Mercedes, que não tem mais vermelhos novos. Ou seja, há ingredientes suficientes para uma nova prova cheia de variáveis.

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