Grande surpresa da sexta-feira, Kevin Magnussen avisa que não está satisfeito com a pole position que conquistou no primeiro dia do GP de São Paulo de Fórmula 1. O piloto dinamarquês quer continuar brilhando no Autódromo de Interlagos, desta vez na corrida sprint, às 16h30 deste sábado, em busca do primeiro lugar no grid da corrida de domingo.
“Eu sou um piloto, estou na pole position. Claro que vamos para o máximo atasque. Vamos tentar algo divertido”, projetou o piloto da Haas, ao descartar se contentar com o feito desta sexta. No treino classificatório, que define o grid para a corrida sprint, ele aproveitou a ajuda da chuva e da batida de George Russell, da Mercedes, para faturar a primeira pole de sua carreira e da história da Haas.
Magnussen é apenas o 13º colocado do campeonato, enquanto o seu time é o oitavo colocado entre 10 equipes no Mundial de Construtores - foi o último no ano passado. O dinamarquês nunca venceu uma corrida ou havia largado na frente em oito temporadas na F-1. Por tudo isso, até o próprio piloto teve dificuldade de acreditar no triunfo conquistado nesta sexta.
A primeira pole da carreira na categoria teve sabor de redenção para Magnussen. O piloto de 30 anos chegou à F-1 em 2014 cercado de elogios e expectativas. O fato de ter obtido um pódio, com o segundo lugar, logo em seu primeiro GP no campeonato, em março de 2014, só contribuiu para a altivez do dinamarquês.
“Eu cheguei na F-1 como um garotinho arrogante, pensando que era o rei do mundo. E aí, eu sofri com várias lições depois disso, que me mostraram como esse realmente é difícil. E agora eu estou na pole position. Então, eu só tenho que curtir este momento”, declarou.
Magnussen concluiu sua primeira temporada na F-1, correndo pela McLaren, no modesto 11º lugar geral. No ano seguinte, em 2015, sofreu sua primeira decepção ao perder seu posto de titular na equipe britânica. Em 2016, ganhou nova chance no campeonato, pela Renault. Foi apenas o 16º colocado. Na temporada que se seguiu, iniciou sua primeira passagem pela Haas.
Novamente, esteve longe de brilhar. Foi o 14º geral. Em 2018, melhorou a performance e terminou em 9º, sua melhor posição até agora no campeonato. Porém, dois anos depois, ficou em 20º e último lugar. Acabou se despedindo mais uma vez da F-1.
AJUDA DA RÚSSIA
A terceira chance do dinamarquês na principal categoria do automobilismo mundial contou com uma ajuda inesperada. Da Rússia. A invasão russa à Ucrânia em fevereiro acabou reverberando com força no mundo da F-1. A ponto de a Haas se ver em situação de dispensar um dos seus pilotos, o russo Nikita Mazepin, e seu patrocinador master, cuja empresa pertence justamente ao atleta da Rússia.
A vaga aberta de forma surpreendente permitiu o retorno de Magnussen, um dos pilotos mais experientes que estava “livre no mercado”. O dinamarquês acabou levando a melhor sobre o brasileiro Pietro Fittipaldi, que é piloto reserva do time e chegou a sonhar com esta vaga no início deste ano.
MAIS CHUVA
O sábado em Interlagos deve ter mais pista molhada e emoções no segundo treino livre, às 12h30, e na corrida sprint, às 16h30. Na sexta, o tempo instável já causou seguidos erros dos pilotos, como o cometido por Russell, da Mercedes, que parou na caixa de brita e decretou a bandeira vermelha na segunda sessão do dia.
Bicampeão da F-1 por antecipação, Max Verstappen também garantiu estar animado para a minicorrida deste sábado, de 25 voltas e valendo oito pontos ao vencedor. “Nossa posição para a largada (da corrida sprint) está boa. Estamos na primeira fila, que é o mais importante”, afirmou o holandês.
Mesmo com os dois títulos garantidos (a Red Bull já confirmou o primeiro lugar no Mundial de Construtores), ele prometeu competitividade em Interlagos. “Eu sempre tento me divertir, mas a abordagem é a mesma. Vamos ver o quão competitivos seremos amanhã neste tempo instável. É isso que torna Interlagos sempre especial.”
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