A primeira temporada completa de Gianluca Petecof na Stock Car mostra o futuro promissor do piloto na categoria. Sétimo colocado e a 15 pontos do top-3, o piloto de 20 anos tem o melhor desempenho entre estreantes nos últimos 15 anos. Depois de carreira na Europa em monopostos, Petecof confessa ter recuperado a vontade de competir na modalidade brasileira e não considera pleitear vaga na Fórmula 1.
Faltam três etapas para o fim da temporada. O piloto da Full Time não teve um bom começo. Nas duas primeiras etapas, em quatro corridas, ele pontuou somente em uma delas. A reação, porém, foi veloz. Petecof é o maior pontuador das últimas cinco etapas da Stock Car. Ele fez 169 pontos de 280 possíveis, um aproveitamento de 60,4%. Foi neste intervalo que o piloto subiu da 23ª para a sétima posição na tabela. Antes dele, o desempenho de melhor estreante era o de Átila Abreu, que, em 2008, estava em sexto, na mesma altura do campeonato.
Para o piloto do carro 101, a superação fez com que os resultados que vieram depois fossem mais celebrados. “É uma mudança grande vindo de uma carreira de monopostos na Europa, como futebol de salão e de campo. É um carro com o qual você tem de ter mais paciência. Os resultados são mais saborosos por essa barreira que tivemos de quebrar. Espero alcançar essa primeira vitória na temporada. Está muito perto, mas, mais do que tudo, manter essa consistência que a gente vem tendo”, relatou ao Estadão Esporte Clube.
Em nove etapas, Petecof já avançou duas vezes ao Q3, a última parte do treino classificatório. E ficou a nove milésimos da pole position em Buenos Aires. Nas corridas, já conseguiu três pódios: um segundo lugar no Velocitta e dois terceiros, um no Velopark e outro na Argentina. Todos foram na corrida 1, provas nas quais obter resultados é tido como mais difícil, já que o grid é definido na classificação, enquanto na segunda prova, a ordem de largada vem pela inversão do top 10 da corrida 1.
É para o palco do primeiro pódio que o piloto retorna neste fim de semana para a décima etapa. Em agosto, ele ficou atrás do experiente Ricardo Zonta, da RCM. A disputa com os “cascudos” também foi importante na temporada, na avaliação de Petecof: “É um fator com o qual tive de me acostumar. Sempre tive companheiros de equipe da minha idade, no mesmo momento de carreira que eu. Pilotos jovens, ainda almejando chegar a algum lugar. Na Stock Car, eu me deparo com pilotos já consagrado, veteranos. Caras que eu cresci assistindo na TV. Essa dinâmica muda. Foi uma grande oportunidade”.
Sem pressão pela F-1 e foco total na Stock Car
Quando mais jovem, Petecof foi visto como prodígio e potencial representante do Brasil na Fórmula 1. Hoje, porém, o jovem tem objetivo definido: focar na Stock Car e ser campeão em breve. Em paralelo, os campeonatos de longa duração nos Estados Unidos e na Europa, a exemplo de outros pilotos da Stock Car, como Felipe Fraga e Daniel Serra, também são alvos.
“Tive alguns bons anos, me orgulho de tudo que fiz na Europa. Em três anos, consegui conquistar aqueles 40 pontos da superlicença da F-1, algo que muitos pilotos almejam e às vezes demoram até sete anos para conseguir. Ao mesmo tempo, me encontrei na Stock Car. É uma categoria em que recuperei a paixão de competir. Meu objetivo é ser campeão um dia”, projeta.
Me encontrei na Stock Car. É uma categoria em que recuperei a paixão de competir. Meu objetivo é ser campeão um dia
Gianluca Petecof, melhor estreante da Stock Car em 15 anos
Petecof chegou a integrar a Academia da Ferrari. Em 2020, o brasileiro foi campeão da Fórmula Regional Europeia. Com a pandemia da covid, porém, o projeto da patrocinadora Shell com o jovem não seguiu no Velho Continente. No próximo ano, ele até disputou duas etapas na Fórmula 2, mas não continuou. “Nao olho para trás com mágoa. Todo mundo sabe que o automobilismo é um esporte caro, que você precisa de investimento. No meu caso, nunca foi familiar, mas por patrocinadores”, conta, enquanto vê o lado positivo da mudança: “Isso me ajudou a enxergar o objetivo final da minha carreira, que é me tornar um piloto profissinoal. Mesmo não sendo na F-1, agora tenho essa baita oportunidade na Stock Car”.
Ainda de longe, Petecof torce e acompanha outros pilotos brasileiros com quem conviveu na Europa, como Felipe Drugovich, Enzo e Pietro Fittipaldi e Gabriel Bortoleto “São todos grandes amigos. São caras que têm total potencial de chegar à F-1 e andar bem lá. Acredito que eles merecem pelos resultados de pista, não por uma questão política ou puramente financeira, por mais que isso seja o natural no automobilismo”.
Fora das pistas, música eletrônica e esportes americanos
O jovem piloto não é daqueles que sai da corrida e já vai para o simulador. Ele revela que não tem sequer equipamento em casa e que “conhece nada” sobre carros de rua. Entre provas e treinos, o tempo livre é dedicado a hobbies específicos. Petecof é DJ de música eletrônica. Ele cultiva um destaque em seu perfil Instagram somente dedicado à música. Além disso, dos Estados Unidos, vêm ídolos do esporte. “Sou fã roxo do Lakers e de basquete no geral. O Pittsburgh Steelers, na NFL, também acompanho muito. Tenho grandes idolos no basquete, como Michael Jordan, Kobe Bryant e LeBron James”.
Stock Car em Velocitta
A programação da Stock Car no Velocitta será aberta nesta sexta-feira com o primeiro treino livre, e continua no sábado, com mais um ensaio e a classificação. As corridas estão marcadas para o domingo, a partir do meio-dia. Band, SporTV, e o canal da categoria no YouTube transmitem a rodada dupla ao vivo.
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