Fórmula 1: Red Bull tenta retorno à normalidade no Japão, mas Ferrari está melhor do que parece

Escuderia austríaca liderou os caminhos, mas a diferença para os adversários não foi tão grande quanto se imaginava

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Por Evelyn Guimarães/GRANDE PRÊMIO

A Fórmula 1 viveu uma estranha sexta-feira em que o primeiro treino livre teve mais peso que a sessão complementar, e isso se deveu à instabilidade do tempo no Japão, palco da quarta etapa da temporada neste fim de semana. Ainda que a chuva que atingiu o circuito de Suzuka durante o intervalo das duas sessões do dia não tenha causado grande impacto, a garoa que veio logo depois do início do TL2 ajudou a embaralhar as atividades e a tornar mais difícil a análise mais precisa da ordem de forças do grid. De toda a forma, ainda é possível tirar algumas conclusões do que se viu na primeira hora de trabalho na icônica pista nipônica, uma vez que o treino acabou nas mãos de Max Verstappen e da Red Bull.

A equipe taurina tenta neste fim de semana voltar à normalidade, depois de um GP da Austrália desastroso, marcado pela quebra e abandono de Verstappen. E nada melhor que retomar o caminho da vitória em um traçado que casa muito bem com o RB20, que gosta de curvas rápidas e alta velocidade, bem como a exigência em termos de comportamento dos pneus. Portanto, não é uma surpresa notar a liderança de Max em um seco TL1, em que ainda puxou a dobradinha na tabela de tempos com Sergio Pérez. A diferença entre eles ficou em 0s181.

Max Verstappen acelera no circuito de Suzuka durante os treinos livres para o GP do Japão. Foto: Hiro Komae/AP

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Ainda, a Red Bull levou para o Japão uma série de mudanças no carro para ampliar a performance pelas nervosas curvas do circuito da Honda, além de afastar qualquer ameaça no que diz respeito à confiabilidade, especialmente dos freios — falha que tirou o tricampeão de combate em Melbourne. Entre as principais novidades, estão um design inovador do sistema de refrigeração, também promoveu mudanças nas entradas de ar e no assoalho, além de reduzir os dutos de entrada e saída dos freios dianteiros.

De início, dá para dizer que tudo funcionou muito bem. Porém, é claro que o sábado será mais representativo, uma vez que a dupla de pilotos sequer foi à pista no TL2, por conta do piso molhado durante boa parte dos 60 minutos de atividades. Só que, apesar dos avanços, a performance taurina não se mostrou tão acachapante quanto a apresentada no início deste ano e mesmo na comparação com 2023 — Verstappen dominou amplamente o fim de semana japonês no ano passado, curiosamente também vindo de uma derrota na corrida anterior.

O tricampeão reconheceu que a diferença agora é bem menor. “Tivemos um bom começo. O equilíbrio geral do carro foi imediatamente bom, o que é sempre uma excelente notícia no início de um fim de semana de corrida. Há algumas coisas que quero analisar junto com os engenheiros, mas repito, estou bastante satisfeito, também por ser uma boa pista para nós.”

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“Todos parecem um pouco mais próximos em comparação com o ano passado”, completou Max, falando também sobre a distância para os rivais.

De fato, a Ferrari ficou a 0s2 do piloto número 1 da Red Bull. Carlos Sainz foi responsável pelo melhor desempenho dos vermelhos. O ritmo do espanhol chama a atenção porque Suzuka não é particularmente um traçado que se adapta à SF-24. No entanto, as mudanças conduzidas pela equipe de Frédéric Vasseur também surtiram o efeito esperado. O time tem uma nova suspensão traseira e também trabalhou muito para ganhar performance nas curvas velozes. Nos trechos de média velocidade e em reta, a escuderia ganhou pontos importantes.

E ainda que Charles Leclerc tenha ficado mais atrás, é dele os dados iniciais do ritmo de corrida. O monegasco imprimiu um desempenho consistente, especialmente quando andou com os pneus mais duros. A atuação foi destacada também pela Red Bull. “O long run da Ferrari foi muito impressionante: Leclerc foi 1s mais rápido”, reconheceu Helmut Marko, que adicionou: “Se usarem menos combustível no carro, o que a Ferrari gosta de fazer, eles estarão perto de nós”.

A chefia dos italianos agiu com mais cautela, mas também não descarta uma aproximação maior do que se espera. “Não é um fim de semana fácil, mas até agora está caminhando bem. Fomos bastante bem em simulações de classificação e consistentes nas de corrida”, afirmou Vasseur.

“Amanhã, depois do último treino livre, quando todos tiverem feito simulações de corrida, teremos um panorama mais claro”, acrescentou o francês.

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Quem busca também uma resposta é a Mercedes. Lewis Hamilton terminou a sexta-feira dizendo que foi o “melhor TL1″ do ano. O inglês obteve o quinto tempo no TL1, logo atrás do companheiro George Russell. E apesar dos 0s5 para Verstappen, o heptacampeão entende que os alemães estão no caminho certo e pediu que os engenheiros não mudem a rota. “Foi um TL1 excelente para nós, o melhor que tivemos no ano, a melhor sensação que tive com o W15. Temos uma base melhor para começar os trabalhos e, se não mudarmos muitas coisas e não bagunçarmos tudo, podemos seguir fortes. Não tivemos grandes novidades, mas estamos em melhores condições”, disse.

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Diretor de engenharia da Mercedes, Andrew Shovlin compartilhou a opinião do piloto do carro 44 e entende que um dos segredos é colocar os pneus na janela correta de temperatura. Curiosamente, o clima mais frio no Japão também teve peso no rendimento do W15. “É encorajador que os pilotos estejam mais satisfeitos com a sensação do carro. Os dados também sugerem que colocamos os pneus em uma janela melhor. E para amanhã, ainda há muito mais oportunidade para andarmos”, apontou o engenheiro.

Por fim, é importante também mencionar a McLaren. Oscar Piastri liderou o esvaziado treino livre 2. O australiano saiu já no fim, quando a pista secou por completo, para cravar o melhor tempo. Há enorme expectativa na equipe laranja porque esse traçado se adapta muito bem às necessidades do MCL60, que também aprecia curvas de alta velocidade. “O tempo limitado dos treinos deixa algumas incógnitas em termos de configuração e também, até certo ponto, do comportamento dos pneus durante o resto do fim de semana. No entanto, isso é o mesmo para todos e também pode apresentar uma oportunidade”, analisou o chefe Andrea Stella.

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