O GP de São Paulo de Fórmula 1, que acontece neste fim de semana, em Interlagos, movimentará, de acordo com estimativa da Prefeitura da capital paulista, cerca de R$ 1 bilhão, ativando principalmente os setores de turismo e negócios. Assim como outros esportes, a categoria máxima do automobilismo mundial também está incluída nas plataformas de apostas ao redor do mundo.
No Brasil, as apostas esportivas ganharam muita participação nos últimos anos. Engana-se, porém, quem entende que o futebol é o único foco de atenção dos apostadores. A Fórmula 1 ingressou na lista das cinco modalidades com maior volume de apostas no País.
“Embora o público brasileiro ame futebol e concentre uma enorme quantidade de apostas nesse esporte, a Fórmula 1 tem um público muito fiel e isso é observável nas apostas, especialmente quando se leva em consideração que acontecem muito menos eventos da modalidade em uma temporada que, por exemplo, jogos de basquete, futebol ou vôlei. E mesmo com o fato de já termos a definição do piloto campeão diminuir potencialmente o interesse do público no evento, a prova brasileira aumenta a importância da corrida para o público local”, explica Ricardo Bianco Rosada, CMO do galera.bet.
A Fórmula 1 completará 22 Grandes Prêmios em 2022. O número de eventos é pequeno se comparado com outros esportes. Um único time de futebol no Brasil realiza cerca de 70 partidas em um ano. Por esse motivo, a Fórmula 1 fica atrás de modalidades como futebol, vôlei, basquete e tênis, mas dá um salto nas datas de realização do Grande Prêmio de São Paulo.
“A mídia em cima do GP de São Paulo é muito impactante e leva os apostadores a procurarem muito mais a modalidade. Consultando dados retroativos a 2021, identificamos que a prova no Brasil teve uma procura 100% maior do que qualquer outro GP da temporada passada. E o que constatamos e pode ser frisado é que a Fórmula 1 tem interesse crescente entre os apostadores brasileiros, mantendo uma média de mais de 10% de acréscimo mensal (sempre em comparação ao mês anterior)”, revela Daniel Trajano, diretor comercial da Esportes da Sorte.
NOVAS FONTES
Apesar deste crescimento no volume de apostas para esse ano, os executivos deixaram claro que não é possível constatar se a famosa série Drive to Survive, do Netflix, tem contribuído para isso no Brasil. “Não conseguimos estabelecer essa relação entre a série e o aumento das apostas, pois vários outros fatores, entre 2018 e o ano presente, 2022, podem ter contribuído para esse aumento”, aponta Daniel Trajano.
“No Brasil, é difícil fazer essa constatação porque, além de ser um mercado muito jovem em relação a apostas esportivas, trata-se de um público que, há décadas, acompanha fielmente a Fórmula 1. O que se percebe no exterior, contudo, é um aumento relativo do interesse pela modalidade após o seriado. Em alguns países, como Inglaterra e Estados Unidos, o esporte ganhou novos fãs - e, portanto, novos jogadores - após o seriado”, complementa Ricardo Bianco Rosada.
No começo de 2021, no último levantamento feito pela plataforma Betway Insider, apontou-se que a audiência da Fórmula 1 cresceu mais de 58% apenas nos Estados Unidos, atingindo mais de 1 bilhão de espectadores. Já um dado da Nielsen mostra que mais e 360 mil pessoas que não assistiram às corridas do fim da última temporada acompanharam as disputas neste ano depois de verem a série Drive To Survive.
“O interesse das pessoas pela Fórmula 1 não está aumentando por acaso, mas sim por um trabalho de divulgação cada vez mais digital feito pela Liberty Media. Um dos maiores sucessos é justamente pela série Drive to Survive. O objetivo do programa é dar um olhar diferente para a categoria”, explica Bruno Maia, sócio da Feel The Match e diretor de conteúdos audiovisuais esportivos.
A renovação de público é fundamental para a sobrevivência de qualquer produto. Com o esporte, não é diferente. Na Fórmula 1, os conteúdos feitos com pilotos e bastidores de provas e equipes servem para aproximar o público da realidade da categoria.
“A Fórmula 1 sempre teve um olhar diferente do público que o assiste, e o mesmo sem um piloto brasileiro titular ou de renome como tivemos por muitos anos, passando de geração para geração, esse DNA está fortemente inserido em nosso país, e por isso a movimentação milionário em diversos setores da nossa economia é tão expressiva”, afirma Renê Salviano, CEO da agência de marketing HeatMap.
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